Falta de Haddad em reunião com Lula gera questionamentos na Petrobras

Em meio a debates sobre combustíveis, a ausência de Haddad em uma reunião de Lula com ministros e a presidente da Petrobras levantou dúvidas nos bastidores. Executivos questionam a prioridade política sobre impactos econômicos, enquanto defasagens nos preços e ajustes futuros dominam o cenário.
Publicado por Alan Corrêa em Notícias dia 27/01/2025

A ausência do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em uma reunião realizada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil), e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, levantou questionamentos entre executivos da estatal.

A ausência de Haddad foi interpretada como um indicativo de que o encontro teve um foco predominantemente político, deixando de lado potenciais implicações econômicas. Para os executivos, o principal temor do presidente Lula está relacionado ao impacto inflacionário de decisões sobre a Petrobras, o que poderia causar desgaste em sua popularidade.

A pauta principal da reunião, segundo apurações, foi a política de preços dos combustíveis. Essa estratégia tem gerado polêmica, especialmente em um contexto de desvalorização do real frente ao dólar desde novembro do ano passado.

Impactos econômicos da política de preços

A política de preços da Petrobras vem sendo debatida internamente e entre especialistas do setor. Atualmente, a gasolina apresenta uma defasagem de 14% em relação ao preço de paridade internacional, enquanto o diesel registra uma defasagem de 27%. Caso ocorra um reajuste no preço do diesel, o impacto será de R$ 0,94 por litro, de acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

A Petrobras não reajusta os preços do diesel há mais de um ano, e a última alteração no preço da gasolina foi em julho de 2024. Essa defasagem tem consequências diretas para o mercado, com a perda de competitividade de empresas privadas que atuam na importação de combustíveis, o que, segundo fontes, pode criar uma ilusão de aumento da participação de mercado da estatal.

Executivos da Petrobras também alertaram para os riscos de manter uma política que ignora as oscilações do mercado internacional, especialmente considerando a dependência do Brasil de transações em dólar para a importação de petróleo e seus derivados.

Próximos passos no Conselho de Administração

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, levará os números de gestão ao Conselho de Administração na próxima quarta-feira, 29 de janeiro. Entre os pontos que serão discutidos estão a possibilidade de reajustes nos preços dos combustíveis e a sustentabilidade da política de preços adotada até o momento.

Além disso, os conselheiros irão avaliar os impactos financeiros e operacionais da contenção de preços na competitividade do setor. A reunião é vista como um marco para definir os rumos da estatal diante de pressões internas e externas.

O encontro também será uma oportunidade para alinhar as estratégias da Petrobras com as diretrizes do governo federal, que tem enfrentado críticas pela maneira como lida com as políticas de preços de combustíveis. As decisões tomadas nessa reunião podem influenciar significativamente o mercado e a economia nacional.

Desafios econômicos e políticos

Desde o início do atual governo, a política de preços da Petrobras tem sido um tema sensível, especialmente devido aos efeitos inflacionários. O cenário é agravado pela desvalorização do real frente ao dólar, que impacta diretamente o custo de importação de combustíveis.

Especialistas destacam que o equilíbrio entre estabilidade de preços e competitividade no mercado interno é um dos maiores desafios para o governo e a Petrobras. Manter os preços congelados por longos períodos pode gerar prejuízos para a estatal e dificultar o cumprimento de metas financeiras.

Além disso, a pressão política para evitar reajustes em combustíveis pode trazer consequências econômicas a médio e longo prazo, incluindo o enfraquecimento da capacidade de investimento da Petrobras e a redução de sua competitividade no cenário global.

Fonte: CNN e Valor.

Alan Corrêa
Alan Corrêa
Jornalista automotivo (MTB: 0075964/SP) com foco em análises, lançamentos, testes e novidades do setor. Produzo conteúdo especializado e atualizado para o Carro.Blog.Br.