BYD amplia importação de carros elétricos com seu enorme navio enquanto aguarda início da produção no Brasil

No porto, mais um navio atraca, descarregando milhares de carros elétricos da BYD. Enquanto a fábrica na Bahia atrasa, a empresa reforça estoques antes do aumento do imposto de importação. Com nova estrutura de peças no ES, a estratégia busca manter a liderança no mercado de eletrificados no Brasil.
Publicado por Alan Corrêa em Negócios dia 1/03/2025

A montadora chinesa BYD trouxe mais 5.524 veículos para o Brasil, aumentando o estoque de modelos eletrificados no país. A chegada ocorreu na quinta-feira (27) pelo navio Explorer Nº 1, atracado no Portocel, em Aracruz (ES). A movimentação ocorre em um momento em que a empresa ainda aguarda o início das operações de sua fábrica em Camaçari (BA), que teve seu cronograma alterado para o segundo semestre de 2025.

Pontos Principais:

  • A BYD trouxe mais 5.524 veículos ao Brasil, aumentando o estoque de eletrificados.
  • A fábrica de Camaçari (BA) teve sua inauguração adiada para o segundo semestre de 2025.
  • O Imposto de Importação subirá gradativamente, atingindo 35% em julho de 2026.
  • A empresa expandiu seu centro de distribuição de peças em Cariacica (ES).

De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o Brasil acumulava, ao final de janeiro, 42,8 mil veículos eletrificados chineses em estoque, tanto em portos quanto nos pátios das concessionárias. A maioria dos modelos pertence à BYD, que lidera o mercado nacional de veículos híbridos e elétricos.

A importação intensificada de automóveis é explicada pela estratégia de antecipação ao aumento gradual do Imposto de Importação. Atualmente fixado em 18%, o imposto subirá para 25% em julho de 2025 e alcançará 35% em julho de 2026. Com isso, fabricantes buscam garantir um volume elevado de estoque antes da elevação dos tributos.

Navio carrega modelos da BYD para o Brasil

No porto de Aracruz, mais de 5.500 veículos elétricos da BYD desembarcam. A empresa amplia importações enquanto aguarda o início da produção nacional, adiada para o segundo semestre.
No porto de Aracruz, mais de 5.500 veículos elétricos da BYD desembarcam. A empresa amplia importações enquanto aguarda o início da produção nacional, adiada para o segundo semestre.

O cargueiro Explorer Nº 1 transportou veículos das linhas Dolphin, Song e Yuan, embarcados na cidade de Ningbo, na província chinesa de Zhejiang. Essa foi a segunda viagem do navio ao Brasil. Em maio de 2024, a embarcação desembarcou 5.459 veículos no Porto de Suape (PE).

Além desse navio, a BYD utiliza outras embarcações para manter o fluxo de importação. A empresa planeja incorporar sete cargueiros próprios à frota, o que deve reduzir a dependência de terceiros no transporte de veículos para o Brasil.

O modelo de abastecimento baseado em importações deve diminuir quando a unidade fabril da BYD na Bahia estiver em funcionamento. Inicialmente prevista para março de 2025, a inauguração foi postergada para o segundo semestre após a fiscalização de órgãos federais identificar trabalhadores em situação irregular no canteiro de obras.

Estoque elevado e expectativa de demanda

O estoque de veículos eletrificados cresce nos pátios e portos do Brasil. A BYD mantém 25 mil unidades armazenadas, antecipando-se à alta gradual do imposto de importação até 2026.
O estoque de veículos eletrificados cresce nos pátios e portos do Brasil. A BYD mantém 25 mil unidades armazenadas, antecipando-se à alta gradual do imposto de importação até 2026.

A BYD não divulga a quantidade exata de veículos disponíveis no mercado brasileiro, mas confirma a manutenção de um volume estratégico de estoque. De acordo com Henrique Antunes, diretor de vendas da BYD Brasil, a meta da empresa é manter cerca de 25 mil unidades armazenadas, o que corresponde a três meses de vendas.

O planejamento da empresa indica que alguns modelos já começarão a ser comercializados em abril, enquanto outros poderão ser ofertados posteriormente. A GWM, segunda colocada no segmento de eletrificados com 29.219 licenciamentos em 2024, declarou que seus veículos representam menos de 10% do estoque chinês disponível no Brasil.

A projeção é de que a fabricação nacional reduza a necessidade de grandes volumes de importação. O hatch Dolphin Mini e o SUV Song Pro serão os primeiros modelos produzidos na unidade de Camaçari, enquanto os demais veículos da marca e os futuros modelos das divisões Denza e BAO continuarão chegando do exterior.

Infraestrutura para distribuição e peças

Com a produção local atrasada, a BYD reforça sua frota de cargueiros para garantir o abastecimento. A fábrica na Bahia terá capacidade inicial de 150 mil unidades por ano.
Com a produção local atrasada, a BYD reforça sua frota de cargueiros para garantir o abastecimento. A fábrica na Bahia terá capacidade inicial de 150 mil unidades por ano.

Além da ampliação do estoque de veículos, a BYD investe na estruturação de seu centro de distribuição de peças. Localizado em Cariacica (ES), o complexo recebeu um novo galpão de 4.500 m², expandindo sua capacidade de armazenamento para 5.900 pallets.

A empresa informou que, entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025, o estoque de peças saltou de 370.692 para 718.042 unidades. No mesmo período, a quantidade de peças expedidas mensalmente passou de 13,2 mil para 58,5 mil.

Itens de reposição como filtros, rodas, retrovisores e para-choques estarão disponíveis diretamente nas concessionárias. As baterias ficarão armazenadas no galpão devido a requisitos específicos de segurança. Para peças menos comuns, a empresa estima um prazo máximo de 15 dias para importação da China.

Impacto no mercado nacional

A GWM, segunda maior no setor de eletrificados, afirma que sua participação no estoque chinês no Brasil é inferior a 10%. Enquanto isso, a BYD segue dominando o segmento nacional.
A GWM, segunda maior no setor de eletrificados, afirma que sua participação no estoque chinês no Brasil é inferior a 10%. Enquanto isso, a BYD segue dominando o segmento nacional.

A movimentação da BYD ocorre em um momento de transição no setor automotivo brasileiro, com mudanças regulatórias que afetam a importação de veículos eletrificados. O aumento progressivo do Imposto de Importação pode alterar o cenário competitivo, incentivando a fabricação nacional como alternativa para reduzir custos e manter preços mais competitivos.

O início da produção local também poderá impactar a logística e a disponibilidade de veículos, reduzindo a necessidade de grandes estoques em portos e pátios de concessionárias. A expectativa é que a unidade fabril na Bahia tenha capacidade inicial para 150 mil veículos por ano, podendo dobrar essa quantidade em uma segunda fase de expansão.

O impacto dessa estratégia no mercado dependerá da aceitação dos consumidores e da capacidade da indústria nacional de absorver a demanda por veículos eletrificados. Com um cenário em constante evolução, a BYD e outras montadoras seguem ajustando suas operações para acompanhar as mudanças no setor.

Fonte: Motor1, Correiobraziliense e Folha.