O DeLorean DMC-12 foi um carro que prometia ser tão espetacular quanto uma viagem no tempo, mas que, na realidade, mal conseguia arrancar com alguma dignidade. Suas portas “asa de gaivota” e a carroceria de aço inoxidável gritam “futuro”, mas o motor parecia mais apropriado para uma torradeira elétrica. E então, claro, temos a figura excêntrica por trás de tudo isso, John DeLorean — um homem que poderia vender gelo para esquimós, mas, no final, se viu envolvido em escândalos que fariam qualquer novela parecer entediante.
Pontos Principais:
Você pode até nunca ter dirigido um DeLorean, mas com certeza já viu um. E se não viu, talvez esteja vivendo sob uma pedra. Afinal, foi o carro que virou uma máquina do tempo no cinema, se tornando mais famoso no entretenimento do que na vida real. Como algo que nasceu para ser um símbolo de inovação virou sinônimo de fracasso? Bom, segure-se, porque essa história é mais maluca que um roteiro de Hollywood — e tão fascinante quanto.
A DeLorean Motor Company (DMC) foi fundada em 1975 por John DeLorean, um engenheiro e executivo que anteriormente havia tido uma carreira de sucesso na General Motors (GM). Enquanto trabalhava na GM, DeLorean foi responsável por projetos inovadores, como o desenvolvimento do Pontiac GTO, um dos primeiros muscle cars dos Estados Unidos. Sua saída da GM foi impulsionada pelo desejo de criar algo revolucionário e inovador por conta própria, o que levou ao nascimento da DMC.
Embora a sede da DMC estivesse em Detroit, Estados Unidos, John DeLorean tomou a decisão estratégica de localizar a fábrica da empresa em Dunmurry, Irlanda do Norte. A escolha foi influenciada por incentivos fiscais oferecidos pelo governo britânico, que esperava gerar empregos em uma região economicamente afetada pelo conflito conhecido como The Troubles. O local, apesar dos subsídios financeiros, geraria desafios operacionais e contribuições para o fracasso da empresa no futuro.
O DeLorean DMC-12, o único modelo produzido pela DMC, foi lançado em 1981. Com um design que incluía portas no estilo “asa de gaivota” e carroceria em aço inoxidável, o DMC-12 era visualmente impressionante e prometia ser um carro revolucionário. No entanto, o desempenho mecânico não correspondia às expectativas. O motor V6, produzido em parceria com a Renault, Volvo e Peugeot, não entregava a potência esperada para um carro esportivo, gerando críticas por parte de consumidores e especialistas.
O DeLorean DMC-12, lançado em 1981, talvez tenha sido um fracasso comercial no mundo automobilístico, mas sua história mudou completamente quando foi alçado ao status de ícone da cultura pop graças à trilogia cinematográfica “De Volta para o Futuro”. O carro, com suas portas asa de gaivota e design futurista, foi escolhido como a máquina do tempo pelo diretor Robert Zemeckis e pelo roteirista Bob Gale, e desde então, nunca mais foi esquecido. Embora sua produção tenha sido descontinuada após apenas dois anos, o DeLorean encontrou seu lugar definitivo no imaginário do público.
Parte do apelo do DeLorean nos filmes está em seu design visualmente marcante. A carroceria em aço inoxidável e as portas que abrem para cima deram ao carro uma aparência futurística, perfeita para uma máquina do tempo. A decisão de transformar o DeLorean no veículo de viagem temporal foi, na verdade, uma combinação de estilo e praticidade: Zemeckis queria um veículo que se destacasse, mas que também tivesse espaço suficiente para todos os aparatos que a máquina do tempo exigiria. Assim, o carro se tornou não apenas um meio de transporte, mas um personagem em si na narrativa.
Curiosamente, o DeLorean quase não foi o veículo escolhido para o filme. Em versões iniciais do roteiro, a ideia era que a máquina do tempo fosse construída dentro de uma geladeira! Essa versão foi descartada por razões de segurança, já que a equipe de produção temia que crianças tentassem imitar o filme e ficassem presas em refrigeradores. A troca pelo DeLorean provou ser uma das decisões mais acertadas, ajudando a eternizar o veículo no imaginário coletivo.
Outro fato curioso sobre o DeLorean é que, apesar de seu sucesso no cinema, a produção do carro enfrentou grandes dificuldades. O fundador da empresa, John DeLorean, estava envolvido em uma série de controvérsias financeiras e jurídicas, o que contribuiu para a falência precoce da DeLorean Motor Company. Apenas cerca de 9 mil unidades do DMC-12 foram produzidas, o que torna o carro um item de colecionador até os dias de hoje. Contudo, graças ao cinema, ele continua vivo e relevante décadas após sua produção original.
