O estudo realizado por Roberto Marx, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e Tiago Zillio, aluno do curso de Engenharia de Produção, foca na análise comparativa entre ônibus elétricos e a diesel. A pesquisa, voltada para a aplicação na cidade de São Paulo, busca avaliar os custos e as emissões de carbono associados a cada tipo de motorização durante todo o ciclo de vida dos veículos, desde a produção até o descarte.
Os resultados do estudo indicam que, embora os ônibus elétricos apresentem um custo inicial de capital significativamente mais alto, os custos operacionais mais baixos e a eficiência energética superior podem compensar esses valores iniciais ao longo do tempo. A pesquisa também acompanha as emissões de poluentes, observando a eficiência do motor elétrico para converter energia em quilometragem e o impacto do uso de fontes renováveis de energia.
A necessidade de avaliar a eficiência energética e as emissões de carbono se mostra fundamental em um cenário de crescente preocupação com as mudanças climáticas. O estudo busca fornecer uma base de dados robusta que possa auxiliar na tomada de decisões sobre políticas públicas e estratégias de transporte urbano focadas na sustentabilidade.
“É um trabalho inédito e tem resultados interessantes no momento em que a cidade de São Paulo e seu prefeito atual tem pretensões nessa área. São Paulo, juntamente com a Lei do Clima, tem um processo continuado de descarbonização”, explica.
O estudo apresenta uma comparação detalhada dos custos associados à aquisição e manutenção de ônibus elétricos versus ônibus a diesel. Inicialmente, os ônibus elétricos são mais caros devido, principalmente, ao alto custo das baterias. No entanto, os custos com combustível e manutenção dos ônibus a diesel acabam por elevar os custos operacionais desses veículos ao longo do tempo.
De acordo com Tiago Zillio, a análise de custo mostra que os ônibus elétricos são apenas menos de 1% mais caros no ciclo de vida total, comparados aos ônibus a diesel, quando se considera a economia gerada pela eficiência do motor elétrico. Este ponto é crucial para entender a viabilidade econômica dos ônibus elétricos a longo prazo, principalmente em grandes centros urbanos onde a frequência de uso é maior.
“Por conta do motor elétrico ser mais eficiente do que o motor de combustão interna, no que se refere ao custo de abastecimento, eles têm custo muito menor do que os ônibus a diesel e, no ciclo de vida, são menos de 1% mais caros apenas. Então, é um investimento que vale a pena, porque eles custam quase o mesmo, mas são menos prejudiciais ao meio ambiente”, esclarece.
Em relação às emissões de carbono, o estudo destaca que os ônibus elétricos inicialmente emitem mais CO2 devido à produção de baterias. Contudo, essa desvantagem é progressivamente mitigada pela maior eficiência dos motores elétricos e pelo uso de energia renovável. Essa transformação resulta em uma redução significativa das emissões totais de carbono ao longo da vida útil do veículo.
A cidade de São Paulo enfrenta desafios significativos na implementação de uma frota de ônibus elétricos, conforme destacado por Roberto Marx. Um dos principais problemas é a capacidade da infraestrutura de energia elétrica existente, que pode não ser suficiente para suportar o carregamento de uma grande frota de ônibus elétricos.
Outro aspecto considerado pelo estudo é a necessidade de diversificar as soluções de motorização. A dependência exclusiva de ônibus elétricos pode não ser a abordagem mais eficaz, dadas as limitações atuais e os custos associados. Explorar uma combinação de veículos elétricos e outras tecnologias limpas pode ser uma estratégia mais adaptável e sustentável a longo prazo.
A pesquisa enfatiza a importância de políticas públicas que apoiem a transição para um transporte menos poluente. Isso inclui incentivos para a adoção de veículos elétricos, investimentos em infraestrutura de recarga e a atualização de leis ambientais para suportar essas mudanças.
“Temos a necessidade de considerar uma diversidade de alternativas de motorização e, com isso, poder caminhar em passos cada vez mais largos no sentido de estabelecer e alcançar as metas dessa lei, que estão atrasadas. Também é preciso observar essa parte da rede de recarga, pois vai ser muito difícil para a cidade de São Paulo conseguir abastecer todos os veículos”, finaliza.
*Com informações do Jornal da USP.