A carteira de habilitação para surdos é um direito de acordo com a resolução 168 do Conselho Nacional de Trânsito. A novidade já existe desde 2013 e o número de emissões tem crescido constantemente.
O fundamental para dirigir é ter uma boa visão, habilidade prática e responsabilidade no trânsito, atributos esses que estão acessíveis aos portadores de surdez.
Tanto é assim que muitos condutores ouvintes tem o costume de dirigir com as janelas fechadas e com o som em alto volume. Ora, nestas condições os ruídos externos ficam praticamente eliminados.
Antes de 2013 parecia impossível um surdo conseguir tirar CNH, mas a partir de então o Detran de São Paulo liberou a emissão e o crescimento até 2018 teve um aumento de 38,5%.
Todas as unidades do Detran em São Paulo já tem disponível o serviço para surdos, que inclui se for preciso prova adaptada. O resultado desta iniciativa foi o total de 26.778 CNHs emitidas do ano 2013 até 2018.
Em via de regra, o processo de habilitação é idêntico a todos os candidatos: exames psicológico e médico, CFC, aulas de direção, provas teórica e prática.
Caberá ao médico decidir se o candidato terá a necessidade do auxílio de aparelhos ou prótese auditiva.
Para a prova teórica de habilitação existe o apoio do Programa de Atenção à Acessibilidade do Detran de São Paulo e para a prática se pode requerer uma prova adaptada com intérprete.
Durante a execução das questões, os candidatos podem utilizar a mediação online de um profissional em Libras.
Através da plataforma online do Detran os cidadãos surdos tem acesso a um tutorial em Libras, explicando cada etapa do processo de CNH, bem como o funcionamento da solicitação do auxílio da intérprete para a prova adaptada.
Embora a surdez prejudique a atenção auditiva do trânsito, os motoristas surdos acabam desenvolvendo uma vigilância maior na direção, o que está sendo reconhecida pelo menor índice de suspensão de CNH.
Em realidade, como os surdos costuma fazer um planejamento do itinerário, medindo os riscos, sua atitude preventiva é superior aos motoristas sem deficiências.
É importante que o condutor cego verifique se sua carteira de habilitação teve a inclusão da letra B, pois em caso de acidente ela será a prova de sua deficiência.
Os surdos também devem identificar seus veículos com o símbolo internacional da surdez no vidro traseiro para os outros condutores respeitarem sua deficiência, bem como podem colocar no vidro dianteiro para alertar as autoridades.
Infelizmente, muitos desconhecem esse símbolo e não entendem que diante de um condutor surdo se deve emitir sinais de luz e não com a buzina.
A novidade está sendo muito bem recebida pelo público com surdez, pois, além de permitir se locomover com rapidez, está sendo uma nova oportunidade de arranjar emprego.
Também é um excelente meio de favorecer a independência dos portadores de surdes, em vez de terem que ficar dependendo de algum familiar ou amigo para se locomover com veículo.
Mas existem ainda muitos preconceitos a superar, como melhores condições e estruturas, mais divulgação de informação e incentivo a vencer o medo natural de ser reprovado.