O Aston Martin Valour foi criado para comemorar os 110 anos da marca britânica, trazendo uma proposta nostálgica que evoca o passado glorioso dos carros com câmbio manual e motores potentes. Equipado com um motor V12 de 705 cavalos de potência, o Valour oferece uma experiência de condução pouco comum em 2024, uma época dominada por carros automáticos e tecnologias avançadas. No entanto, essa escolha levanta questionamentos sobre sua adequação no mercado atual.
A produção do Valour é limitada a 110 unidades, cada uma custando mais de um milhão de libras. O modelo possui uma aparência robusta, com design que remete ao Aston Martin Victor, um modelo único encomendado em 2021. Apesar de compartilhar elementos com o V12 Vantage, o Valour se destaca por suas linhas agressivas e detalhes que lembram o passado da marca, como a enorme grade dianteira e os faróis projetados. A ausência de sistemas de assistência, como o “rev match” automático e indicadores de marchas, reforça sua proposta analógica.
Ao volante, o Valour exige habilidade do motorista. Diferente dos modelos automáticos, o câmbio manual de seis marchas proporciona uma condução mais participativa. A transmissão foi desenvolvida em parceria com a Graziano, garantindo trocas suaves e precisas. O motor V12 oferece uma entrega de potência progressiva, com um torque significativo a partir das 4.000 rotações por minuto, o que torna a condução emocionante, mas controlada.
O interior do Valour combina elementos clássicos e modernos. A Aston Martin optou por forrar os assentos e o teto com um tecido tweed, trazendo um toque nostálgico ao habitáculo. Os pedais, dispostos para facilitar técnicas como o heel-and-toe, mostram a atenção ao detalhe que a marca empregou no desenvolvimento deste carro. No entanto, o espaço interno é reduzido, com janelas laterais pequenas e a ausência de um vidro traseiro, o que pode tornar o ambiente um pouco claustrofóbico.
O Valour não é um carro para quem busca o desempenho mais rápido. Apesar de seu potente motor V12, a experiência de dirigir o Valour está mais centrada no prazer de utilizar o câmbio manual e sentir a resposta do carro. A Aston Martin fez melhorias no chassi e na suspensão, tornando o modelo mais adequado para estradas sinuosas e garantindo uma condução suave, sem a rigidez excessiva de um carro de pista.
Com a criação do Valour, a Aston Martin preenche um nicho que poucos fabricantes estão dispostos a explorar: o de carros analógicos em uma era digital. A Ferrari, Lamborghini e McLaren, por exemplo, estão focadas em tecnologias mais modernas e na busca incessante por mais velocidade. O Valour, por outro lado, se destaca pela simplicidade de sua proposta, algo que atrai um público específico, disposto a pagar caro pela experiência de dirigir um carro que remete ao passado.
Embora o Valour traga um resgate do prazer de dirigir, sua produção limitada e preço elevado levantam a questão de sua relevância no cenário atual. Será que ainda há espaço para carros tão exclusivos e com uma abordagem tão tradicional em um mercado que caminha para a eletrificação e automação?
Fonte: AstonMartin e TopGear.