Além disso, o DeLorean usado nas filmagens sofreu várias modificações ao longo da trilogia. Para acomodar as cenas de ação e efeitos especiais, diferentes modelos foram adaptados para cada necessidade específica. Um dos veículos foi convertido para uma versão voadora no segundo filme, e no terceiro, ele foi modificado para andar sobre trilhos de trem. Esses detalhes tornaram cada versão do carro única e aumentaram ainda mais o fascínio do público.
O DeLorean não só encontrou uma segunda vida nos filmes, como também continua a ser um símbolo da nostalgia dos anos 80. Sua presença em convenções, exposições e eventos especiais ligados à trilogia “De Volta para o Futuro” mantém a chama acesa entre fãs e colecionadores. E, com o tempo, o DeLorean transcendeu sua função original e se tornou um ícone que simboliza a interseção entre o cinema e a tecnologia, um marco na história dos carros e do entretenimento.
A história do DeLorean é marcada por diversas polêmicas e desafios, que vão desde problemas de produção até a prisão de John DeLorean. Esses eventos contribuíram para a falência da empresa e para a mitologia que ainda cerca o nome DeLorean.
A decisão de John DeLorean de estabelecer a fábrica da DMC em Dunmurry, um subúrbio de Belfast na Irlanda do Norte, foi amplamente motivada por incentivos fiscais oferecidos pelo governo britânico. O governo via a fábrica como uma forma de revitalizar a economia local, que sofria com o conflito entre grupos nacionalistas e unionistas na região. O projeto prometia criar milhares de empregos e fomentar o desenvolvimento industrial.
No entanto, a realidade foi diferente. A Irlanda do Norte enfrentava instabilidade política e social, com episódios de violência e distúrbios civis frequentes devido ao conflito local. Além disso, a fábrica enfrentava dificuldades para encontrar e treinar uma força de trabalho qualificada, o que gerou problemas na qualidade dos primeiros veículos produzidos. As frequentes greves e o ambiente volátil também prejudicaram a eficiência da produção.
O custo de operação na Irlanda do Norte acabou sendo muito maior do que o previsto, e a fábrica, que deveria ser um ponto de apoio para o crescimento da DMC, rapidamente se tornou um peso financeiro.
O DeLorean DMC-12 foi anunciado como um carro esportivo de ponta, com um design arrojado e soluções inovadoras, como a carroceria de aço inoxidável que não precisaria de pintura. No entanto, o carro enfrentou uma série de problemas desde o início da produção, em 1981. Atrasos na fabricação e falhas no controle de qualidade resultaram em veículos que chegaram ao mercado com defeitos de acabamento e problemas mecânicos.
O maior problema, porém, foi o desempenho do motor. O DMC-12 foi equipado com um motor V6 de 2.85 litros, desenvolvido por um consórcio entre Peugeot, Renault e Volvo. Embora o design do carro sugerisse uma experiência de direção esportiva, o motor oferecia apenas 130 cavalos de potência, o que decepcionou muitos compradores. Além disso, o peso da carroceria de aço inoxidável tornava o carro menos ágil do que outros esportivos da época.
O preço elevado também foi um fator crítico. Com um custo inicial de cerca de US$ 25.000 (o equivalente a aproximadamente US$ 75.000 em valores ajustados para a inflação de 2024), o DMC-12 era mais caro do que outros esportivos de melhor desempenho no mercado, como o Porsche 911 e o Chevrolet Corvette.
Em 1982, John DeLorean foi preso em uma operação do FBI, acusado de participar de um esquema de tráfico de cocaína. O FBI alegou que DeLorean havia tentado financiar a DeLorean Motor Company, que já enfrentava sérios problemas financeiros, por meio da venda de US$ 24 milhões em cocaína. O caso foi amplamente divulgado pela mídia e manchou a imagem pública de DeLorean e da empresa.
Durante o julgamento, a defesa de DeLorean argumentou que ele havia sido alvo de uma armadilha (entrapment) por parte do FBI, que o induziu a participar do esquema. Em 1984, DeLorean foi absolvido das acusações, mas o dano à sua reputação e à empresa já havia sido feito. A DMC declarou falência logo após sua prisão, e a fábrica em Dunmurry foi fechada.
Com as vendas do DMC-12 em declínio e o escândalo envolvendo seu fundador, a DeLorean Motor Company entrou em falência em 1982. Estima-se que cerca de 9.000 unidades do DMC-12 foram produzidas durante o curto período de operação da empresa. A fábrica de Dunmurry foi fechada, e o estoque remanescente de carros e peças foi liquidado.
Apesar do fracasso comercial, o DeLorean DMC-12 tornou-se um ícone cultural, em grande parte devido à sua aparição na trilogia de filmes “De Volta para o Futuro”. O carro foi imortalizado como uma máquina do tempo no filme de 1985, o que impulsionou a demanda por modelos antigos e restaurados nas décadas seguintes.
