Acidentes envolvendo carros antigos e novos costumam gerar comparações sobre a durabilidade de seus veículos. Com frequência, carros mais antigos são vistos como mais resistentes, enquanto os modelos atuais sofrem danos visíveis com mais facilidade. No entanto, esse fenômeno tem explicações ligadas à evolução da segurança veicular.
Nos carros modernos, uma das principais inovações é a célula de sobrevivência. Esse conceito se refere à estrutura reforçada da cabine, onde ficam os ocupantes do veículo. A frente e a traseira dos carros atuais são projetadas para deformar em caso de colisão, absorvendo o impacto e protegendo a integridade da cabine.
Em acidentes envolvendo carros antigos, a estrutura do veículo como um todo funcionava como uma barreira de proteção. Isso significa que não havia áreas projetadas para absorver impactos, o que aumentava o risco de ferimentos graves para os ocupantes. Um exemplo recente de uma colisão entre um Chevrolet Spin moderno e um Opala antigo ilustra bem essa diferença. No acidente, o Opala sofreu poucos danos visíveis, enquanto o Spin teve a frente severamente amassada.
Embora possa parecer que os carros antigos eram mais resistentes, essa “resistência” resultava em maior exposição dos ocupantes a riscos, como ser jogado contra o para-brisa em caso de impacto.
Nos carros modernos, o uso de materiais diversos é essencial para garantir que a energia do impacto seja absorvida corretamente. As áreas da frente e da traseira são feitas de aços maleáveis, que amassam para dissipar a força da colisão. Já as partes em torno da célula de sobrevivência são construídas com materiais mais rígidos, projetados para proteger quem está dentro do veículo.
Essa tecnologia de deformação controlada não existia nos carros antigos, onde toda a estrutura do veículo era rígida. Nos dias atuais, o foco está em preservar a vida dos ocupantes, e não a integridade do veículo.
Os carros modernos seguem uma série de regulamentações que foram implementadas para aumentar a segurança dos ocupantes. No Brasil, já é obrigatório o uso de cintos de segurança de três pontos para todos os passageiros, além de freios ABS e airbags duplos. Muitos modelos ainda contam com airbags laterais e de cortina, que são itens de série ou opcionais.
Esses recursos complementam as estruturas deformáveis dos carros modernos, oferecendo camadas adicionais de proteção. A combinação de tecnologia e regulamentação faz com que os carros de hoje sejam muito mais seguros em comparação aos veículos antigos, apesar da impressão de que amassam mais facilmente em acidentes.
A deformação dos carros modernos é projetada para proteger vidas. O conceito pode parecer estranho à primeira vista, mas é justamente essa capacidade de “amassar” que evita que a energia do impacto seja transferida diretamente aos ocupantes. Em um acidente, é melhor que o carro sofra danos estruturais, desde que isso signifique que a cabine onde estão as pessoas permaneça intacta.
A tecnologia da célula de sobrevivência, associada a materiais que absorvem impactos, tem transformado a maneira como os carros são construídos. O objetivo não é mais a durabilidade externa do veículo, mas sim a segurança das pessoas dentro dele.
A comparação entre carros antigos e modernos em acidentes pode parecer injusta se o foco for apenas nos danos materiais. No entanto, ao analisar as consequências para os ocupantes, fica claro que os veículos de hoje oferecem muito mais proteção. As tecnologias desenvolvidas para absorver impactos e a adoção de regulamentações mais rígidas são fatores que contribuíram para a melhoria da segurança no trânsito.
As estruturas deformáveis dos carros modernos, em conjunto com os sistemas de segurança obrigatórios, fazem dos veículos atuais uma escolha muito mais segura para os condutores e passageiros.