Hoje é tão natural para nós os carros terem porta-malas e uma quinta porta, mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que não existia um espaço destinado à carga, e foi o Renault 4 que trouxe a novidade para o mundo automobilístico.
O modelo, revelado em 1961, foi marcado por um enorme diferencial para a época. “Com volume de carga”, disse Pierre Dreyfus, CEO da Renault na ocasião. O Renault 4 saia do comum para fazer história.
Hoje em dia são poucos os modelos de automóveis que não têm nenhum espaço para carga. Mas houve um tempo em que isso não era assim, os veículos não eram projetados com um compartimento para carga com uma quinta porta de acesso para esse espaço.
Quem revolucionou esse conceito foi o Renault 4, um modelo que marcou sua época graças à “invenção” do porta-malas integrado à cabine com uma quinta porta, a qual permitiu criar um veículo que era ao mesmo tempo sedã e perua, e até cumpria a função de utilitário, se fosse o caso.
Para nós hoje é difícil imaginar que os carros no começo não tinham compartimento de bagagem, e que só em 1961 uma marca criou esse espaço tão útil no dia a dia de todas as pessoas.
Devemos pensar que nessa época começava um movimento que levava as pessoas do campo para a cidade, e que o uso de veículos estava em ascensão. Era preciso, pois, que os carros cumprissem dupla função: vida no campo e na cidade. O Renault 4 solucionou essa questão com o porta-malas.
“A carroceria hatchback revolucionou o automóvel, oferecendo uma grande modularidade interna,” afirma Hugues, diretor da Renault Classic, e tem toda razão ao dizer isso.
A novidade anunciada pelo Renault 4 revolucionava a forma como as pessoas começariam a ver os carros. Abria-se, literalmente, uma porta para o futuro, a quinta porta que hoje é tão comum para nós.
O modelo francês foi um grande fenômeno na sociedade de então. Pierre Dreyfus foi um visionário, e disse à sua equipe que queria um carro com “muito volume de carga”, de tal modo que servisse para diversas ocasiões e usos.
O Renault 4 marcou a história e foi um grande sucesso de vendas, com mais de 8 milhões de unidades vendidas em mais de 100 países ao longo dos 30 anos de sua existência.
“Com o [Renault 4] e a carroceria hatchback, inventamos um modelo de carro, criamos um novo padrão de automóvel”, afirmou Hugues. “Essa invenção genial resultou em um carro que é ao mesmo tempo sedã, perua e utilitário.”
O grande trunfo do Renault 4 foi a sua capacidade de transformar um problema numa solução simples e prática ao mesmo tempo. Os automóveis não tinham espaço para levar carga. O porta-malas, com acesso por dentro do veículo e com uma quinta porta foi a grande sacada do momento.
“A carroceria hatchback permitiu que os engenheiros se libertassem do clássico padrão compartimento do motor / cabine / porta-malas”, nos diz Hugues. “Com a quinta porta, temos muito mais liberdade para criar”.
O porta-malas foi uma solução que deu certo, e em pouco tempo a marca começou a aplicar essa solução em outros modelos, desde carros simples até veículos de luxo mais sofisticados.
Um dos segmentos que recebeu essa inovação foi a família dos sedãs, veículos mais voltados para o uso familiar. Em 1965 foi lançado o Renault 16, que acabou sendo o carro chefe da marca naquela época, embora um olhar mais atento possa perceber sua semelhança com o Renault 4: carroceria de dois volumes, uma quinta porta e uma surpreendente versatilidade do banco traseiro.
“Percebemos que, com a Renault 16, era possível utilizar a carroceria hatchback em modelos voltados para a família e até mesmo em modelos topo de linha”, explica Hugues, Diretor da Renault Classic.
Mas o Renault 4. O Renault 16 não foram os únicos modelos da marca que passaram a contar com um porta-malas integrado à cabine. Alguns deles também fizeram história e deixaram sua marca, como os R20 e R30, o Fuego, R25, R11, entre outros.
Mas o passado volta à tona. A marca francesa decidiu apostar suas fichas no sucesso que o porta-malas integrado à cabine teve no passado, e fez algo semelhante com seu novo modelo, o Renault Arkana.
De fato, a quinta porta é o grande destaque do modelo, como nos diz Hugues: “A quinta porta tem tudo a ver com este carro, que é uma mistura bem resolvida entre um SUV e um sedã”.
“Esta é a solução ideal para os designers, que podem criar linhas contínuas e elegantes, ao mesmo tempo oferecendo ao cliente toda a praticidade necessária”, acrescenta ainda.
“A quinta porta do Arkana permite melhorar a acessibilidade interna e oferecer uma capacidade de carga superior em comparação com um compartimento de bagagens isolado.” Será essa uma nova tendência?