O DMC-12 passou a ser valorizado por colecionadores e entusiastas de carros clássicos, e uma nova fase para a marca começou a emergir com tentativas de restaurar e preservar o legado do DeLorean.
Embora a DeLorean Motor Company original tenha falido em 1982, o nome DeLorean foi ressuscitado nos anos 2000 por uma nova empresa, localizada no estado do Texas, Estados Unidos. Esta nova DMC não está envolvida na produção de novos carros, mas sim na restauração e manutenção dos modelos DMC-12 originais. A empresa comprou o estoque remanescente de peças e começou a oferecer restaurações completas para entusiastas ao redor do mundo.
Além de restaurar veículos, a nova DMC também fabrica componentes para manter os carros em funcionamento e adapta algumas das tecnologias antigas para atender aos padrões modernos. A marca continua a atrair atenção de colecionadores, e muitos modelos restaurados são vendidos por valores significativamente mais altos do que o preço original de mercado.
Nos últimos anos, a DeLorean Motor Company anunciou uma tentativa de reviver a marca com um novo modelo, o DeLorean Alpha5, um carro elétrico que homenageia o design do DMC-12. Em 2022, a empresa revelou os primeiros detalhes do Alpha5, que tem portas “asa de gaivota” como o modelo original, mas é adaptado para o mercado atual de veículos elétricos.
O Alpha5 promete ser um carro de alto desempenho, com aceleração de 0 a 100 km/h em cerca de 3 segundos e uma autonomia estimada de 500 km por carga. O carro foi projetado com um design moderno e linhas mais aerodinâmicas, mas ainda conserva elementos que remetem ao DMC-12.
No entanto, até 2024, o Alpha5 ainda está em fase de desenvolvimento e pré-produção. O sucesso dessa nova tentativa de relançar a marca DeLorean permanece incerto, especialmente em um mercado cada vez mais competitivo de veículos elétricos, dominado por empresas como Tesla e outras montadoras estabelecidas. O desafio para a nova DMC será convencer o público de que o Alpha5 pode oferecer algo único e relevante no cenário atual de veículos elétricos.
O clássico DeLorean DMC-12, famoso pela trilogia “De Volta para o Futuro”, poderá ser convertido para uma versão elétrica por uma empresa britânica chamada Electrogenic. O modelo original, com 132 cv, receberá um novo motor elétrico que aumentará sua potência para 217 cv, além de oferecer uma autonomia de cerca de 241 km.
Pontos Principais:
O DeLorean DMC-12, imortalizado nas telas pela trilogia “De Volta para o Futuro”, é lembrado principalmente por sua aparência futurística e pelo conceito de viagens no tempo. No entanto, o modelo original é um carro com desempenho modesto, equipado com um motor que gera 132 cv de potência e torque de 21,1 kgfm. Ele acelera de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos.
Com o avanço da eletrificação, uma empresa britânica chamada Electrogenic propôs uma solução para trazer o DeLorean ao futuro. Eles desenvolvem um kit de conversão que transforma o modelo em um carro elétrico, sem alterar o visual icônico em aço inoxidável. O kit substitui o tanque de gasolina por uma bateria de 42 kWh, com o motor elétrico e os componentes adicionais no compartimento traseiro.
Após a conversão, o DeLorean terá 217 cv de potência e 31,6 kgfm de torque instantâneo, quase o dobro do desempenho original. Com isso, o veículo poderá acelerar de 0 a 100 km/h em menos de cinco segundos. A autonomia da bateria será de aproximadamente 241 km, oferecendo opções de recarga tanto em corrente contínua (AC) quanto em corrente alternada (DC).
Apesar da proposta interessante, o custo para eletrificar o DeLorean não é baixo. A Electrogenic cobra entre US$ 82 mil e US$ 107 mil pelo serviço, variando conforme o estado do carro. Para quem deseja adquirir um DeLorean, os preços dos modelos à venda em sites especializados, como o Bring a Trailer, variam entre US$ 50 mil e US$ 65 mil. Já um DeLorean modificado para se parecer com o veículo dos filmes pode custar até US$ 91 mil.
Além disso, a versão elétrica do DeLorean contará com modos de condução ajustáveis, permitindo configurações específicas para uma experiência de direção mais esportiva ou econômica, de acordo com as preferências do condutor. Esses recursos fazem parte da tendência global de eletrificação de clássicos, combinando o design atemporal de veículos históricos com a tecnologia moderna de propulsão.
Com a possibilidade de transformar o DeLorean DMC-12 em um carro elétrico, os entusiastas da trilogia e fãs de carros clássicos terão a oportunidade de vivenciar o futuro da mobilidade sustentável sem perder a essência de um dos veículos mais icônicos do cinema.
Fonte: Wikipedia, Delorean, Forbes, Canaltech, iG, TheNewYorkTimes, IMDB e jalopnik.