A policial militar Mayara Kelly Mota, do Ceará, foi advertida após a divulgação de vídeos em suas redes sociais. Segundo a Polícia Militar, as gravações violaram artigos do Código Disciplinar ao promover a imagem pessoal da agente enquanto ela usava a farda da corporação.
Pontos Principais:
A decisão foi divulgada na sexta-feira, 4 de abril, após sindicância conduzida pela corporação. Os conteúdos analisados mostram Mayara Kelly lavando uma viatura da Polícia Militar e explicando como utilizar um torniquete. As imagens foram publicadas em 2023, quando a agente ainda compartilhava momentos da rotina policial em suas redes.
A militar acumula mais de 41 mil seguidores no Instagram e atualmente publica vídeos sobre sua vida pessoal, principalmente relacionados à maternidade. Nos vídeos que motivaram a sanção, a policial aparece fardada em ambiente institucional.
Em um dos vídeos, publicado em abril de 2023, ela aparece limpando uma viatura no pátio de um quartel e comenta sobre a atuação feminina em funções operacionais dentro da corporação. Em outro, de julho do mesmo ano, demonstra a aplicação correta de um torniquete, técnica usada para conter sangramentos graves.
A Polícia Militar do Ceará citou quatro dispositivos do Código Disciplinar como fundamento da punição. Entre eles, está a proibição de promover imagem pessoal com o uso da farda e de divulgar assuntos administrativos que possam afetar a reputação da instituição.
Segundo a corporação, a sindicância respeitou o direito ao contraditório e à ampla defesa. A pena de permanência disciplinar pode ser contestada por meio de recurso. A decisão ainda não é definitiva.
A defesa da policial é conduzida por Francisco Sabino, da Associação das Praças Militares do Estado do Ceará (Aspra), que declarou que a agente não feriu nenhuma norma. Ele argumenta que os vídeos possuem caráter educativo e são de utilidade pública.
Sobre a gravação que mostra o uso do torniquete, Sabino explica que a motivação foi pessoal. O irmão da policial, também militar, foi baleado em serviço e sobreviveu após utilizar a técnica. Segundo o advogado, a publicação pode contribuir para salvar vidas.
Em relação ao vídeo da limpeza da viatura, a defesa afirma que a policial exaltou a atuação das mulheres em funções tradicionalmente masculinas e não revelou qualquer informação sensível da corporação.
O advogado questiona ainda os critérios utilizados para considerar as publicações uma violação. Para ele, não houve divulgação de documentos ou táticas policiais que possam comprometer a segurança institucional.
O caso provocou debate nas redes sociais sobre os limites do uso de fardas em vídeos pessoais e a presença digital de servidores públicos. A repercussão também gerou manifestações de apoio e críticas à conduta da corporação.
Mayara Kelly segue atuando como policial militar enquanto aguarda a tramitação do recurso. A instituição não informou se há outros procedimentos administrativos em curso relacionados à agente.
Fonte: G1, Diariodonordeste e Metropoles.