O Renault 4 foi o primeiro “carro para viver”, tendo sido rapidamente apelidado de “4L”. Não importa o terreno, ele pode ser utilizado em qualquer ocasião, devido à sua leveza.
O 4L provou que estava pronto para tudo em uma corrida de rally-raid organizada anualmente desde 1997. O robusto 4L supera qualquer obstáculo que encontre em seu caminho, seja em uma trilha de areia ou pedras. É difícil encontrar outro modelo que mantenha o mesmo propósito 60 anos após seu lançamento.
“O 4L é um carro apaixonante, que soube marcar uma grande época, que atravessou gerações. Todos nós temos alguma lembrança com o 4L”, conta Jean Le Cam, navegador e “piloto” de 4L.
Sendo sinônimo de um automóvel simples, moderno, barato e funcional, surgiu o Renault 4L, capaz de atender a tudo e todos, e eficaz tanto em estradas quanto em campo.
Apresentado no início do segundo semestre de 1961, o 4L é um modelo de cinco portas com um porta-malas traseiro que se abre para um espaço modulável e ao rebater o banco traseiro, o hatch se transforma em perua. Ele foi muito famoso como sendo carros da polícia, de empresas, dos correios e outros serviços públicos, tornou-se ícone da cultura pop francesa.
O Renault 4 teve muitas versões sempre recebendo novos itens. A primeira versão tinha um motor quatro cilindros, caixa de três velocidades em linha e 603 cm³. A potência de 20 cv às 4.700 rpm permitia velocidade máxima de 95 km/h e um consumo médio de 15 km/l. O capô abria-se de trás para a frente e a suspensão era independente nas quatro rodas, com barras de torção em ambos os eixos. O primeiro modelo do mundo com sistema de refrigeração selado, que evitava a perda e consequente reposição do líquido de refrigeração. Ele tinha uma caracteristisca bem diferente, a distância entre eixos era maior no lado direito, 2,45 m contra 2,40 m, uma imposição do tipo de suspensão traseira.
Por dentro a 4L era extremamente simples. Acomodava bem quatro passageiros em bancos muito simples, que só tinham forro, sendo que a estrutura era visível por trás e de lado. O porta malas chegava a 950 litros sem assentos traseiros. No pequeno painel só ficavam apenas velocímetro e marcador de combustível, havia também um retrovisor no centro e um volante de três raios.
Depois apareceu em 1962 a versão Super com uma motorização de 747 cm³ de 27 cv e velocidade máxima de 100 km/h, acompanhado de um novo câmbio de quatro marchas. Outra novidade era a versão Fourgonette (furgão em francês) que tinha a capacidade de carga aumentada. A parte traseira era mais alta e mais larga, o cliente ainda podia escolher entre ter porta traseira de abertura lateral ou vertical bipartida.
A versão de passageiros da versão Fourgonette apenas veio em 1965. Neste ano chegava também a versão Parisiénne, criada em parceria com a revista feminina Elle. Esta versão tinha um charme diferente, nas laterais tinha uma pintura quadriculada escocesa, vermelha e preta, ou com tons bege e preto. Nesta versão os bancos dianteiros eram individuais, o modelo era mais voltado para o público feminino. O motor também mudou e passou para 845 cm³ e 34 cv, a velocidade máxima era agora de 115 km/h. Um ano depois o 4L ganhou uma grade maior, com aspecto mais moderno, que ocupava toda a largura da frente. O painel era redesenhado e todos os bancos ganharam forras integrais.
O modelo Rodeo chegou em setembro de 1970 apresentando um desenho muito simples e com carroçaria em plástico reforçado com fibra-de-vidro. Tinha duas portas e capota de lona. 5 anos depois o R4 ganhou novos parachoques e uma grade retangular, já o painel ficou maior com acabamento quase todo preto e com proteção de borracha. A alavanca de câmbio e o retrovisor continuavam o mesmo, mas os bancos estavam mais anatômicos, confortáveis e com encostos para a cabeça.
Um motor ainda mais potente surgiu em 1983 com a versão denominada GTL, sendo 1.108 cm³, 34 cv às 4.000 rpm e velocidade final de 122 km/h. Em 1991 existiam as versões TL, GTL e GTL 4×4, com tracção nas quatro rodas.
O Renault 4L é um dos carros mais vendidos com mais de 8 milhões de unidades registradas. Apesar de a produção ter sido descontinuada em 1992, ainda é possível ver alguns 4L nas ruas ou feiras de carros usados e de coleção. A simplicidade e confiabilidade de sua mecânica atraem inúmeros apaixonados. Na opinião de Jean Le Cam, trata-se de um “verdadeiro monumento histórico”!