O descarte de carros antigos é uma prática comum nos Estados Unidos, principalmente quando os custos de reparo se aproximam ou superam o valor de mercado do veículo. O exemplo recente de Eliane Farmer, residente em Massachusetts, ilustra essa realidade: seu Jeep Cherokee 2013, com problemas de superaquecimento, foi considerado inviável para conserto, levando a decisão de substituí-lo.
Pontos Principais:
Eliane e seu marido decidiram substituir o Jeep Cherokee, que já tinha rodado mais de 220 mil km, por um veículo novo. Consultando mecânicos, estimaram que o conserto custaria entre US$ 3.000 e US$ 3.500, valor semelhante ao do próprio carro no mercado de usados. Diante disso, optaram por usar o dinheiro que seria gasto na manutenção como entrada em uma nova picape GMC.
A decisão não é isolada. Outra história semelhante é a de Grace Baumstark, na Flórida. Proprietária de um Hyundai Santa Fe 2012 avaliado em US$ 4.000, Baumstark enfrentou um orçamento de US$ 2.700 para consertar a transmissão. Escolheu levar o carro a um ferro-velho e recebeu US$ 600 pelo veículo, que foi substituído por um modelo mais novo.
O custo elevado de mão-de-obra também influencia esse comportamento. Segundo Bruno Venditti, que trabalha na área de finanças automotivas, um mecânico pode cobrar até US$ 180 apenas para avaliar o veículo. Com carros zero km a partir de US$ 20 mil nos Estados Unidos, a substituição torna-se uma escolha lógica para muitos consumidores.
Por outro lado, o descarte de carros não é sempre simples. Em Massachusetts, por exemplo, Farmer relatou que foi necessário pagar cerca de US$ 600 para descartar seu Jeep em um ferro-velho, devido aos custos associados à reciclagem e às regulamentações ambientais. Esses custos cobrem desde a remoção de fluidos tóxicos até a separação e o tratamento de materiais como plástico e vidro.
No entanto, existem alternativas. Programas estaduais permitem que os proprietários doem seus veículos para instituições de caridade, garantindo deduções no imposto de renda. Isso beneficia tanto o meio ambiente quanto organizações que utilizam os recursos gerados para ações sociais.
A situação também reflete o impacto cultural e econômico de um mercado onde a moeda forte e os veículos acessíveis tornam os reparos menos atraentes. Nos Estados Unidos, essa dinâmica é reforçada pela exigência de inspeções anuais em muitos estados, que obrigam os proprietários a manter os veículos em condições operacionais mínimas.
Enquanto Eliane Farmer aguarda o destino final de seu Jeep, a prática de descartar carros antigos nos EUA continua gerando debates. Os custos envolvidos e as alternativas disponíveis tornam essa decisão mais complexa do que aparenta, exigindo ponderação entre fatores econômicos e ambientais.