2025 será o ano que os carros elétricos chineses vão dominar as ruas do Brasil?

Os carros elétricos chineses estão se tornando uma realidade no Brasil, com marcas como BYD e GWM liderando a produção local e a chegada de novas fabricantes asiáticas. O mercado busca adaptar-se às demandas tecnológicas e sustentáveis. Denza, Geely, GAC, Wuling e Leapmotor são as novas marcas chinesas com planos de expansão no Brasil, abrangendo desde o mercado de luxo até modelos mais acessíveis.
Publicado por Alan Corrêa em Opinião dia 4/01/2025

Não há mais como ignorar: a invasão dos carros elétricos chineses no Brasil deixou de ser uma previsão distante e se tornou uma realidade palpável em 2025. Este ano marca uma transformação no mercado automotivo nacional, com as montadoras asiáticas superando barreiras culturais, tecnológicas e tributárias para firmar sua posição como protagonistas da nova era da mobilidade sustentável.

Pontos Principais:

  • BYD e GWM começam produção local no Brasil em 2025.
  • Marcas chinesas apostam na eletrificação para conquistar o mercado nacional.
  • Impostos altos e infraestrutura limitada são desafios para o setor elétrico.
  • Novas marcas chinesas, como Leapmotor e Zeekr, chegam ao Brasil este ano.

Andar pelas ruas de cidades como Diamantina, em Minas Gerais, e encontrar dezenas de modelos BYD Dolphin e GWM Haval H6 não é apenas surpreendente, é revelador. Em um país com infraestrutura precária e políticas públicas ineficazes para o setor elétrico, esses veículos estão pavimentando um caminho que nem mesmo marcas tradicionais ousaram trilhar com tanta determinação.

O avanço dos carros elétricos chineses no Brasil reflete uma transformação no mercado automotivo, com investimentos em produção local e ampliação da oferta de modelos sustentáveis - Imagem gerada por IA.
O avanço dos carros elétricos chineses no Brasil reflete uma transformação no mercado automotivo, com investimentos em produção local e ampliação da oferta de modelos sustentáveis – Imagem gerada por IA.

As montadoras chinesas, como BYD e GWM, não estão apenas trazendo carros elétricos ao Brasil; elas estão desafiando uma indústria que há décadas se acomodou. Enquanto Volkswagen, Peugeot e Fiat engatinham na transição para a eletrificação, as marcas asiáticas lideram o jogo, oferecendo veículos tecnologicamente avançados, acessíveis e competitivos. A velha guarda automotiva precisa acordar ou será engolida pela nova realidade.

O Brasil, entretanto, segue tropeçando em políticas tributárias retrógradas que desestimulam a eletrificação. A decisão de taxar veículos híbridos e elétricos com alíquotas de 18% a 25% é um tiro no pé. Em vez de incentivar a inovação e abraçar metas climáticas, preferimos arrecadar em detrimento de um futuro sustentável. Isso é vergonhoso e precisa mudar.

Ainda assim, as montadoras chinesas não se intimidaram. A BYD está pronta para produzir em Camaçari (BA) e projeta contratar até 10 mil funcionários este ano, mesmo após o escândalo envolvendo condições análogas à escravidão em suas obras. Por mais condenável que seja esse episódio, ele evidencia o preço da negligência regulatória no Brasil, que precisa ser combatida com fiscalização rigorosa e punições exemplares.

A GWM, por sua vez, prepara sua fábrica em Iracemápolis (SP), demonstrando o potencial industrial de marcas que chegaram há pouco tempo, mas já estão moldando o futuro do setor. O que impede marcas europeias de fazerem o mesmo? Será que preferem continuar lamentando a falta de competitividade em vez de agir?

Enquanto isso, novas marcas chinesas, como Leapmotor e Zeekr, preparam sua entrada no Brasil, ampliando ainda mais a diversidade de opções para os consumidores. Essa pluralidade é bem-vinda, mas também é um alerta: quem não inovar agora será deixado para trás. Não há espaço para hesitação no jogo da eletrificação.

O Brasil, com sua história de apostar em biocombustíveis como o etanol, tinha uma oportunidade única de liderar o mercado global com soluções sustentáveis. No entanto, escolhemos o caminho mais fácil e deixamos a inovação tecnológica para os outros. Agora, os chineses estão colhendo os frutos do nosso descaso.

Como editor do Carro.Blog.br, minha mensagem é clara: ou o Brasil adota políticas que incentivem a eletrificação, ou continuaremos sendo espectadores enquanto o mercado automotivo é moldado por estrangeiros. Precisamos de incentivos fiscais, infraestrutura de carregamento robusta e comprometimento das montadoras nacionais. Não podemos mais nos dar ao luxo de ignorar o óbvio.

2025 será lembrado como o ano em que o carro elétrico chinês dominou o Brasil. Mas será também um ano de decisões críticas: vamos abraçar essa transformação ou seremos esmagados por ela? O futuro já começou, e ele não espera por ninguém.

A hora de agir é agora. Se o governo e a indústria nacional não tomarem medidas urgentes, 2025 será apenas o começo de uma longa e irreversível perda de relevância do Brasil no cenário automotivo global. O bonde da eletrificação já partiu, e o mundo não vai esperar que nos acomodemos em nossas desculpas antiquadas.

Cinco marcas chinesas que devem estrear no Brasil em 2025

Denza será a divisão de luxo da BYD no Brasil, representando também as marcas YangWang e Fangchengbao. A primeira aposta da marca será o Z9, um veículo híbrido e elétrico de alto desempenho. A versão shooting brake Z9 GT, com design de Wolfgang Egger, combina potência de 965 cv e acelera de 0 a 100 km/h em apenas 2 segundos.

A Geely retorna ao Brasil após uma pausa, desta vez com foco em carros eletrificados de luxo. A marca, dona da Volvo, pretende atuar em um segmento onde sua subsidiária sueca não compete diretamente, mirando preços entre R$ 150 mil e R$ 300 mil.

A GAC confirmou investimento de R$ 120 milhões para pesquisa e desenvolvimento no Brasil. A marca planeja trazer sete modelos, sendo cinco no primeiro semestre de 2025. A empresa aposta em modelos híbridos flex e elétricos, com produção local prevista.

A Wuling, parceira da GM na China, chega ao Brasil com a proposta de carros elétricos mais acessíveis. Em conjunto com a Chevrolet, a marca oferecerá veículos elétricos que atendam consumidores que buscam opções mais econômicas, complementando os modelos mais caros da GM.

A Leapmotor, associada à Stellantis, deve estrear no primeiro semestre de 2025. A marca trará opções de carros compactos e SUVs, como o Leapmotor T03, já em circulação na Europa.

Fonte: AutoEsporte, Terra, Canaltech, Globo e UOL.