A edição 2025 do calendário Pirelli retorna com uma abordagem centrada na celebração do corpo humano e da diversidade, um dos traços que marcam a longa tradição do “The Cal™”. Ethan James Green, fotógrafo de moda e retratos nascido em Michigan e atualmente radicado em Nova York, foi escolhido para dirigir este projeto, o mais recente dos 43 grandes nomes da fotografia que já participaram do calendário desde 1964. Em “Refresh and Reveal”, Green explora a sensibilidade e a história do calendário ao captar o elenco em imagens que remetem tanto ao estilo documental quanto artístico.
Pontos Principais:
O local escolhido para parte das fotografias foi o Virginia Key Beach Park, em Miami, uma praia com história cultural significativa. Lá, entre maio e junho, Green produziu imagens que destacam atores, modelos, cantores e outros artistas, refletindo a visão que acompanha sua carreira. Complementando o trabalho em estúdio, Green ampliou as possibilidades de criação, com a direção de arte sob responsabilidade de Tonne Goodman, ex-editora de moda da Vogue e consultora de moda deste projeto.
Entre os participantes do calendário, destacam-se figuras como a atriz e ativista Hunter Schafer, a apresentadora Padma Lakshmi, o ator francês Vincent Cassel, a cantora italiana Elodie e a atriz britânica Simone Ashley. Além disso, a modelo americana Jenny Shimizu, que já participou do calendário de 1997, também integra esta edição. A inclusão de personalidades de diferentes áreas e idades ilustra o compromisso do calendário com a diversidade e com a representação de várias culturas.
Green também se juntou aos outros dois fotógrafos que já integraram o elenco do próprio calendário: Prince Gyasi, em 2024, e Bryan Adams, em 2022. Esta é a terceira vez que o fotógrafo aparece como figura no próprio projeto. Sua inclusão faz parte de uma linha recente de edições que não só celebram a estética, mas também a visão e a identidade dos artistas que capturam as imagens.
No Museu de História Natural, a apresentação de “Refresh and Reveal” marca o lançamento oficial do calendário, que está em sua quinquagésima primeira edição. Este evento em Londres oferece uma oportunidade para que os convidados apreciem as 24 imagens e a narrativa que Green construiu. No entanto, a escolha do museu como local para o lançamento também traz uma conexão com o passado e a cultura, alinhada à história do calendário, que remonta a mais de 60 anos.
“Refresh and Reveal” representa uma nova contribuição à coleção icônica da Pirelli, que se expandiu ao longo das décadas, contando com interpretações variadas da beleza. Desde 1964, o calendário Pirelli traz visões artísticas que registram as transformações estéticas e sociais de cada época, consolidando-se como um símbolo de inovação na fotografia de moda.
Como você descobriu que foi escolhido para fotografar o Calendário Pirelli 2025?
Descobri em fevereiro, no meu aniversário. A equipe da Pirelli me ligou sem saber que era o meu aniversário. Foi um presente inesperado. Ser incluído neste grupo de fotógrafos lendários que fotografaram o Calendário antes de mim – muitos dos quais inspiraram minha abordagem à fotografia. Foi uma grande honra e parecia um selo de aprovação.
Você se inspirou em Calendários anteriores?
Fiquei mais entusiasmado com os de Richard Avedon e Herb Ritts da década de 1990, que realmente capturam modelos e criam imagens lindas e atemporais. Isso era uma grande parte do que eu queria alcançar: algo que as pessoas possam olhar para trás daqui a 20 ou 30 anos, que não pareça datado e que, esperançosamente, seja referenciado no futuro.
Como você criou o conceito Refresh and Reveal?
Nossa ideia geral de beleza se expandiu muito em relação ao que costumava ser. Fiquei animado para explorar a beleza atual e poder apresentá-la em um contexto do Calendário Pirelli, que sempre a celebrou. Chamamos o conceito de “Refresh and Reveal”, porque estávamos voltando às origens do Calendário e celebrando o corpo de novas maneiras que refletem a atualidade.
Como você abordou o cast?
O cast representa variedade e diversidade em todas as formas, com atores e atrizes, artistas, cantores e cantoras e modelos de diferentes idades e nacionalidades.
O casting sempre foi uma parte importante do meu trabalho, e tenho sorte de ter trabalhado com muitos modelos da Pirelli em diferentes projetos ao longo da minha carreira. Outros eram pessoas com quem trabalhei pela primeira vez. Mas todos apoiaram o conceito do projeto, confiaram na equipe e nos permitiram obter imagens impressionantes. A lição mais importante que aprendi como fotógrafo é que você consegue a melhor foto quando a pessoa em foco está se sentindo confortável. Mesmo que eu dê muitas orientações durante o shooting, também abro muito espaço para aqueles que estou fotografando trabalharem comigo e me darem feedback. Sempre fui muito colaborativo e aberto, e esta é uma das coisas em que me concentrei no Calendário Pirelli.
Por que você quis se incluir no Calendário?
Eu me coloquei no Calendário porque a única pessoa a quem eu podia pedir para ficar completamente nua era a mim mesmo. Estar nu diante de tanta gente foi bastante libertador.
Você fotografou o Calendário em Miami, no histórico Virginia Key Beach Park. Quais foram os maiores desafios do shooting?
Fizemos metade das fotos em maio e a outra metade em junho. Em maio, tivemos céu limpo o tempo todo. Em junho, tivemos muita chuva. E isso foi ótimo, porque trouxe mais variedade para as fotos de praia. Mas o clima não foi o único desafio. Para a foto na praia com Vincent Cassel, por exemplo, entramos fundo na água. Para outra cena, lembro-me de estar no degrau mais alto de uma escada de 6 metros.
