Tecnologia

Drone Tubarão, Raia e Orca vão mudar a mobilidade marítima? Entenda

Os UUVs como o Ghost Shark, Manta Ray, Blue Whale, Echo Voyager e Orca representam o futuro naval, oferecendo vantagens estratégicas significativas e potencial para transformar a mobilidade autônoma.
Publicado em Tecnologia dia 27/05/2024 por Alan Corrêa

Nas últimas semanas, Austrália e Estados Unidos divulgaram avanços em seus programas de veículos não tripulados submarinos (UUVs). Esses dispositivos estão ganhando espaço nas operações militares subaquáticas, oferecendo novas capacidades estratégicas para as forças de defesa.

Os EVOTLs (veículos elétricos de decolagem e pouso vertical) estão revolucionando o transporte aéreo com sua capacidade de operar como drones autônomos para passageiros. Esses veículos representam uma nova era de mobilidade urbana, permitindo viagens rápidas e eficientes sobre cidades congestionadas. Enquanto os EVOTLs ganham espaço nos céus, uma inovação semelhante está em desenvolvimento no ambiente marítimo.

Atualmente, os veículos não tripulados submarinos (UUVs) são amplamente utilizados em operações militares para vigilância, reconhecimento e detecção de minas. No entanto, a tecnologia subjacente desses UUVs tem um potencial significativo para aplicações civis. Assim como os EVOTLs estão transformando o transporte aéreo, os UUVs poderiam ser adaptados para criar drones autônomos de transporte de passageiros marítimos, proporcionando uma nova forma de mobilidade em áreas costeiras e entre ilhas.

Esses drones marítimos autônomos poderiam oferecer várias vantagens, como a redução da dependência de tripulações humanas, aumento da segurança e eficiência nas operações e menor impacto ambiental em comparação com os métodos tradicionais de transporte marítimo. A evolução das tecnologias militares para usos civis demonstra como inovações originalmente desenvolvidas para defesa podem ser transformadas para beneficiar a sociedade em geral, abrindo novas possibilidades para o futuro da mobilidade marítima.

Desenvolvimento na Austrália

A Austrália está desenvolvendo o Ghost Shark, um veículo não tripulado submarino projetado para operar de maneira autônoma em missões de vigilância, reconhecimento e ataque. O Ghost Shark tem como objetivo aumentar a capacidade de patrulhamento e proteção do território marítimo australiano. O vice-almirante chefe da Marinha australiana, Mark Hammond, afirmou que o Ghost Shark é uma ferramenta essencial para a Marinha.

Os UUVs como o Ghost Shark podem operar sem a necessidade de tripulação humana a bordo, o que reduz os riscos para os militares. Além disso, esses veículos são projetados para serem invisíveis aos radares, dificultando sua detecção por forças inimigas. Essa característica permite que o Ghost Shark realize missões de vigilância e reconhecimento sem ser facilmente detectado.

O desenvolvimento do Ghost Shark faz parte de um esforço mais amplo da Austrália para fortalecer suas capacidades de defesa marítima. A Austrália, sendo uma nação insular, depende fortemente de sua Marinha para proteger suas fronteiras marítimas e garantir a segurança de suas rotas comerciais. O Ghost Shark é visto como uma adição significativa ao arsenal da Marinha australiana, permitindo operações mais eficientes e seguras.

Avanços nos Estados Unidos

Os Estados Unidos estão investindo no desenvolvimento do Manta Ray, um veículo não tripulado submarino criado pela Northrop Grumman com o apoio da DARPA. O Manta Ray é um UUV modular, projetado para ser desmontado e remontado conforme necessário, facilitando sua logística e operação. Este veículo está atualmente em fase de testes, que incluem a verificação de sua flutuabilidade, propulsão e sistemas de controle.

O Manta Ray é parte de um programa mais amplo dos Estados Unidos para melhorar suas capacidades de defesa subaquática. A DARPA está colaborando com a Marinha dos EUA para testar e, eventualmente, integrar o Manta Ray ao uso ativo. Este UUV é projetado para realizar uma variedade de missões, incluindo vigilância, reconhecimento e ataques estratégicos. A modularidade do Manta Ray permite que ele seja adaptado para diferentes tipos de missões, aumentando sua versatilidade.

Além do Manta Ray, os Estados Unidos também estão desenvolvendo o Echo Voyager e o Orca, dois veículos não tripulados submarinos criados pela Boeing. O Echo Voyager é um UUV de grande porte, pesando 50 toneladas, projetado para operar a profundidades de até 3 km e com uma velocidade máxima de 15 km/h. O Orca, uma evolução do Echo Voyager, inclui uma seção de carga modular que permite transportar diferentes armas ou equipamentos especializados.

