Imagine você dirigindo por uma estrada longa e deserta, quando de repente, no horizonte, surge um carro que parece ter saído direto de um sonho febril de engenheiros brasileiros. Grande, barulhento, e com uma mecânica que faz qualquer Camaro tremer de medo. Não, não estamos falando de um muscle car americano, mas sim de uma criação genuinamente nacional. O Puma GTB, aquele que nasceu para ser o Camaro brasileiro, mas com um toque de engenhosidade tropical. Ele era grande, pesado, e claro, bebia combustível como se não houvesse amanhã, mas quem se importava? Ele carregava o orgulho de ser uma máquina feita no Brasil, com o motor do lendário Opala sob o capô.
Pontos Principais:
A sua origem não está nos vastos desertos dos Estados Unidos, mas sim nas ruas de São Paulo, onde um grupo de visionários decidiu que o Brasil também merecia um esportivo de grande porte. E é aqui que a história do Puma GTB realmente começa – uma lenda feita para as estradas e que, apesar de seus defeitos, deixava qualquer entusiasta com um sorriso no rosto ao apertar o acelerador.
Então, pegue o volante com as duas mãos, ajuste os espelhos e segure firme, porque essa é a história de como um carro brasileiro ousou desafiar os ícones globais e deixou sua marca nas estradas de um país que ainda aprendia a sonhar grande.
O Puma GTB é um modelo que surgiu pela iniciativa de Luiz Roberto Alves da Costa, Milton Masteguin, Mário César de Camargo Filho e Rino Malzoni, fundadores da Puma Veículos e Motores Ltda., uma empresa criada em 25 de agosto de 1963. A princípio, a empresa levava o nome de Sociedade de Automóveis Lumimari, uma junção das iniciais dos fundadores. Ao longo dos primeiros anos, a fábrica se destacou no mercado nacional, produzindo veículos esportivos de alto desempenho e estilo arrojado.
Com a demanda crescente por modelos maiores e mais confortáveis, a ideia do Puma GTB foi desenvolvida para atender a um público interessado nos esportivos americanos, como o Ford Mustang e o Chevrolet Camaro. O conceito diferia do Puma Volkswagen, que se inspirava em esportivos europeus de menor porte. O Puma GTB visava oferecer um carro de passeio, com motor dianteiro e de grande cilindrada, voltado para estradas.
O protótipo P8 foi finalizado em 1971, trazendo um design que lembrava o Aston Martin DBS. O modelo foi testado e analisado por especialistas do setor automotivo, sendo notado por seu conforto, espaço interno e silêncio, características ausentes no Puma GTE. Esse conjunto de qualidades fez do Puma GTB uma opção atrativa no mercado automotivo brasileiro.
O Puma GTB utilizava o motor de seis cilindros e 3,8 litros do Chevrolet Opala, que oferecia 171 cavalos de potência. Essa motorização proporcionava um bom desempenho, permitindo ao veículo acelerar de forma rápida e alcançar altas velocidades com facilidade. A estrutura do carro era baseada no chassi tubular, o que ajudava a garantir estabilidade durante a condução.
Um ponto de destaque era o comportamento quase neutro do veículo nas curvas, mesmo em altas velocidades, o que foi considerado um diferencial em relação a outros modelos esportivos disponíveis na época. Contudo, a suspensão traseira do GTB sofreu algumas críticas. O veículo abandonou o sistema de braços arrastados com molas helicoidais, presente no protótipo P8, para adotar o esquema Hotchkiss com molas semielípticas.
Em testes realizados por pilotos, como Emerson Fittipaldi, o carro apresentou alguns problemas de inclinação e oscilações em altas velocidades. Essas questões foram observadas, especialmente quando o carro superava os 130 km/h, apontando para uma necessidade de ajustes na suspensão traseira para garantir maior segurança.
Após o sucesso inicial do protótipo, o Puma GTB passou por um processo de redesenho que resultou na apresentação do modelo final no Salão de São Paulo, realizado entre novembro e dezembro de 1972. O veículo chamava a atenção pelo design, mas houve uma necessidade de mudança no nome original, que seria Puma GTO, em razão de conflitos com a marca General Motors, que já utilizava a sigla GTO em um modelo da Pontiac.
O nome foi alterado para Puma GTB, onde “GTB” passou a significar Gran Turismo Brasil. A produção do veículo, no entanto, só teve início em 1974. A primeira série de modelos, fabricada até 1977, se destacou pelas lanternas traseiras, que eram importadas da Suécia e originárias do Saab Sonett. Após 1977, os modelos seguintes receberam lanternas do Alfa Romeo 2300, com algumas alterações no design da traseira.
A produção do Puma GTB foi limitada, resultando em cerca de 710 unidades até a chegada do GTB S2, em 1979. Mesmo sendo um dos carros mais caros do mercado brasileiro na época, o GTB teve uma alta demanda, com filas de espera que chegavam a dois anos. O modelo foi bem aceito pelos consumidores que buscavam um carro esportivo de alto padrão e desempenho.
O Puma GTB apresentou uma série de especificações que o colocavam entre os modelos mais potentes de sua época. O motor era longitudinal, com seis cilindros em linha, e contava com 4.097 cm³ de cilindrada, com comando de válvulas no bloco e alimentação por carburador de corpo duplo. A potência do motor chegava a 171 cv a 4.800 rpm, e o torque era de 32,5 kgfm a 2.600 rpm, características que garantiam uma aceleração sólida e desempenho em alta velocidade.
A transmissão era manual de quatro marchas, com tração traseira, complementando a configuração mecânica voltada para a performance. A carroceria do Puma GTB era aberta, com duas portas e capacidade para dois ocupantes. As dimensões do veículo incluíam um comprimento de 430 cm, largura de 174 cm e altura de 126 cm, com um entre-eixos de 242 cm e peso total de 1.216 kg.
Os pneus eram de medidas 205/70 R14 na parte dianteira e 215/70 R14 na traseira, contribuindo para a estabilidade e aderência do veículo em diferentes tipos de superfície. Esses detalhes técnicos foram testados e aprovados por especialistas, que destacaram a solidez do modelo, mesmo com as limitações observadas na suspensão.
O Puma GTB marcou um momento importante na história do automobilismo brasileiro, sendo considerado uma alternativa nacional aos esportivos americanos. Sua produção limitada, somada ao alto custo, fez dele um veículo exclusivo e desejado por entusiastas. Mesmo décadas após o fim da sua produção, o Puma GTB continua sendo lembrado por sua contribuição para o desenvolvimento da indústria automotiva no Brasil.
Embora tenha sido criticado por alguns problemas técnicos, especialmente na suspensão, o Puma GTB conseguiu consolidar uma base fiel de admiradores. Muitos dos veículos que foram produzidos ainda estão em circulação, preservados por colecionadores que valorizam seu design e performance.
A história do Puma GTB também reflete o esforço de uma indústria nacional em competir com modelos internacionais, oferecendo uma opção de alta performance e estilo. A marca Puma continua sendo um ícone no cenário dos automóveis esportivos no Brasil, com o GTB como um dos seus maiores legados.
Fonte: Wikipedia, Flickr, Webmotos e QuatroRodas.