Como foi trabalhar no Calendário Pirelli em comparação com seus outros trabalhos?
Sinto que todo o meu trabalho vem da mesma fonte de inspiração, então frequentemente percebo que meus projetos pessoais influenciam meu trabalho na moda e vice-versa. Por exemplo, recentemente publiquei meu segundo livro, Bombshell, que também é uma forma de explorar a sexualidade e como ela se expressa diante da câmera. Há definitivamente um eco disso na minha abordagem a um projeto como o da Pirelli. A colaboração é realmente importante para o meu processo, e as modelos foram participantes ativas na criação das imagens comigo.
Quais foram os desafios para você como Diretora de Moda do Calendário Pirelli 2025?
O desafio é que você está revelando algo – um corpo, uma atitude, uma sexualidade, uma liberdade. Neste caso, respeitando a elegância e a visão da Pirelli, era preciso esconder para poder revelar. Esse foi o desafio, encontrar roupas que eu pudesse usar como instrumento, não para expressar moda, mas para expressar uma atitude pessoal ao revelar o corpo.
Como você solucionou esse desafio?
Fizemos provas extensas, experimentamos muitas roupas diferentes e assim conquistamos a confiança dos modelos. Acho que a confiança deu-lhes a capacidade de serem totalmente livres, de saberem que estavam em boas mãos e que cabia a eles o quanto queriam esconder ou revelar, ser vulneráveis ou ousados.
Como foi trabalhar com Ethan neste projeto?
Ethan aprecia muito a elegância e o mundo queer, o que é muito importante no momento. A amplitude de sua experiência como fotógrafo e sua personalidade refletem-se verdadeiramente nas imagens que ele cria, porque ele é muito sensível, muito ousado e não pede desculpas por isso. Sinto que essa combinação, com a elegância que ele consegue dominar no estúdio através da luz e da sua direção, é notável.
Depois de todos os seus anos na indústria, esta foi a primeira vez que você trabalhou no Calendário Pirelli. O que você achou?
Foi absolutamente fabuloso. Não foi apenas um desafio, mas também entendi que estava trabalhando em um projeto significativo. Mas também foi divertido. “Diversão” é uma daquelas palavras que infelizmente falta em nosso vocabulário atualmente.
Ethan James Green é um fotógrafo renomado que se destaca por sua abordagem sensível e autêntica em relação à moda e aos retratos. Conhecido por capturar a essência de sua comunidade em Nova York, ele consegue revelar, por meio de suas lentes, momentos de intimidade e estilo. Seu trabalho inclui colaborações com grandes marcas de moda e publicações de renome, além de exposições que têm atraído a atenção do público e de críticos.
Green, de 34 anos, é um dos fotógrafos mais procurados da sua geração. Seu portfólio inclui trabalhos para algumas das publicações mais influentes, como Vogue, Harper’s Bazaar, i-D, The New Yorker e W Magazine. Além disso, ele colaborou com marcas de alta-costura como Louis Vuitton, Alexander McQueen e Dior. Entre os nomes que já foram fotografados por Green estão figuras de destaque como Rihanna, Margot Robbie, Christy Turlington, Mariah Carey e Hunter Schafer.
Seus dois livros refletem sua visão única sobre a identidade e a moda. O primeiro, Young New York (2019), é uma coleção de retratos de amigos e colaboradores feitos nos parques de Nova York. O livro explora a identidade queer e captura a evolução dessa comunidade ao longo da última década. O segundo, Bombshell (2024), revisita o conceito de “bombshell”, subvertendo a ideia tradicional e convidando as modelos a reinterpretarem sua relação com a feminilidade, o glamour e o sex appeal.
Além de seu trabalho em revistas e com grandes marcas, Green também é um defensor da arte emergente. Em 2022, ele fundou a New York Life Gallery, localizada em Chinatown, Nova York. A galeria tem como objetivo promover artistas de diferentes fases da carreira, com foco em obras que abordam temas contemporâneos e que exploram perspectivas novas sobre o século XX.
As exposições de Green têm sido amplamente aclamadas, com destaque para mostras individuais em locais como a Kapp Kapp (Nova York, 2024) e a Fotografiska (Nova York, 2022). Ele também participou de exposições coletivas no Brooklyn Museum (2021), na National Portrait Gallery (2019) e no Dallas Contemporary (2019). Cada uma dessas exposições proporcionou uma nova perspectiva sobre sua prática fotográfica, reforçando seu compromisso com a captura de momentos autênticos e com a construção de um olhar genuíno sobre a cultura de Nova York.
Sua abordagem fotográfica se caracteriza por uma atenção meticulosa à personalidade de seus modelos, muitas vezes expressa através de composições naturalistas e retratos que vão além da superficialidade da moda. Ao contrário de muitas representações de modelos e celebridades, o trabalho de Green se concentra na expressão genuína e no estilo pessoal dos indivíduos que ele fotografa.
Ethan James Green é, portanto, um nome de grande importância no cenário da fotografia contemporânea. Sua habilidade em capturar a intimidade e a essência das pessoas que fotografa, unida à sua visão crítica sobre o mundo da moda e da arte, o torna uma figura central tanto em exposições quanto em campanhas publicitárias. A fundação da New York Life Gallery é apenas mais uma das maneiras pelas quais Green está contribuindo para o cenário artístico, apoiando novos talentos e promovendo a arte contemporânea de uma forma acessível e dinâmica.
Fonte: Pirelli.