Muita gente compra carro 4×4 mas fica na dúvida de como utilizar corretamente essa função. Diante de diversos modelos existentes no mercado, devemos distinguir aqueles com tração 4×4 permanente e aqueles que têm a opção de acionar ou não o sistema.
As perguntas se estendem longamente: quando devo acionar o 4×4? Posso ligar o 4×4 com o carro em movimento? Posso usar o 4×4 no asfalto molhado? Vamos tentar responder algumas dessas questões a seguir.
Ter um veículo 4×4 pode ser uma excelente ferramenta para transpor terrenos difíceis, ou para quem enfrente estrada de terra com frequência. Mas é preciso saber usar bem essa ferramenta, do contrário ela trará mais problemas do que vantagens.
A primeira coisa que precisa saber é que existem veículos que são 4×4 permanente e outros que tem opção de ativar ou desativar essa opção. Por exemplo, a VW Amarok tem tração 4×4 permanente, com a tecnologia 4Motion. No caso desse modelo o condutor não precisa se preocupar com nada, pode dirigir absolutamente tranquilo em qualquer tipo de terreno, o sistema saberá interpretar as condições.
Contudo, a maior parte dos veículos tem opção de ativar e desativar o sistema 4×4. Aqui sim é preciso um pouco mais de atenção. Para começo de conversa, os veículos mais novos permitem passar de 4×2 para 4×4 em movimento – o que nos mais antigos era impossível fazer – mas numa velocidade informada pelo fabricante no caso de cada modelo especificamente.
A partir desse tópico vamos tratar apenas dos veículos que têm opção de ativar e desativar o sistema 4×4, pois os que são permanente não carecem desses cuidados. Isto posto, vamos ver em que situações o 4×4 deve ser utilizado.
Quando o sistema 4×4 é ativado o diferencial transmite às 4 rodas a mesma velocidade, e dessa forma o veículo tem dificuldade de fazer curva sem arrastar uma das rodas. Isso não acontece quando em terrenos de baixa aderência, quando a roda de dentro deslisa ligeiramente compensando a velocidade que o diferencial impõe sobre ela.
Então, o 4×4 só deve ser ativado em terrenos de baixa aderência, por exemplo estradas de terra, terrenos pedregosos ou arenosos. Outra situação é a do asfalto molhado, quando a baixa aderência também faz o pneu deslizar e compensa a velocidade imposta pelo diferencial.
O chamado 4×4 “leve”, ou 4×4 comum, é o sistema que ativa a tração nas 4 rodas, e apenas isso. O veículo deixa de ter tração em apenas duas rodas para ter em todas. Deve ser usado em terrenos de baixa aderência. Nessas circunstâncias o veículo pode fazer curvas, mas manobrar será um pouco mais difícil.
Já o chamado 4×4 reduzido deve ser usado apenas em trechos de trilha pesada, quando o veículo estiver atolado ou em ladeiras muito íngremes e escorregadias. Nesse caso o veículo não poderá fazer curva, a não ser algo bem discreto. Quando acionado, o sistema multiplica o torque do veículo, proporcionando a capacidade que ele precisa para superar o obstáculo. Essa função só pode ser acionada com o veículo completamente parado.
Por fim, o 4×4 reduzido com bloqueio de diferencial, além do que ficou explicado no parágrafo anterior, o sistema ainda pode trabalhar com o bloqueio de diferencial. Dessa forma, o responsável por distribuir o torque de forma igual em todas as rodas, fica temporariamente bloqueado. Assim, quando uma das rodas está no ar o sistema aumenta o torque daquelas que estão em contato com o chão.
Sempre existem exceções à regra, e aqui não é diferente. Alguns modelos de alta performance contam com a opção de usar o 4×4 e mesmo assim manter uma velocidade independente em cada eixo, melhorando a aderência dos pneus mesmo no asfalto.
A pressão dos pneus também é importante quando falamos no uso do 4×4. Por exemplo, em trechos com lama a pressão dos pneus deve estar entre 18 e 20 libras. Menos do que isso pode ser perigoso, um galho mais resistente pode furar o pneu ou ainda a lama pode entrar pelas laterais.
Se, pelo contrário, o terreno tiver muitas pedras, então a calibragem deve estar acima de 26 libras de forma a evitar que as pedras danifiquem as laterais dos pneus. Em terrenos arenosos, mas apenas em situações extremas, a calibragem pode estar até em 13 libras. Claro que a pressão deve ser igual em todos os pneus.
Quando se trata de trechos alagados temos duas situações possíveis. Na primeira, quando o alagamento é de 50cm ou menos, o motorista deve engatar a 4×4 reduzida com bloqueio de diferencial e engatar 1ª marcha – não é bom mudar de marcha enquanto faz a travessia do local alagado – e andar bem devagar para não formar onda.
Se o trecho alagado, ao invés, tiver mais de 50cm de altura de água, nesse caso não se recomenda atravessar sem o uso do snorkel para veículo. Outra providência importante é deixar as janelas do veículo abertas para o caso de uma eventual fuga.
Os veículos mais recentes contam com o sistema eletrônico de descida (HDC), que ajuda o veículo em descidas muito íngreme, controlando eletronicamente a frenagem e aceleração enquanto o motorista cuida de guiar o veículo. Mas caso o seu não tenha esse sistema, desça com o 4×4 reduzido e com a 1ª marcha engatada. Procure manter uma aceleração constante e use o freio de mão para controlar o deslizamento da traseira.