Quais são os semicondutores? Falta pode atrasar carros novos

Os semicondutores são materiais que possuem baixa condutividade elétrica. O germânio (Ge) e o silício (Si) são os materiais semicondutores mais comuns. A produção de silício, entretanto, é mais explorada justamente por apresentar uma ligação química mais eficaz. O arseneto de compostos de gálio também pode ser utilizado como semicondutor.
Publicado em Notícias dia 15/06/2021 por Alan Corrêa

Os semicondutores são materiais que possuem baixa condutividade elétrica. O germânio (Ge) e o silício (Si) são os materiais semicondutores mais comuns. A produção de silício, entretanto, é mais explorada justamente por apresentar uma ligação química mais eficaz. O arseneto de compostos de gálio também pode ser utilizado como semicondutor.

Extremamente importante na produção automotiva, os semicondutores são usados desde os freios, até os sistemas de infoentretenimento. “Os semicondutores são produtos com uma produção muito complexa…existe um período de dois a quatro anos, desde a preparação até ela se tornar operacional.” Explica o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Carlos Moraes.

Para se ter uma ideia, a fábrica da GM em Gravataí, no Rio Grande do Sul, está fechada desde março por falta dos chips semicondutores. A sua falta fez com que o setor fechasse o mês de maio com 96.500 unidades para estoque, equivalente a 15 dias de vendas, quando o considerado normal seria para um mês de vendas.

Crise dos semicondutores

A demanda por chips semicondutores não é exclusiva do setor automotivo, sendo muito requisitado também pelas indústrias de eletrônicos, telecomunicações e computação. E que o seu desabastecimento é global, fazendo com que a produção mundial caia de 3% a 5% do total previsto para 2021.

A crise dos semicondutores já ocorre há alguns meses, e vem se agravando ainda mais, sem dar sinais de melhora em curto prazo. Moraes também afirma que não há solução para resolver o desabastecimento esse ano, visto que a complexidade do problema é muito grande.

Devido à escassez, os preços dos semicondutores dispararam e os prazos de entrega foram elevados. Os semicondutores são fundamentais para a montagem dos carros novos, e sem eles, muitas empresas têm sido obrigadas a interromper a produção.

De acordo com um levantamento feito pela própria Chevrolet revela que os semicondutores estão distribuídos da seguinte maneira em carros mais tecnológicos a combustão: 30% entre os sistemas de segurança, 30% entre os sistemas de conforto e conveniência, 25% entre os sistemas de conectividade e 15% entre os sistemas de propulsão. Cada carro pode precisar de até 600 unidades do produto, por causa dos diversos sistemas eletrônicos dos modelos atuais.

Um Chevrolet Onix, por exemplo, pode ter aproximadamente 1.000 semicondutores e sistemas integrados em sua arquitetura elétrica. O componente em questão é vital para que diversos recursos mais avançados que o compacto oferece possam funcionar, como é o caso da central multimídia. O aparelho presente nas versões mais caras do Onix oferece projeção de smartphones sem fio e Wi-Fi nativo, conteúdos que demandam uma estrutura técnica mais sofisticada.

Ainda segundo a fabricante norte-americana, os semicondutores são demandados em grande parte pelos sistemas avançados de segurança, como o controle de tração e estabilidade e assistentes de condução. Para piorar, outros insumos, como espuma e plástico, também começaram a ficar escassos, representando desafio extra para os fabricantes de veículos.

“Foi agregando tecnologias inovadoras que a marca Chevrolet transformou seus veículos em referência em segurança, conforto, conectividade e performance. Não vamos deixar de oferecer aquilo que nossos clientes mais valorizam em um automóvel nem focar em versões básicas em razão da escassez momentânea de suprimentos, mesmo que isso impacte temporariamente nossa produção”, informa Carlos Zarlenga, presidente da GM América do Sul.

É sabido que a pandemia está provocando grandes disrupções. Uma delas é a expansão de atividades remotas, que fez crescer a procura por produtos eletrônicos. Outro fenômeno é o fato de que muitos estão preferindo se deslocar em veículos particulares, o que também causou aumento na procura por automóveis. O fato é que a grande demanda simultânea por todos esses produtos tem gerado gargalos na cadeia de fornecimento global de componentes, como os semicondutores.

Existem semicondutores de vários tipos, e eles nos possibilitam um alto poder de integração de circuitos eletrônicos. No caso dos automóveis, os mais avançados necessariamente carregam maior conteúdo. Estudo publicado pela consultoria Deloitte aponta que a eletrônica representa 40% dos custos de um veículo atualmente, cerca de 50% mais do que há uma década.

Já um levantamento feito pela Chevrolet aponta que os semicondutores estão distribuídos da seguinte maneira em carros mais tecnológicos a combustão: 30% entre os sistemas de segurança, 30% entre os sistemas de conforto & conveniência, 25% entre os sistemas de conectividade e 15% entre os sistemas de propulsão.

“Quanto mais avançada é a arquitetura de um veículo, melhores são seus aspectos de dirigibilidade, proteção aos ocupantes e comodidade a bordo. E são os sistemas eletrônicos que maximizam tudo isso. Outro fator determinante é a forma como o fabricante integra todos estes sistemas no automóvel”, explica Plinio Cabral Jr., líder de Engenharia Elétrica da GM América do Sul.

“Sem dúvida existe muita eletrônica também por trás de assistentes com determinado grau de autonomia, como o assistente automático de estacionamento, que faz o volante girar sozinho conforme a instrução de sensores pela carroceria. Vale ressaltar ainda que é necessária muita tecnologia para integrar o sistema de propulsão. Foi dessa forma que conseguimos entregar com o Onix o balanço entre o melhor desempenho com o menor consumo de combustível”, completa Cabral Jr.

Em um horizonte realista, a consultoria Roland Berger prevê que a atual escassez de microchips siga além de 2021. “O desequilíbrio estrutural de oferta e demanda permanecerá. A demanda continuará crescendo e contrastando com o tempo de 6 a 12 meses necessários para que a capacidade global de fornecimento do componente seja ampliada. Provavelmente a atual demanda não vai ser atendida no curto prazo”, declara a empresa em um relatório recente.

“Espera-se que a indústria de semicondutores continue a se consolidar, levando a uma dependência de menos fornecedores e instalações de manufatura por um lado, bem como por um cenário mais simplificado de fornecedores simplificados. Esses e outros temas devem ser incorporados ao planejamento de longo prazo das empresas”, acrescenta Roland Berger.