Uma embarcação do século XIX foi encontrada submersa durante as obras de reestruturação na avenida Visconde de Souza Franco, conhecida como a Doca, em Belém. O achado aconteceu enquanto a cidade se prepara para sediar a 30ª Conferência das Partes sobre as Mudanças Climáticas da ONU (COP 30), prevista para novembro deste ano. A descoberta chamou a atenção de especialistas e das autoridades locais, que iniciaram um cuidadoso processo de escavação e preservação.
A remoção da embarcação foi realizada em três etapas, sendo o último segmento retirado na noite de segunda-feira (27). O processo foi conduzido com o acompanhamento da Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), garantindo que as características originais do achado fossem preservadas. A embarcação foi dividida em partes para facilitar o transporte e minimizar danos estruturais.
Após a conclusão da retirada, o artefato será levado para um laboratório em Belém, onde passará por um processo de restauração que deve durar cerca de cinco meses. Posteriormente, a embarcação será exposta ao público, permitindo que a população tenha acesso a esse importante vestígio da história da cidade. O estudo do achado poderá fornecer novas informações sobre o desenvolvimento urbano de Belém e sua antiga relação com os rios e igarapés.
O achado arqueológico passou por procedimentos específicos para minimizar intervenções que pudessem comprometer suas características originais. A escavação e o içamento foram conduzidos sob a supervisão da Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O objetivo foi garantir que a integridade da embarcação fosse preservada durante o processo.
O arqueólogo Kelton Mendes explicou que, após a recomendação do Iphan para a retirada da embarcação, foi submetido um projeto detalhado que incluía a descrição do achado, o plano de escavação e a autorização formal do procedimento por meio de portaria. Segundo Mendes, com a conclusão desta fase de salvamento arqueológico, os estudos continuarão com coletas adicionais e mapeamento detalhado.
O processo inclui o registro fotográfico e o desenho técnico da embarcação, o que permitirá uma compreensão mais profunda do contexto histórico em que ela está inserida. A equipe continuará acompanhando o material para futuras análises e documentação.
A embarcação possui 22 metros de comprimento, 7 metros de largura e 2,25 metros de profundidade. Ela foi dividida em três partes para facilitar o processo de remoção: a proa e duas áreas centrais denominadas “mesial”. A complexidade do transporte exigiu planejamento logístico cuidadoso para garantir a preservação das peças.
A previsão é que o terceiro segmento da embarcação seja transportado para um laboratório localizado no estacionamento de uma faculdade particular, próxima ao Porto Futuro I. Após o processo de restauração, a embarcação será exposta ao público nesse local.
O governo do estado informou que o processo de restauração terá duração aproximada de 150 dias, equivalente a cinco meses. Durante esse período, a embarcação passará por diversas fases de limpeza e conservação.
A arquiteta Tainá Arruda é a responsável pelo processo de restauração da embarcação. O trabalho inclui a montagem de uma estrutura elevada que acomodará as três partes que compõem a embarcação. Essa estrutura facilitará tanto o restauro quanto a futura exposição ao público.
Segundo Tainá, o processo de restauro envolve análises laboratoriais e a limpeza minuciosa de todo o material. A equipe buscará o procedimento mais adequado para garantir a preservação das características originais da embarcação.
Após a conclusão da restauração, a embarcação será exposta ao público no local onde o laboratório está instalado. A exposição permitirá que a população tenha acesso a esse achado arqueológico, contribuindo para a valorização da história da cidade.
A embarcação encontrada pode fornecer informações relevantes sobre a formação urbana de Belém e as mudanças na relação da cidade com seus rios e igarapés. No século XIX, essas vias aquáticas eram essenciais para a locomoção, antes do processo de aterramento e asfaltamento da cidade.
O local onde a embarcação foi encontrada já foi um importante entreposto econômico e portuário. Com o passar do tempo, a área se transformou em um bairro comercial e habitacional, perdendo sua conexão direta com a identidade portuária original.
O estudo da embarcação pode revelar detalhes sobre a economia, o transporte e a vida cotidiana de Belém no século XIX, além de ajudar a entender como as mudanças urbanas afetaram a relação da cidade com seus recursos naturais.
Após a retirada completa da embarcação, os estudos continuarão com a realização de mapeamentos detalhados, registros fotográficos e análises técnicas. Esses procedimentos visam aprofundar o conhecimento sobre o contexto histórico da embarcação e seu papel na história da cidade.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) continuará acompanhando o processo, garantindo que todas as etapas sigam os protocolos de preservação. O objetivo é proteger o patrimônio histórico e promover o acesso da população às informações obtidas.
A exposição pública da embarcação restaurada contribuirá para a valorização do patrimônio histórico e para o fortalecimento da identidade cultural de Belém, proporcionando à população a oportunidade de conhecer mais sobre o passado da cidade.
Fonte: Agenciapara, G1 e Dol.