Quem conheceu apenas a era dos carros automatizados tem dificuldade em entender a paixão e nostalgia que o Fusca desperta nos brasileiros. Afinal o que havia de tão especial no clássico da Volkswagen que fez o modelo sobreviver durante tantas décadas?
A razão é que o Fusca foi projetado para estar acessível a todos e acabou se tornando no modelo mais popular e mais vendido do mundo.
A origem do Fusca esconde um passado tenebroso.
Em 1937, o regime nazista lançou a fábrica estatal Volkswagen para plataforma do projeto de um veículo popular, que ainda não existia.
Hitler então convocou o projetista Ferdinand Porsche para ser o chefe executivo da organização e iniciar a produção do “carro do povo” com diversos requisitos obrigatórios, entre os quais:
A proposta foi recebida com euforia pelos trabalhadores alemães, mas acabou sendo desviada para o uso militar com início da Segunda Guerra Mundial.
Porsche teve que adaptar seu projeto para a criação do jipe Kübelwagen, que chegou a mais de 70.000 unidades produzidas e teve até uma versão anfíbia: o Schwimmwagen.
Em 1945, após o fim da guerra, o projeto civil do Fusca foi retomado e batizado como o nome de Volkswagen Sedan.
A partir de então o Fusca iria conquistar o mundo, sendo até reconhecido como ícone cultural nas telas dos estúdios americanos de Hollywood.
Seu nome variou de país em país, geralmente sendo relacionado a animais que parecem com a silhueta do carro clássico alemão.
O Fusca desembarcou no Brasil a partir de 1950, no porto de Santos, com 30 unidades que foram rapidamente vendidas.
O nome Fusca no Brasil vingou devido à adaptação no modo abrasileirado de pronunciar o nome da concessionária alemã Volkswagen.
Em 3 de janeiro de 1959, há 60 anos, o Fusca se tornou uma produção nacional e desde então marcou sua história no Brasil, com mais de 3,1 milhões de unidades vendidas.
A nacionalização do Fusca teve início a partir de 1953, com a proibição – promulgada pelo então presidente Getúlio Vargas – de importação de carros já montados ao país.
A solução da Volkswagen foi improvisar a produção em sistema CKD num galpão localizado na Rua do Manifesto, no bairro do Ipiranga em São Paulo.
Durante os anos de 1953 a 1958, 12 funcionários foram responsáveis pela produção de 2.268 unidades do Fusca com motor de 4 cilindros refrigerado a ar de 1,2 litros, com 36 cavalos de potência, tração traseira e quatro marchas sem contar com a primeira sincronizada.
Entre os novos dispositivos algumas evoluções se destacavam:
Na década de 60, o fusca se tornou praticamente 100% nacional, com a produção própria da carroceria e a introdução da primeira marcha sincronizada.
Em 1986, o Fusca teve sua primeira interrupção de produção, sendo retomada somente a partir de 1993 a pedido do Presidente Itamar Franco.
Aliás, eis a razão pela qual esta última geração acabou ficando conhecida como Fusca Itamar e durou até 1996, com o total de 47.000 unidades vendidas.
Mesmo quem não viveu a época de produção do Fusca ainda hoje em dia consegue aqui e acolá se deparar na rua com o característico ronco de motor de um modelo que recusa se aposentar. Peça de museu? Não, para os amantes o Fusca é um projeto eterno.
O impressionante no Fusca é que, ao contrário dos modelos antigos que chegaram aos tempos atuais, sua evolução não acompanhou o avanço da modernidade mas permaneceu ditando sua própria moda.
história da Volkswagen no Brasil começou em 23 de março de 1953, em um armazém na Rua do Manifesto, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. De lá, saíram as primeiras unidades do Fusca, montadas com peças importadas da Alemanha e apenas 12 empregados. De 1953 a 1957, foram montados nesse galpão 2.820 veículos (2.268 Volkswagen Sedan e 552 Kombi).
Com o sucesso nas vendas, a marca anunciou o projeto de construir uma fábrica no Brasil, que não se limitaria somente à montagem de veículos, mas sim a fazer do País uma base de exportação para toda a América do Sul.
A produção com peças nacionais foi iniciada em 2 de setembro de 1957, quando saiu da linha de montagem da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) o primeiro modelo da marca fabricado em território nacional: a Kombi, com 50% de suas peças e componentes produzidos no País.
O primeiro Fusca (Sedan) montado no Brasil foi lançado em 3 de janeiro de 1959. Nesse mesmo ano, foram vendidas 8.406 unidades do modelo que, rapidamente, se tornaria um estrondoso sucesso de mercado, em uma época dominada pelos automóveis importados de grande porte. Até 1986, o Brasil produziu 3,1 milhões de unidades do lendário Fusca.
A inauguração oficial da fábrica ocorreria somente em 18 de novembro de 1959, quando circulou – a bordo de um Fusca conversível – o então Presidente da República, Juscelino Kubistcheck. Ele estava acompanhado pelo Governador de São Paulo, Carvalho Pinto, e os presidentes da Volkswagen da Alemanha, Heinrich Nordhoff, e do Brasil, Friedrich Schultz-Wenk. A imagem dos quatro dentro do Fusca conversível se tornou uma das fotos mais marcantes na história da montadora.
Em 1962, a marca já trazia ao mercado brasileiro um veículo ousado para a época: o Karmann-Ghia, lançado em parceria com a empresa alemã de mesmo nome. A Volkswagen foi também a primeira montadora brasileira a inaugurar, em 1965, um centro de desenvolvimento, pesquisa e design.
A marca atingiu o primeiro milhão de veículos produzidos em julho de 1970 e em março de 1972, o Fusca alcançava o número histórico de um milhão de unidades vendidas no País.