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Entenda como astrônomos profissionais confundiram carro elétrico de Elon Musk com asteroide

Imagine olhar para o céu e descobrir que o “asteroide” em rota excêntrica perto da Terra é, na verdade, um Tesla Roadster lançado por Elon Musk. Em 2018, o carro foi enviado ao espaço pelo foguete Falcon Heavy e, anos depois, confundiu astrônomos, levantando debates sobre a identificação de objetos espaciais.
Publicado em Notícias dia 28/01/2025 por Alan Corrêa

No início deste mês, o Minor Planet Center (MPC), aquele braço da União Astronômica Internacional que parece estar constantemente ocupado descobrindo coisas flutuando por aí, anunciou um novo asteroide com nome de código bem criativo: 2018 CN41. O dito cujo chamou atenção porque não só tinha uma órbita completamente maluca, mas também estava passando perigosamente perto da Terra – quando digo perto, quero dizer que ele cruzava até a órbita lunar, ficando a menos de 240 mil quilômetros de distância. Um suspiro cósmico, basicamente. Todo mundo entrou em pânico por alguns segundos e já estavam prontos para rotular o objeto como mais um NEO (Near-Earth Object). Algo que poderia acabar em um daqueles filmes de desastre com o Bruce Willis.

Pontos Principais:

  • O objeto foi inicialmente classificado como o asteroide 2018 CN41.
  • O Tesla Roadster foi lançado em 2018 pela SpaceX na missão Falcon Heavy.
  • O erro ocorreu devido à trajetória excêntrica do veículo no espaço.
  • Outros objetos artificiais já foram confundidos com asteroides anteriormente.

Mas então, antes que alguém pudesse imprimir camisetas do “Asteroide do Apocalipse”, veio a reviravolta digna de um filme de comédia. Menos de 24 horas depois, o MPC emitiu uma correção. E que correção. Aparentemente, o asteroide ameaçador não era um asteroide, mas sim… espere por isso… um Tesla Roadster! Sim, aquele carro elétrico que Elon Musk mandou para o espaço em 2018, durante o lançamento do Falcon Heavy. Ah, e não podemos esquecer do Starman, o manequim astronauta ao volante, que deve estar ouvindo David Bowie enquanto faz curvas exageradas numa órbita completamente sem sentido pelo cosmos.

Essa confusão hilária acabou servindo como um lembrete de que catalogar coisas no espaço está se tornando um pesadelo astronômico, especialmente com a quantidade crescente de lixo espacial e outros objetos artificiais que decidimos jogar no cosmos. Talvez seja hora de investir em um estacionamento orbital antes que confundam uma bicicleta elétrica com um cometa.

Histórico do Tesla Roadster no espaço

O Tesla Roadster foi lançado ao espaço em fevereiro de 2018 como parte da missão inaugural do foguete Falcon Heavy, da SpaceX. A bordo do veículo, um manequim apelidado de Starman foi posicionado no banco do motorista, vestindo um traje espacial desenvolvido pela própria empresa. A ideia por trás do lançamento foi demonstrar a capacidade do Falcon Heavy de transportar cargas ao espaço.

Desde o lançamento, o Roadster tem seguido uma órbita que cruza as trajetórias da Terra e de Marte. Estudos realizados em 2018 indicaram que, embora o veículo não represente um risco imediato para a Terra, existe uma pequena probabilidade de colisão com o planeta no futuro. As análises sugerem uma chance de 22% de o carro atingir a Terra em milhões de anos, além de 12% de probabilidade de colisão com Vênus e 12% de atingir o Sol.

A próxima aproximação significativa do Tesla Roadster com a Terra está prevista para 2047. Neste evento, o carro deverá passar a cerca de cinco milhões de quilômetros do planeta. Porém, devido às interações gravitacionais com outros corpos celestes, a trajetória do veículo é considerada imprevisível a longo prazo.

Erros de identificação no espaço

A confusão envolvendo o Tesla Roadster e sua classificação inicial como asteroide não é um caso isolado. Em 2007, a sonda Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA), foi erroneamente identificada como um asteroide. Esse tipo de equívoco ocorre porque os objetos artificiais no espaço, como estágios de foguetes ou satélites desativados, podem apresentar trajetórias e características semelhantes às de corpos naturais.

A descoberta inicial do suposto asteroide 2018 CN41 foi baseada em observações que indicavam uma órbita excêntrica e uma trajetória próxima à Terra. No entanto, a análise mais detalhada revelou que se tratava do estágio superior do foguete Falcon Heavy, que continua transportando o Roadster pelo espaço. Esse tipo de erro reforça a necessidade de maior atenção na catalogação de objetos espaciais, especialmente em um momento de crescente atividade de lançamentos.

Impactos da crescente atividade espacial

A confusão envolvendo o Tesla Roadster chama atenção para um problema cada vez mais recorrente: a dificuldade de identificar corretamente objetos artificiais em um espaço cada vez mais congestionado. O aumento do número de satélites, estágios de foguetes e outros detritos espaciais intensifica os desafios na observação e catalogação de corpos celestes.

Especialistas destacam que a transparência e o rastreamento eficiente de objetos espaciais são fundamentais para evitar confusões como essa. Além disso, o monitoramento de detritos espaciais e sua distinção de asteroides naturais são passos importantes para garantir a segurança de futuras missões espaciais e evitar alertas desnecessários sobre possíveis colisões.

A comunidade científica também aponta para a necessidade de padrões internacionais que promovam a identificação e o rastreamento de objetos artificiais. Sem uma estrutura adequada, incidentes como a identificação errônea do Tesla Roadster podem se tornar mais frequentes, comprometendo os esforços globais de estudo e monitoramento do espaço.

Considerações sobre o futuro do Tesla Roadster

Apesar de sua trajetória errática e das interações gravitacionais com planetas próximos, o Tesla Roadster não representa uma ameaça imediata para a Terra. No entanto, sua presença no espaço serve como um lembrete da crescente influência das atividades humanas fora do planeta.

O carro elétrico de Elon Musk é um exemplo de como os avanços tecnológicos e as iniciativas privadas podem moldar o futuro da exploração espacial. Ao mesmo tempo, a confusão inicial sobre sua identificação reforça a importância de aprimorar os métodos de observação e catalogação de objetos espaciais.

Com a previsão de novos encontros do Roadster com a Terra nas próximas décadas e as mudanças contínuas em sua órbita, o veículo continua a ser monitorado como um objeto artificial de interesse. A experiência com o Tesla Roadster também pode servir como um caso de estudo para melhorar os processos de identificação e classificação de corpos celestes.

Fonte: Wikipedia, Olhardigital, Revistagalileu, Tecmundo e Autoo.