Uma das grandes promessas da Fiat era o desenvolvimento de um motor 1.3 turbo movido a energia vegetal (etanol). O motor seria desenvolvido no Brasil e teria patente nacional. Mas o projeto foi abandonado pela fabricante.
A proposta seria de dar uma sobrevida aos veículos com motorização à combustão, mesmo depois que os eletrificados tomassem conta do mercado, o que vem acontecendo de forma rápida e irreversível. Mas isso não será mais uma opção.
O motor E4, uma versão do 1.0 GSE Turbo e focado na queima de combustível vegetal, foi anunciado há dois anos, junto com um investimento de mais de R$ 500 milhões. É verdade que o investimento também inclui a nova família de motores 1.0 turbo que equipará o novo SUV da Fiat, o Progetto 363.
Esse projeto seria voltado para reduzir o gap de 30% que existe entre o desempenho do etanol em relação à gasolina, de maneira a tornar o combustível vegetal mais vantajoso. Além disso, o projeto teria uma patente nacional, o que provavelmente reduziria o seu custo para consumidor final.
Ao que tudo indica, essa ideia já era antiga na Fiat, desde dos motores 1.4 T-Jet, e foi registrado no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) em fevereiro de 2013 sob o título de “motor a etanol de elevada eficiência”.
Esse registro no INPI não foi desperdiçado. Na verdade, o projeto do motor E4 serviu como “cobaia” para o desenvolvimento e criação do motor 1.3 GSE Turbo. Mas o desenvolvimento de motores movidos exclusivamente a etanol foi descartado pela Stellantis.
Um dos principais motivos desse abandono é justamente o comportamento do consumidor. Esse motor seria utilizado para equipar modelos como o Fiat Toro e o Jeep Compass. Mas a verdade é que o público que utiliza esses modelos não está muito preocupado com o preço do combustível.
Se a proposta do motor turbo focado no etanol era interessante, a proposta trazida pelo motor 1.3 GSE Turbo é tão boa quanto, e ainda mais moderna. Esse motor, que já está equipando a nova Toro e equipará também o Compass 2022, conta com uma tecnologia avançada que proporciona o melhor consumo tanto para gasolina quanto para etanol.
Isso é possível graças ao conjunto do motor que conta com um turbocompressor, injeção direta e quatro válvulas por cilindro e comando de válvulas Multiair. Um motor muito moderno e com tecnologias exclusivas.
Por exemplo, o sistema MultiAir, que conta com uma câmara hidráulica gerenciada por solenóides (válvulas eletromagnéticas) em cada cilindro, que controla a quantidade de óleo na câmara e define o momento da abertura das válvulas.
O resultado é uma entrega maior de potência em altas rotações, um torque maior em baixas rotações e um aproveitamento melhor da queima de combustível. Com isso tudo, o motor focado apenas no etanol perde o interesse, tanto mais que as montadoras já estão trabalhando no desenvolvimento de motores elétricos.