O Citroën C3 Aircross, fabricado no Brasil, foi avaliado na mais recente rodada de testes do Latin NCAP, recebendo zero estrelas na classificação de segurança. O resultado destaca falhas graves em proteção para ocupantes adultos, crianças e pedestres. Apesar de contar com itens obrigatórios como dois airbags e controle eletrônico de estabilidade (ESC), o desempenho foi considerado insatisfatório.
Nos testes de impacto frontal, a proteção oferecida à cabeça e pescoço dos ocupantes foi considerada boa, mas o tórax e joelhos apresentaram proteção marginal ou fraca. Além disso, a estrutura do veículo foi considerada estável, embora a intrusão no painel possa impactar negativamente os ocupantes em situações de colisão.
O impacto lateral revelou alta intrusão na cabine e ausência de airbags de cabeça, um equipamento essencial para proteger passageiros em situações de colisão lateral contra postes. Essa falta de recursos de segurança é um dos fatores que contribuíram para a classificação negativa do veículo.
A proteção para crianças foi avaliada em apenas 11,37%, um dos índices mais baixos registrados na rodada de testes. A ausência de ancoragens ISOFIX bem sinalizadas dificultou a instalação adequada de sistemas de retenção infantil (SRI). Além disso, a impossibilidade de desativar o airbag do passageiro compromete a segurança de sistemas voltados para crianças menores.
Os sistemas de retenção testados apresentaram falhas significativas em proteção dinâmica, reforçando a preocupação com a segurança infantil. Mesmo com regulamentações que impedem crianças menores de 10 anos de ocupar o banco dianteiro no Brasil, a avaliação é relevante para mercados onde essa prática é permitida.
O Latin NCAP reforçou a importância de melhorias no design e na estrutura para oferecer maior proteção às crianças, destacando a responsabilidade dos fabricantes em desenvolver veículos mais seguros para todos os ocupantes.
A proteção para pedestres alcançou 49,57%, evidenciando áreas limitadas de proteção adequada. Elementos como o capô e o para-brisa demonstraram baixa capacidade de minimizar danos em caso de impacto com pedestres. A falta de tecnologias como frenagem autônoma de emergência contribuiu para a avaliação negativa.
Os sistemas de assistência à segurança, avaliados em 34,88%, também apresentaram limitações significativas. Equipamentos como assistentes de manutenção de faixa e monitoramento de ponto cego, comuns em outros mercados, não estão disponíveis no modelo testado, nem como opcionais.
A ausência desses recursos coloca o veículo em desvantagem frente a concorrentes que têm investido em tecnologias de segurança ativa para melhorar a experiência do consumidor e atender a padrões internacionais.
A Stellantis, controladora da Citroën, emitiu uma nota oficial reforçando o compromisso com a segurança veicular. A empresa destacou que o modelo atende às regulamentações vigentes e que a segurança do veículo é projetada desde o início do desenvolvimento, considerando aspectos além da oferta de itens individuais.
A empresa ressaltou a robustez da carroceria do modelo, desenvolvida na plataforma CMP, como um diferencial. Contudo, especialistas apontam que essas medidas não foram suficientes para garantir um desempenho aceitável nos testes do Latin NCAP.
A repercussão dos resultados reforça a necessidade de ajustes para atender às expectativas de consumidores que buscam veículos com maior proteção e tecnologias avançadas de segurança.
Os resultados do Latin NCAP têm impacto direto na percepção do consumidor sobre a segurança veicular na América Latina. A avaliação negativa do Citroën C3 Aircross levanta questionamentos sobre os padrões de segurança aplicados ao mercado regional em comparação com mercados mais exigentes.
O secretário-geral do Latin NCAP, Alejandro Furas, destacou a importância de os fabricantes priorizarem a segurança, não apenas como uma exigência regulatória, mas como um compromisso com os consumidores. A entidade reforça a necessidade de padrões padronizados para garantir maior proteção em todos os mercados.
Os resultados do teste também reforçam a relevância de iniciativas como o Latin NCAP, que ajudam a conscientizar o público sobre os níveis de segurança oferecidos pelos veículos comercializados na região.
Fonte: Latin NCAP.