Desenvolvimento em Israel

Israel está na corrida com o Blue Whale, um veículo submarino autônomo fabricado pela Israel Aerospace Industries. O Blue Whale é projetado para cumprir missões de inteligência, monitoramento, guerra antisubmarina e antiminas subaquáticas. Este UUV tem 11 metros de comprimento, 1,12 metro de diâmetro e pesa 5,5 toneladas. Sua velocidade é de até 13 km/h quando submerso, e ele tem a capacidade de operar de 10 a 30 dias com uma única carga de bateria, dependendo do tipo de missão.

O Blue Whale representa uma adição importante às capacidades de defesa subaquática de Israel. Este UUV é projetado para realizar missões críticas de inteligência e monitoramento, permitindo que as forças de defesa de Israel obtenham informações valiosas sobre as atividades submarinas inimigas. Além disso, o Blue Whale é capaz de detectar e neutralizar minas submarinas, reduzindo o risco de explosões não intencionais.

A Israel Aerospace Industries desenvolveu o Blue Whale como parte de um esforço mais amplo para melhorar as capacidades de defesa subaquática de Israel. O país tem investido significativamente no desenvolvimento de tecnologias avançadas de defesa, incluindo UUVs, para garantir a segurança de suas fronteiras e proteger seus interesses estratégicos no mar.

Desafios Tecnológicos

Apesar das vantagens oferecidas pelos veículos não tripulados submarinos, esses dispositivos enfrentam desafios tecnológicos significativos. Um dos principais desafios é a comunicação subaquática. A água impõe variáveis ambientais, como salinidade e pressão, que podem afetar significativamente a qualidade e eficácia das transmissões de dados. Resolver essas questões é crucial para melhorar a confiabilidade dos UUVs em operações críticas.

A comunicação subaquática requer mais energia do que a comunicação em ambientes aéreos ou terrestres. Além disso, a água pode causar perda significativa de dados, dificultando a transmissão de informações em tempo real. Os fabricantes dos novos UUVs militares estão trabalhando para desenvolver soluções para esses desafios técnicos, mas ainda não foram reveladas tecnologias que possam resolver completamente esses problemas.

Outro desafio importante é a corrosão das partes dos UUVs. A exposição prolongada à água salgada pode causar danos aos componentes dos veículos, reduzindo sua vida útil e eficácia. Os fabricantes estão desenvolvendo materiais e tecnologias de revestimento para minimizar a corrosão e garantir que os UUVs possam operar de maneira eficaz por longos períodos.

Aplicações Estratégicas

Os veículos não tripulados submarinos têm uma ampla gama de aplicações estratégicas. Uma das principais aplicações é a vigilância e reconhecimento. Os UUVs podem ser usados para monitorar áreas marítimas e detectar atividades inimigas, fornecendo informações valiosas para as forças de defesa. Além disso, os UUVs podem ser usados para realizar ataques estratégicos, incluindo o lançamento de torpedos ou outros tipos de armas.

Outra aplicação importante dos UUVs é a detecção e neutralização de minas submarinas. As minas submarinas representam uma ameaça significativa para as forças navais, e os UUVs podem ser usados para localizar e desativar esses dispositivos, reduzindo o risco de explosões não intencionais. Os UUVs também podem ser usados para realizar missões de resgate, localizando e recuperando naufrágios ou outros objetos submersos.

Os UUVs também podem ser usados para realizar missões de pesquisa científica. Esses veículos podem ser equipados com sensores e outros equipamentos de monitoramento para coletar dados sobre o ambiente subaquático, incluindo a vida marinha, a qualidade da água e as condições geológicas. Essas informações podem ser usadas para apoiar a pesquisa científica e ajudar a proteger os ecossistemas marinhos.

Futuro na Guerra Naval

O futuro dos veículos não tripulados submarinos na guerra naval é promissor. Esses dispositivos têm o potencial de transformar a forma como as operações navais são conduzidas, oferecendo novas capacidades estratégicas e reduzindo os riscos para as tripulações humanas. À medida que os UUVs continuam a evoluir, é provável que eles se tornem uma parte cada vez mais importante das forças de defesa navais em todo o mundo.

Os UUVs representam um avanço significativo na tecnologia de defesa subaquática. Esses veículos podem operar de maneira autônoma por longos períodos, realizar missões críticas sem a necessidade de reabastecimento e operar em profundidades significativas. Essas capacidades tornam os UUVs uma ferramenta valiosa para as forças navais, permitindo que elas realizem operações mais eficazes e seguras.

No entanto, ainda há desafios a serem superados para que os UUVs possam alcançar todo o seu potencial. A comunicação subaquática, a corrosão dos componentes e a necessidade de energia são questões que precisam ser resolvidas para melhorar a eficácia e a confiabilidade desses veículos. À medida que os fabricantes continuam a desenvolver novas tecnologias e materiais, é provável que esses desafios sejam superados, permitindo que os UUVs desempenhem um papel ainda mais importante na guerra naval.

*Com informações do UOL e OlharDigital.