Os carros elétricos e híbridos plug-in continuam a expandir sua presença no mercado brasileiro. Nos dois primeiros meses de 2025, esse segmento alcançou um volume de vendas equivalente ao de uma grande montadora tradicional. O crescimento expressivo demonstra a maior aceitação dessa tecnologia pelos consumidores e o avanço da infraestrutura de recarga no país.
Pontos Principais:
Os números divulgados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) mostram que o segmento teve um aumento de 34% nas vendas em comparação ao mesmo período de 2024. Esse avanço ocorre em um cenário de mudanças regulatórias e tarifárias que podem impactar o mercado nos próximos anos. Além disso, os incentivos fiscais em alguns estados também desempenham um papel no aumento da adoção desses veículos.
O crescimento do setor coloca a eletrificação no centro do debate sobre o futuro da mobilidade no Brasil. Com montadoras tradicionais ainda relutantes em produzir modelos elétricos no país, a participação de fabricantes estrangeiros se torna mais relevante. Ao mesmo tempo, o aumento das tarifas de importação pode influenciar o ritmo de expansão desse mercado.
Os dados da ABVE indicam que, no primeiro bimestre de 2025, foram comercializados 20.777 veículos elétricos e híbridos plug-in no Brasil. Esse volume representa um crescimento significativo em relação aos 15.501 registrados no mesmo período do ano anterior.
Se esses números fossem atribuídos a uma única montadora, ela estaria entre as quatro maiores do país em vendas, superando várias marcas tradicionais. A Toyota, por exemplo, vendeu 20.666 unidades no mesmo período.
Os modelos híbridos plug-in continuam sendo os mais vendidos entre os eletrificados, com 5.884 unidades emplacadas apenas em fevereiro. Os elétricos puros (BEV) tiveram um crescimento expressivo, atingindo 4.492 unidades no mesmo mês, um aumento de 21,4% em relação a janeiro.
O avanço dos eletrificados ocorre em meio a uma discussão sobre tarifas de importação. A Anfavea, associação que representa as montadoras, pressiona o governo para aumentar as alíquotas, o que pode impactar os preços e a competitividade desses veículos no Brasil.
Atualmente, os elétricos são taxados em 18%, enquanto os híbridos plug-in têm uma alíquota de 20%. Esses percentuais subirão para 25% e 28%, respectivamente, em julho. Em 2026, a taxação chegará a 35%.
Por outro lado, alguns estados oferecem incentivos para veículos eletrificados. O Distrito Federal e o Rio Grande do Sul concedem isenção total de IPVA para elétricos puros, enquanto São Paulo aplica uma alíquota reduzida para híbridos flex não plug-in (HEV Flex).
Outro fator que contribui para a adoção dos eletrificados é a expansão da rede de recarga no Brasil. Em fevereiro, havia 14.827 pontos públicos e semipúblicos no país.
Os carregadores rápidos (DC) tiveram um crescimento significativo, representando 16,4% do total de estações de recarga. Esse aumento facilita o uso dos veículos elétricos em viagens mais longas e reduz o tempo necessário para abastecimento.
A ampliação da infraestrutura tem impacto direto na decisão de compra dos consumidores. Com mais eletropostos disponíveis, cresce a confiança na viabilidade da eletrificação como alternativa viável aos motores a combustão.
O Sudeste lidera as vendas de veículos eletrificados, respondendo por 46,6% do total em fevereiro. O Sul e o Nordeste seguem com 17,6% e 17%, respectivamente.
O Centro-Oeste teve 15% dos emplacamentos, enquanto a região Norte respondeu por 3,8%. Essa distribuição reflete a maior concentração de infraestrutura de recarga e o perfil econômico das regiões.
A eletrificação também apresenta diferenças nos tipos de tecnologia adotados. Os híbridos plug-in dominam as vendas, enquanto os micro-híbridos (MHEV) cresceram com a introdução de novos modelos no mercado.
A ABVE passou a considerar apenas os veículos eletrificados que possuem tração elétrica em seus relatórios. Com isso, os micro-híbridos (MHEV) não fazem parte das estatísticas de eletrificação.
Os híbridos não plugáveis (HEV) tiveram queda nas vendas, registrando 4.767 unidades no primeiro bimestre de 2025, contra 5.217 no ano anterior. Os modelos Corolla Cross, Haval H6 e Corolla lideram esse segmento.
Já os MHEV tiveram um crescimento expressivo, impulsionado por modelos da Fiat. No primeiro bimestre, as versões MHEV de 12 volts do Pulse e Fastback ajudaram a elevar os emplacamentos para 7.195 unidades.
A eletrificação continua avançando, mas enfrenta desafios como a falta de produção local e o aumento das tarifas de importação. Enquanto montadoras estrangeiras dominam o mercado, fabricantes nacionais ainda não anunciaram planos concretos para a produção de veículos elétricos ou híbridos plug-in.
A infraestrutura de recarga segue em expansão, mas ainda há gargalos a serem resolvidos, especialmente em regiões menos desenvolvidas. A evolução desse fator será determinante para o ritmo de adoção dos eletrificados nos próximos anos.
Com novas regulamentações e mudanças no cenário econômico, o setor de eletrificação no Brasil está em um momento decisivo. O crescimento das vendas demonstra um interesse crescente dos consumidores, mas fatores como custo, disponibilidade e incentivos governamentais terão um papel fundamental na consolidação desse mercado.