No Brasil, a implementação das placas padrão Mercosul começou efetivamente em 2018 e se tornou obrigatória em 2021. A principal característica dessas novas placas é que elas padronizam um formato comum para todos os países membros do Mercosul, o que inclui Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela. A adoção dessa nova placa teve como objetivo facilitar a circulação e identificação dos veículos dentro dos países do bloco.
Historicamente, as placas brasileiras incluíam informações sobre o estado e a cidade onde o veículo era registrado. Essa característica foi removida com a introdução das placas Mercosul, que agora mostram apenas a bandeira do país de origem do veículo. A decisão de remover as identificações locais foi tomada para que as placas permaneçam com o veículo por toda sua vida útil, independentemente de transferências de propriedade ou mudanças de localização geográfica.
A proposta de retomada da exibição de cidade e estado nas placas veiculares foi introduzida pelo senador Esperidião Amin e está atualmente em tramitação no Congresso Nacional. O projeto de lei busca alterar novamente o padrão das placas Mercosul para incluir novamente essas informações.
O Projeto de Lei proposto argumenta que a inclusão dos nomes da cidade e do estado na placa facilitaria a identificação visual do veículo, especialmente em casos de infrações de trânsito, roubos, furtos e outros crimes relacionados a veículos. Essa mudança permitiria que autoridades e cidadãos identificassem mais rapidamente e de forma eficiente a origem dos veículos.
Além disso, a reintrodução dessas informações nas placas poderia ajudar no levantamento de dados estatísticos para cidades turísticas, que poderiam identificar de onde vêm seus visitantes de forma mais clara. A proposta sugere que essa mudança poderia reforçar o vínculo dos cidadãos com suas regiões, aumentando o senso de pertencimento e o orgulho local.
O projeto foi recentemente aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e será encaminhado para análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Se aprovado pela CCJ, ainda precisará passar pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) antes de ser sancionado pelo presidente da República e se tornar lei.
A implementação dessa mudança na identificação veicular pode resultar em diversos impactos. Em primeiro lugar, há considerações sobre os custos de implementação das novas placas, que deverão ser assumidos pelos órgãos de trânsito e possivelmente repassados aos proprietários de veículos. Esses custos incluem a produção das novas placas e a atualização dos sistemas de registro.
Por outro lado, há uma preocupação sobre o impacto dessa mudança para veículos que já possuem as placas no padrão atual do Mercosul. De acordo com o texto do projeto de lei, as mudanças só afetarão os novos emplacamentos realizados um ano após a promulgação da lei, o que significa que os veículos já emplacados não serão obrigados a trocar suas placas.
Finalmente, é importante considerar os possíveis benefícios em termos de segurança pública. A facilidade de identificação dos veículos pode contribuir para a resolução mais rápida de crimes e infrações, proporcionando às autoridades uma ferramenta adicional em suas atividades de monitoramento e fiscalização do trânsito.
A discussão em torno da proposta de alteração nas placas do Mercosul é ampla e envolve diversas partes interessadas, incluindo autoridades de trânsito, proprietários de veículos, especialistas em segurança e a população em geral. Enquanto alguns veem a mudança como um retorno a uma prática que facilita a identificação e aumenta a segurança, outros preocupam-se com os custos e a complexidade de implementar uma nova alteração em um sistema que foi recentemente modificado.
Além disso, a proposta levanta questões sobre a identidade regional e a importância de se reconhecer as origens dos veículos em um contexto de mobilidade crescente. A evolução dessa legislação será determinante para entender como o Brasil equilibra essas diversas preocupações dentro do contexto do Mercosul.
Enquanto a proposta segue em tramitação, será crucial acompanhar as etapas legislativas e as discussões subsequentes para avaliar se os benefícios propostos pela reintrodução das informações de cidade e estado nas placas superam os desafios e custos associados a essa mudança. A decisão final, portanto, deverá considerar tanto os impactos práticos quanto as implicações culturais e identitárias da medida.
*Com informações do Senado, AgênciaBrasil, Quatrorodas e Infomoney.