O Laboratório de Engenharia da Ford, localizado em Dearborn, EUA, completou 100 anos em 2024. Inaugurado em 1924, o prédio se tornou um marco importante na história da indústria automotiva. O edifício foi palco de grandes inovações da Ford, como o Modelo A, lançado em 1928, o motor V8 “flathead”, o Lincoln Continental e o Ford 1949. O local também foi onde o Escape Hybrid foi desenvolvido, consolidando-se como um espaço essencial para o avanço tecnológico da montadora.
O edifício foi projetado por Albert Kahn, arquiteto renomado, que desenhou diversos prédios da Ford, como a Rotunda e a fábrica de Highland Park. Com dimensões impressionantes para a época, o prédio tem 365 metros de comprimento e 62 metros de largura, ocupando o equivalente a dois quarteirões. O espaço foi planejado para maximizar a luz natural, contando com cerca de 20.000 metros quadrados de janelas no teto arqueado.
Originalmente chamado Dearborn Engineering Laboratory, o objetivo do prédio era centralizar as atividades de pesquisa e desenvolvimento da empresa. Henry Ford queria que o laboratório fosse um local onde fosse possível projetar e testar veículos de forma eficiente e econômica, com as ferramentas necessárias para cada etapa do processo.
Ao longo dos anos, o prédio passou por várias transformações. Em 1954, o edifício foi ampliado em 47.500 metros quadrados como parte de uma expansão multimilionária da área de pesquisa e engenharia da Ford. Na década de 1970, o local passou por uma grande reforma, e o nome do edifício foi alterado para Engine and Electrical Engineering para refletir o novo foco de pesquisas da época.
Nos anos 1990, o prédio passou a abrigar também escritórios dedicados ao desenvolvimento de motores e sistemas de propulsão, sendo renomeado Powertrain Operations Engine Engineering. Mesmo com essas transformações, o edifício manteve sua importância histórica e seu legado de inovação.
Henry Ford tinha vários escritórios espalhados pelos edifícios da Ford, mas seu favorito era o localizado no laboratório de Dearborn. O local era carinhosamente chamado de “Caixa de Brinquedos de Henry Ford”, pois ali ele guardava diversos artefatos, móveis e máquinas que colecionava ao longo dos anos. Esses itens mais tarde serviram de base para o acervo do The Henry Ford Museum of American Innovation.
O prédio também abriga outras curiosidades. Na sua frente, Ford instalou uma homenagem a cientistas e inventores como Thomas Edison, Charles Darwin e Alexander Graham Bell. O reconhecimento desses pioneiros era uma forma de inspirar os engenheiros que trabalhavam no laboratório. Além disso, o edifício contava com um salão de dança, onde executivos da empresa eram incentivados a praticar quadrilha, uma tradicional dança folclórica americana.
Outro detalhe interessante do prédio é o cofre que guardava a folha de pagamento da empresa nos primeiros anos de operação. Um dos pilares internos ainda preserva marcações feitas por Henry Ford em 1938, que ele usava para medir a altura de membros de sua equipe, da mesma forma que media o crescimento de seus netos.
O escritório de Henry Ford no edifício, localizado em uma área chamada “Mahogany Row”, permanece preservado até hoje, com a lareira e os móveis originais ainda intactos. Durante os anos de auge do prédio, cerca de 1.800 engenheiros, técnicos e administradores ocupavam o edifício, que funcionou ativamente até 2007.
Após seu fechamento, o Laboratório de Engenharia da Ford foi reaberto em 2015, novamente sob o nome original, recebendo engenheiros e designers que estavam espalhados por outros prédios da empresa. Além disso, o local passou a abrigar a coleção de arquivos históricos da Ford, preservando documentos e registros de mais de um século de inovações automotivas.
Com 100 anos de história, o edifício representa não só a trajetória de uma das maiores montadoras do mundo, mas também o espírito visionário de Henry Ford. O local continua sendo um símbolo do legado de inovação da marca, refletindo os avanços tecnológicos que moldaram a indústria automotiva desde o início do século 20.
Fonte: Ford.