Autódromo Ayrton Senna no Rio deve receber a F1 em 2021… ou não

O circuito de F1 no Brasil corre o risco de perder seu posto no calendário da competição. O GP de São Paulo tem dívidas e um contrato que desfecha em 2020, já o Rio de Janeiro quer construir um novo autódromo para sediar o GP no Brasil, mas precisa convencer os dirigentes da Fórmula 1 e desvencilhar dos problemas ambientais.
Publicado por Alan Corrêa em Notícias dia 30/05/2019

O circuito de F1 no Brasil corre o risco de perder seu posto no calendário da competição. O GP de São Paulo tem dívidas e um contrato que desfecha em 2020, já o Rio de Janeiro quer construir um novo autódromo para sediar o GP no Brasil, mas precisa convencer os dirigentes da Fórmula 1 e desvencilhar dos problemas ambientais.

O impasse entre São Paulo e Rio de Janeiro

A disputa pelo GP no Brasil está pegando fogo. A razão é que o futuro autódromo Ayrton Senna no Rio do Janeiro quer sediar as competições da F-1 a partir de 2021 e já conta com apoio do representante da nação.

Embora o presidente Jair Bolsonaro tenha declarado que a partir do próximo ano o GP do Brasil já será no Rio de Janeiro, Chase Carey, presidente executivo da Formula One Management (FOM), garantiu que a etapa brasileira permanece em São Paulo em 2020, mesmo porque já há um acordo firmado.

Paixão brasileira por F-1

Por outro lado, Carey diz estarem em negociação com as duas cidades, devido à importância que o Brasil representa para o mundo da F-1, e que para 2021 será preciso fazer uma escolha.

De fato, não é para menos. O Brasil, ainda que seja terra do futebol, representa 20% da audiência mundial do campeonato de F-1 e como Carey reconhece: “nossos melhores números vêm de lá e também, algumas de nossas melhores corridas”.

Autódromo de São Paulo

A cidade São Paulo tem uma boa relação com a FOM, mas o que está em jogo é uma política para acabar com os privilégios exclusivos que o GP do Brasil tem em relação aos outros autódromos do mundo.

Para sediar o campeonato da F-1, as diversas nações têm que pagar uma taxa anual que varia entre 79,8 e 99,7 milhões de reais. As únicas exceções dos 21 GPs são o do Brasil e de Mônaco.

A regalia concedida ao GP de São Paulo tem origem na íntima relação comercial que os promotores da cidade tinham com o então presidente da F-1 Bernie Ecclestone e que gerou um contrato especial.

Contudo, São Paulo também tem a vantagem de ser o único circuito, por ora, Nível 1 da América do Sul, de acordo com o critério oficial da FIA.

Autódromo do Rio de Janeiro

O autódromo do Ayrton Senna teria a vantagem da construção do circuito de 5,3 km atender aos mais altos requisitos de segurança dos órgãos internacionais de automobilismo e com plataforma para a competição da MotoGP.

O Rio de Janeiro também abre a possibilidade de desvencilhar deste privilégio, mas para isso será preciso primeiro terminar a construção na área de Deodoro. O projeto está bem avançado, sendo que a Rio Motorsports estipula o tempo de 14 a 17 meses para o término da obra.

Acontece que os grupos de ambientalistas têm brecado a licitação, alegando que o local é uma área de Mata Atlântica protegida. Como o processo de concessão da região está em aberto a dúvida quanto ao futuro da obra paira no ar.

Outro fator que está em aberto é a empresa encarregada da construção. Um edital será lançado e a prefeitura irá analisar durante 45 dias a melhor escolha, para aí sim iniciar a obra.

A medir pelo entusiasmo do presidente Jair Bolsonaro nada impedirá, pois – por ocasião da assinatura termo aditivo de cooperação com o projeto – o próprio declarou que bastará de 6 ou 7 meses para a conclusão da obra, sem fundos do governo, estimada em 850 milhões de reais.

Com a construção do autódromo Ayrton Senna, até 7.000 empregados serão gerados, o sistema hoteleiro se beneficiará do turismo e a economia do Rio de Janeiro lucrará bastante.

GP do Brasil

O curioso, é que esta disputa já teve um reverso. Na década de 80, o GP do Brasil era realizado no autódromo de Jacarepaguá no Rio de Janeiro, até a demolição para a construção do Parque Olímpico palco para os Jogos de 2016.

Enquanto isso, podemos ter a certeza de acompanhar o GP do Brasil deste ano nos dias 15 a 17 de novembro, no autódromo de Interlagos em São Paulo.

Quanto ao futuro, resta saber qual escolha os executivos do Liberty Media, que controlam a F-1, vão decidir. São Paulo ou Rio de Janeiro, o mais importante é que o Brasil não perca seu circuito que já marcou a história de nosso povo.