A modelo Raquel Possu, de 25 anos, relatou ter sido vítima de assédio sexual em um ônibus da empresa Nova Itapemirim, durante viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo o relato publicado nas redes sociais, ela acordou com a mão do passageiro ao lado sobre sua perna e percebeu que o homem estava com o zíper aberto e o pênis exposto.
Pontos Principais:
O caso teria ocorrido no dia 25 de março. A passageira tentou falar com o motorista usando o interfone do ônibus, mas não foi atendida. Ela desceu até o andar inferior do veículo e relatou o que aconteceu na parada seguinte. O motorista ofereceu duas opções: descer e se sentar no piso inferior ou formalizar a denúncia. Raquel optou por ambas.
Ao chegar à nova parada, o motorista acionou a polícia rodoviária. Os policiais orientaram que ela disfarçasse para que o suspeito não percebesse a denúncia. Ela retornou ao assento e o homem voltou a se sentar ao seu lado. Na sequência, a modelo se mudou de lugar, buscando segurança.
No entanto, o motorista informou que os policiais não iriam mais comparecer devido a outra ocorrência. Raquel solicitou acesso às imagens das câmeras do ônibus, mas a resposta recebida foi um comentário do motorista sobre o suspeito “ter cara de pervertido”.
Durante o restante da viagem, Raquel entrou em contato com um amigo, que se dirigiu ao terminal com apoio da polícia. O suspeito foi impedido de deixar o local e ambos foram encaminhados à delegacia, onde permaneceram até as três da manhã. A vítima saiu apenas com o boletim de ocorrência.
A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro confirmou que o caso foi registrado na 4ª DP da Presidente Vargas e está sob investigação. A empresa Nova Itapemirim emitiu nota pública alegando ter feito uma apuração interna e analisado seis horas de gravações, nas quais diz não ter identificado irregularidades.
A nota da empresa afirma que as imagens e um relatório teriam sido enviados à polícia. Porém, segundo o advogado da vítima, Pedro Henrique Toledo, não há qualquer registro de que a empresa tenha de fato encaminhado esse material à delegacia. O escrevente da 4ª DP teria confirmado que nada foi anexado até o momento.
A defesa também afirmou que a modelo não se sente segura para permanecer em sua residência e denunciou que a empresa, ao se manifestar nas redes sociais, expôs dados pessoais da vítima enquanto manteve as informações do acusado em sigilo.
Raquel e sua equipe jurídica notificaram a Nova Itapemirim extrajudicialmente, pedindo a retirada do conteúdo que divulga seus dados. A empresa não respondeu ao pedido nem aos Correios, segundo o advogado. A publicação continua visível nas redes da empresa.
Em sua nota oficial, a Nova Itapemirim declarou repudiar “acusações infundadas” e reforçou seu compromisso com ética e segurança, alegando que o motorista agiu com profissionalismo ao realocar a passageira ao piso inferior do ônibus para preservar sua integridade.
Ainda segundo a empresa, não houve solicitação oficial da vítima para acesso às imagens. No entanto, a defesa afirma que os vídeos foram solicitados e a empresa se recusou a fornecê-los. Afirmam ainda que a postagem institucional é mais uma tentativa de descredibilizar a denunciante.
O caso segue em segredo de justiça.