Descubra tudo sobre a Operação Abacaxi, uma das mais incríveis histórias a bordo de um Jeep que celebra 70 anos

A Operação Abacaxi foi uma expedição de 1955 em que três escoteiros brasileiros cruzaram 19 países, de São Paulo ao Alasca, a bordo de um Jeep CJ-3B, percorrendo 73 mil km em mais de um ano, sem falhas mecânicas, usando peças nacionais e enfrentando todo tipo de terreno.
Publicado por Alan Corrêa em História e Jeep dia 9/04/2025

Em abril de 2025, a Jeep relembra um dos episódios mais marcantes ligados à sua trajetória no Brasil. Há exatos 70 anos, uma expedição realizada por três escoteiros brasileiros a bordo de um Jeep CJ-3B cruzava as Américas rumo ao Alasca. A jornada, que começou em São Paulo e tinha como objetivo inicial o Canadá, se estendeu até o extremo norte do continente, transformando-se em um marco de resistência e mobilidade off-road.

Nomeada Operação Abacaxi, a expedição se consolidou como uma das histórias mais conhecidas ligadas ao uso do Jeep em contextos extremos. O nome, segundo os próprios envolvidos, fazia referência aos componentes e acessórios automotivos nacionais usados no veículo, que na época eram chamados de “abacaxis” por sua origem local e desafio técnico. A escolha da nomenclatura se mostrou irônica, considerando o desempenho robusto apresentado pelo modelo ao longo de toda a rota.

O percurso ultrapassou a marca de 73 mil quilômetros, cruzando 19 países em pouco mais de um ano. Sem tecnologia de navegação digital ou sistemas eletrônicos de apoio, os três jovens contaram apenas com mapas físicos, habilidades manuais e o desempenho do CJ-3B para enfrentar os mais variados terrenos. A travessia uniu o pragmatismo da mecânica da época à disposição física e mental dos exploradores.

A origem da expedição e seus protagonistas

A missão teve início em 1955, com três jovens escoteiros determinados a representar o Brasil no Jamboree Mundial, evento internacional do escotismo que naquele ano aconteceria no Canadá. Os nomes dos participantes — Hugo Vidal, Charles Downey e Jan Stekly — ficaram associados à empreitada que, ao longo do caminho, evoluiu para algo muito além da participação no evento escoteiro.

A decisão de ampliar a viagem até o Alasca surgiu durante o percurso, como uma extensão natural da proposta original. A meta passou a ser não apenas alcançar o Canadá, mas realizar um trajeto de exploração que atravessasse o continente americano. Durante o caminho, os três integrantes documentaram parte da jornada, interagiram com moradores locais e enfrentaram as mais diversas condições climáticas e geográficas.

A bordo do Jeep CJ-3B, os jovens enfrentaram áreas desérticas, regiões de neve, florestas, montanhas e zonas rurais em péssimas condições de infraestrutura. Mesmo diante desses desafios, não houve registro de falhas mecânicas no veículo. O modelo utilizado contou com peças de fabricação nacional, fornecidas por empresas brasileiras que apoiaram a iniciativa por meio de doações e patrocínios logísticos.

Reconhecimento e preservação da memória

Setenta anos após a jornada, a Jeep recupera a memória da expedição como parte de sua programação especial para o mês de abril, período tradicionalmente marcado pela celebração do Jeep Day, no dia 4/4. Além de mencionar a Operação Abacaxi em seus canais oficiais, a marca disponibilizou materiais exclusivos sobre a aventura, incluindo uma série de vídeos com depoimentos e registros históricos.

Um dos principais conteúdos apresentados é o vídeo do retorno de Hugo Vidal ao Alasca, mais de seis décadas após a expedição. Nele, o explorador revive parte do trajeto original e relembra os bastidores da jornada. Outros materiais produzidos pela Jeep incluem episódios da websérie “Lendas da Jeep”, na qual Vidal compartilha detalhes inéditos da viagem, e sua relação com o modelo que os levou até o extremo norte do continente.

A importância histórica da expedição foi reconhecida oficialmente pela Jeep no Brasil. Hugo Vidal recebeu o título simbólico de “Jeep Legend 001”, tornando-se o primeiro brasileiro a integrar esse seleto grupo de homenageados da marca. O reconhecimento veio acompanhado da produção de livros e reedições sobre o feito, com destaque para a obra “Flashes de uma aventura – Operação Abacaxi”, que detalha o contexto, os desafios e os bastidores da viagem.

Impacto e legado da Operação Abacaxi

A jornada realizada pelos escoteiros em 1955 segue como referência sobre o potencial dos veículos da marca em atravessar obstáculos diversos. O CJ-3B usado na missão enfrentou o equivalente a uma volta e meia ao redor da Terra, em termos de distância, sem apresentar problemas estruturais ou falhas graves de funcionamento.

A simbologia da viagem ultrapassou o escopo técnico. Para a Jeep, a Operação Abacaxi representa o tipo de experiência que vai além da posse de um veículo. É uma narrativa de deslocamento, descoberta e convivência, que se conecta com a proposta de estilo de vida promovida pela marca. Em 2025, a revalorização desse episódio serve como lembrete de que as viagens mais longas não são apenas medidas em quilômetros, mas também em histórias vividas ao longo do caminho.

Durante os meses que antecederam a comemoração, a Jeep intensificou a divulgação desse capítulo de sua história, incluindo fotos inéditas da expedição original, depoimentos atuais e conteúdos audiovisuais distribuídos por meio de suas plataformas digitais. O objetivo declarado da marca é fomentar o desejo por novas aventuras, seja em estradas conhecidas ou em rotas alternativas.

A Operação Abacaxi permanece como referência de uma época em que as viagens exigiam preparação física, emocional e uma profunda confiança nos meios de transporte. Ao celebrar os 70 anos dessa travessia, a Jeep não apenas relembra uma conquista passada, mas reafirma sua conexão com um público interessado em experiências fora do convencional.

O mês de abril passou a ter um significado simbólico para a marca, sendo palco de campanhas, ações promocionais e conteúdos históricos. A Operação Abacaxi se destaca entre essas ações como uma das histórias mais duradouras associadas à identidade da Jeep, marcando a trajetória da marca no Brasil e no continente.

Sete décadas após a partida do trio de escoteiros, o Jeep CJ-3B é lembrado não apenas por seu desempenho, mas também como instrumento de uma narrativa construída com base na determinação e na curiosidade. A comemoração de 2025 resgata essa história para inspirar novas jornadas e preservar uma memória que ainda motiva milhares de entusiastas e exploradores.

Fonte: Stellantis.

Alan Corrêa
Alan Corrêa
Jornalista automotivo (MTB: 0075964/SP) com foco em análises, lançamentos, testes e novidades do setor. Produzo conteúdo especializado e atualizado para o Carro.Blog.Br.