História

Há 50 anos: como a BMW usou o automobilismo para se destacar nos EUA e a vitória da BMW Motorsport e do Poderoso CSL nas 12 Horas de Sebring de 1975

Em 1975, a BMW precisava se destacar nos EUA sem publicidade direta. A solução? Correr. Com o BMW 3.0 CSL, a marca entrou na IMSA e, após um início difícil em Daytona, conquistou a vitória em Sebring. Esse triunfo marcou o início da BMW Motorsport na América, fortalecendo sua presença e identidade no automobilismo.
Publicado em História dia 8/02/2025 por Alan Corrêa

Há meio século, um carro alemão cruzou a linha de chegada em Sebring e marcou o início de uma nova fase para uma marca que queria ser mais do que apenas mais uma fabricante de automóveis. A BMW Motorsport, com seu BMW 3.0 CSL, venceu as 12 Horas de Sebring de 1975 e estabeleceu uma identidade que iria muito além da Europa. A corrida foi muito mais do que apenas um troféu para a equipe: foi uma declaração de intenções para o mercado norte-americano.

Pontos Principais:

  • A BMW Motorsport foi criada em 1972 para fortalecer a presença da marca nas competições.
  • A equipe encontrou nos EUA uma alternativa para expandir sua imagem sem publicidade direta.
  • O BMW 3.0 CSL competiu na IMSA, enfrentando modelos da Porsche e Ford.
  • A vitória em Sebring consolidou a BMW Motorsport e impulsionou a marca nos EUA.

A BMW estava expandindo sua operação nos Estados Unidos, mas havia um obstáculo. A empresa não podia fazer propaganda de seus carros por causa de um contrato com o importador independente Max Hoffman. Isso significava que a marca precisava encontrar outra forma de chamar a atenção do público. Foi quando Bob Lutz, executivo da BMW, percebeu que uma alternativa estava disponível: corridas. Não havia nada no contrato que impedisse a BMW de competir, e foi exatamente isso que ela fez.

A Porsche já utilizava o automobilismo como ferramenta de marketing nos Estados Unidos, e Lutz sabia que a BMW poderia seguir pelo mesmo caminho. A marca já tinha um histórico nas pistas, mas precisava de um esforço organizado para obter resultados concretos. Assim, a BMW Motorsport nasceu oficialmente em 1972, com um objetivo claro: competir e vencer. O BMW 3.0 CSL foi o carro escolhido para essa missão, e Sebring foi o local onde esse plano se tornaria realidade.

O início da BMW Motorsport

O projeto da BMW Motorsport começou com a criação de um carro capaz de competir de igual para igual com os modelos de outras montadoras. A Alpina já havia desenvolvido uma versão mais leve do cupê da BMW, mas não conseguia fabricar as 1.000 unidades necessárias para homologação no Grupo 2. A BMW interveio, garantiu a produção e colocou o 3.0 CSL nas pistas.

O primeiro grande desafio foi o Campeonato Europeu de Carros de Turismo (ETCC) de 1973. A BMW Motorsport competiu contra Ford Capri e Porsche Carrera RSR, e o resultado foi positivo. A equipe venceu várias corridas, garantindo o título de construtores e provando que estava no caminho certo.

Mas nem tudo foi fácil. Em 1974, a crise energética afetou a Europa, e a BMW precisou reconsiderar sua estratégia. Correr na Europa já não fazia tanto sentido, e os olhos da empresa se voltaram para os Estados Unidos. Com a BMW assumindo o controle da distribuição norte-americana, o automobilismo parecia a ferramenta ideal para fortalecer a presença da marca.

O plano para os Estados Unidos

Com a saída de Bob Lutz para a Ford Europa no final de 1974, coube a Hans-Erdmann Schönbeck levar o projeto adiante. O plano era simples: a BMW Motorsport entraria na competição da International Motor Sports Association (IMSA) na América do Norte com o BMW 3.0 CSL, agora preparado para a classe GT do Grupo 4.

A equipe estabeleceu sua base em Hueytown, Alabama, em um espaço alugado da equipe de NASCAR de Bobby Allison. Com uma equipe enxuta, mas determinada, os engenheiros Martin Braungart e Rainer Bratenstein, junto com seis técnicos e o piloto Hans-Joachim Stuck, prepararam dois carros para a temporada de 1975.

A estreia foi nas 24 Horas de Daytona. O carro estava rápido e chamava a atenção, mas os dois CSL tiveram problemas e não terminaram a corrida. Apesar disso, a BMW conseguiu um feito importante: despertou o interesse dos fãs norte-americanos. O esquema de pintura tricolor e o desempenho promissor mostraram que a BMW Motorsport era um novo nome a ser observado no automobilismo dos Estados Unidos.

A vitória em Sebring

No dia 15 de março de 1975, a disputa entre a BMW e Max Hoffman foi resolvida. Isso significava que a BMW já poderia assumir sua operação oficial nos Estados Unidos. Menos de uma semana depois, a equipe chegou a Sebring para a segunda corrida da temporada da IMSA.

Dessa vez, a estratégia foi diferente. O BMW 3.0 CSL #24, pilotado por Hans Stuck e Sam Posey, foi encarregado de forçar os Porsches ao limite. Enquanto isso, o carro #25, com Brian Redman e Alan Moffat, manteve um ritmo mais controlado, pronto para aproveitar qualquer erro dos adversários.

A tática funcionou. O Porsche líder abandonou a corrida, e o BMW 3.0 CSL #25 assumiu a ponta. Redman, que enfrentou problemas no alternador durante a noite, manteve o carro na pista até o final, garantindo a vitória para a BMW Motorsport. Foi um momento crucial para a equipe e para a marca.

O impacto da vitória

A BMW Motorsport conquistou cinco vitórias na temporada de 1975, incluindo um 1-2 em Riverside, na presença de executivos da BMW. A marca aproveitou a exposição para lançar um novo slogan nos Estados Unidos: “The Ultimate Driving Machine”, consolidando sua identidade no mercado.

O campeonato daquele ano terminou com a Porsche e Peter Gregg no topo da classificação geral, mas o objetivo da BMW já havia sido alcançado. A marca provou sua competitividade e ganhou reconhecimento entre os fãs de automobilismo norte-americanos.

A partir daquele momento, o nome BMW deixou de ser um mistério para os consumidores dos Estados Unidos. A vitória em Sebring foi apenas o começo de uma jornada que transformaria a BMW Motorsport em um dos nomes mais respeitados do automobilismo mundial.

Fonte: BMW.