A caminhada do Palmeiras na Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2025 chega a um dos seus momentos mais desafiadores. Nesta sexta-feira, às 22h, em Filadélfia, o Verdão enfrenta o Chelsea por uma vaga na semifinal. O duelo reúne contextos diferentes entre os clubes, mas também evidencia como o futebol sul-americano vem surpreendendo na competição.
Pontos Principais:
O time de Abel Ferreira terá que lidar com baixas importantes na defesa, como as ausências de Gustavo Gómez, Piquerez e Murilo. Mesmo assim, há confiança no elenco e no desempenho coletivo que tem sido destaque desde a fase de grupos, especialmente com os gols decisivos vindos do banco de reservas. A solidez emocional e o fator torcida também entram como elementos estratégicos.
Além disso, o confronto carrega um peso simbólico: é mais do que apenas um jogo. Para o torcedor palmeirense, representa uma chance de reafirmar o protagonismo do clube no cenário internacional. Para Abel, é mais uma prova em sua extensa galeria de decisões desde que chegou ao comando do time.
Se antes era comum duvidar da competitividade dos times brasileiros frente aos europeus, o Mundial de Clubes 2025 vem mudando esse olhar. Botafogo venceu o PSG, Flamengo superou o Chelsea e o Fluminense eliminou a Inter de Milão com autoridade. O próprio Palmeiras já encarou o Porto em empate sem gols, onde foi superior durante boa parte do jogo.
Esses resultados revelam um cenário diferente, onde a diferença entre as escolas sul-americana e europeia parece menos gritante. O futebol brasileiro chega mais preparado, com elencos fortes, planejamento tático e mentalidade competitiva. Isso nivelou a disputa com gigantes do Velho Continente.
O Chelsea, por sua vez, vive um momento de transição. Desde o título da Champions League em 2020/21, o clube inglês passa por reformulações constantes. Já são seis treinadores desde então. Apesar de ter vencido a Conference League recentemente, o status atual é distante daquele clube temido há poucos anos.
Essa instabilidade interna também pode ser explorada pelo Palmeiras. A troca de peças, a pressão sobre jovens talentos e as oscilações táticas podem expor fragilidades que o time brasileiro já provou saber explorar em outras partidas.
Os desfalques do Palmeiras para o duelo são significativos. Sem sua dupla titular de zaga, Abel Ferreira precisou reestruturar o setor defensivo. Gustavo Gómez e Piquerez estão suspensos por acúmulo de cartões, enquanto Murilo segue em recuperação de lesão muscular. A solução, mais uma vez, virá do elenco profundo montado pelo clube.
A força do banco vem se mostrando um dos principais trunfos nesta campanha. Todos os gols marcados até aqui foram feitos por atletas que começaram no banco: Flaco López, Paulinho e Maurício. A estratégia de Abel em reforçar as opções reservas tem surtido efeito prático, especialmente em momentos decisivos.
A comissão técnica insistiu desde o início na construção de um elenco com pelo menos duas peças confiáveis por posição. A diretoria atendeu, trazendo nomes como Vitor Roque e o zagueiro canhoto Micael. O resultado se reflete nos jogos: as substituições têm mudado o rumo das partidas.
Esse padrão se mantém como uma das principais armas do Palmeiras para enfrentar o Chelsea, principalmente em uma partida que tende a ser equilibrada e definida nos detalhes.
A presença da torcida brasileira nos estádios americanos tem sido marcante nesta edição do Mundial. Mesmo com o encarecimento das passagens e da estadia nos Estados Unidos, os palmeirenses têm comparecido em peso, criando um ambiente favorável ao time e um reforço no aspecto mental.
Jogadores e comissão técnica destacam esse apoio como um fator decisivo. Em jogos travados, onde o rendimento físico cai, o grito das arquibancadas serve de incentivo e também de pressão sobre o adversário. A atmosfera gerada pela torcida consegue manter o elenco concentrado e motivado.
Mais do que incentivo, essa conexão emocional entre time e arquibancada virou uma marca registrada. A cada partida, os jogadores têm reforçado esse elo, agradecendo publicamente e reconhecendo a importância do “12º jogador”. Em um cenário neutro como o da Filadélfia, isso pode representar um diferencial frente ao Chelsea.
A festa dos torcedores alviverdes em locais como Orlando e Miami já virou rotina. Para muitos, é a realização de um sonho. Para o elenco, é mais uma camada de responsabilidade, mas também de energia a ser canalizada no campo.
Em sua trajetória no Palmeiras, Abel Ferreira acumulou títulos, finais e sobretudo conhecimento sobre como vencer em situações de pressão. São 14 finais disputadas e 10 títulos conquistados, além de dois Campeonatos Brasileiros e diversos mata-matas superados com autoridade.
O treinador português construiu uma relação simbiótica com o clube e seus atletas. Conhece cada nome do elenco em profundidade, sabe dos limites e das virtudes do grupo. Sua habilidade em montar estratégias específicas para jogos únicos é uma das razões pelas quais o Palmeiras se manteve competitivo em todos os torneios que disputou nos últimos anos.
Mesmo assumindo o papel de azarão no discurso — algo comum em sua retórica —, Abel sabe utilizar isso como ferramenta psicológica. Quando afirma que “o Chelsea comprou nosso melhor jogador”, ele está não só expondo o poder financeiro do rival, mas também reforçando a narrativa de superação que cerca seu elenco.
É esse tipo de postura que fortalece a equipe nos bastidores. A consciência de que o Palmeiras pode, sim, competir e vencer clubes com investimentos bilionários está enraizada no vestiário. E isso, somado à organização tática e ao talento individual, pode fazer a diferença.
O duelo entre Palmeiras e Chelsea promete ser um dos mais equilibrados das quartas de final. De um lado, um time europeu em reconstrução, com grande investimento, mas instável e pressionado. Do outro, um clube brasileiro que alia planejamento, coesão e experiência em jogos grandes.
Mesmo com as ausências na defesa, o Palmeiras mostra ter alternativas. A força do banco, a presença da torcida, a liderança de Abel e o retrospecto recente contra adversários europeus compõem um cenário que permite ao torcedor sonhar.
Caso avance, o Palmeiras enfrentará o vencedor de Fluminense x Al-Hilal na semifinal. Um eventual clássico nacional em solo americano pode reacender a rivalidade em novo patamar. Se for o time saudita, a expectativa é de um confronto aberto, diante de um adversário que já mostrou sua força ao eliminar o Manchester City.
A missão é árdua, mas não impossível. O Palmeiras já mostrou que pode superar dificuldades, vencer no detalhe e se manter firme mesmo quando as circunstâncias são desfavoráveis. O duelo contra o Chelsea será mais uma prova — e talvez, mais um capítulo vitorioso na história recente do clube.
Fonte: Fifa.