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A Revolução Verde que Pode Transformar o Futuro das Nossas Cidades

A transição para veículos elétricos é uma mudança essencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e melhorar a qualidade de vida nas cidades, alinhando-se aos princípios ESG (ambiental, social e de governança). Embora os carros elétricos tragam grandes benefícios ambientais, como a diminuição da poluição do ar, desafios ainda precisam ser superados, como a falta de infraestrutura de recarga e os impactos sociais e éticos na produção de baterias. Políticas públicas e a requalificação da mão de obra serão fundamentais para tornar essa transição inclusiva e acessível, garantindo que essa revolução verde seja sustentável e justa para todos.
Publicado em Notícias dia 18/09/2024 por Alan Corrêa

Não é segredo para ninguém que os carros elétricos chegaram para ficar. Com preços cada vez mais similares aos veículos a combustão, esses modelos se tornaram altamente competitivos no mercado.

Como uma jovem de 18 anos que adora dirigir e está empenhada em proteger o meio ambiente, acredito que essa mudança pode ser um caminho positivo. É um passo importante para tornar a locomoção mais sustentável. Acredito que essas transformações vão além de uma simples tendência ou avanço tecnológico.

Essas mudanças verdes no dia a dia não trazem apenas facilidade urbana e de locomoção, mas também promovem alterações estruturais na forma como vivemos, trabalhamos e interagimos com o meio ambiente. Além disso, essa transição está diretamente ligada às práticas de ESG (ambiental, social e de governança), que estão ganhando cada vez mais popularidade no Brasil e no mundo.

Dimensão ambiental do ESG

Você deve estar se perguntando: “Por que os carros elétricos são o caminho?” O aspecto ambiental dessa transição é inegável. Os carros movidos a combustíveis fósseis são uma das maiores fontes de CO₂ (dióxido de carbono), um dos principais poluentes presentes no nosso ar, além de emitirem outros gases de efeito estufa. Nas últimas décadas, tornou-se mais do que evidente os efeitos do aquecimento global, e se continuarmos a produzir esses poluentes em massa, os desastres serão irreparáveis — algo que, como sociedade, não podemos ignorar.

Os veículos elétricos (VEs), por sua vez, têm uma pegada de carbono muito menor. Mesmo considerando as emissões associadas à produção das baterias, estudos mostram que os VEs são muito mais eficientes em termos de emissões ao longo de seu ciclo de vida, especialmente se forem alimentados por energia proveniente de fontes renováveis, como solar ou eólica.

Essa redução nas emissões não apenas ajuda a mitigar as mudanças climáticas, mas também melhora a qualidade do ar nas cidades, algo que afeta diretamente a saúde pública. Como alguém comprometida com a causa ambiental, fico animada ao pensar que, no futuro, poderemos desfrutar de ruas mais limpas e um ar mais puro, sem abrir mão da mobilidade urbana.

Ainda assim, existem questões a serem debatidas. As baterias, que são a chave funcional dos veículos elétricos, dependem de minerais como lítio, cobalto e níquel em sua produção. A extração desses minerais, se não for feita corretamente, pode gerar impactos ambientais negativos, além de prejudicar a saúde humana. O descarte inadequado desses produtos também pode gerar resíduos tóxicos.

Por isso, as práticas ESG, que mencionei no início, precisam ser aplicadas por empresas em todos os processos de produção, venda e descarte dos carros e suas baterias. Além disso, é necessário investir em pesquisas para o desenvolvimento de baterias 100% limpas e carros que não poluam em nenhuma fase de sua produção, como as baterias de estado sólido, que estão em desenvolvimento.

Qual o impacto social dessa transição e o papel das empresas?

Acredito que a mobilidade sustentável deve ser inclusiva e acessível. Infelizmente, hoje, os carros elétricos ainda não fazem parte do dia a dia de uma parcela significativa dos brasileiros. Embora o preço de alguns modelos de VEs seja competitivo no mercado, a falta de infraestrutura para recarga ainda pesa na decisão de compra.

Aqui vejo a necessidade de políticas públicas que acolham essa transição e a incentivem. O governo tem um papel essencial em criar condições para que essa mudança seja socialmente justa, oferecendo incentivos fiscais e subsídios para a compra de veículos elétricos, especialmente para famílias de baixa renda.

Além disso, a expansão da infraestrutura de carregamento é crucial para que os VEs se tornem uma opção viável em todo o país, não apenas nas grandes metrópoles.

Outro ponto que não posso deixar de mencionar é a necessidade de transformação da cadeia de produção. A fabricação de veículos elétricos exige novas habilidades e conhecimentos, o que pode gerar tanto desafios quanto oportunidades. Por um lado, empregos tradicionais na indústria automobilística podem ser substituídos; por outro, novos empregos “verdes” serão criados. E qual é o papel das empresas nesse processo? As indústrias devem requalificar a mão de obra, oferecendo treinamentos e investindo em capacitação para que os trabalhadores possam se adaptar às novas demandas do mercado.

Transparência e ética no processo de transição

O terceiro pilar do ESG, Governança, é essencial nessa transição. Governança trata de como as empresas e os governos tomam decisões de forma ética e transparente. No caso da transição para veículos elétricos, isso significa que as montadoras e o governo precisam atuar de forma responsável, garantindo que todas as etapas da cadeia produtiva estejam alinhadas com os princípios de sustentabilidade e justiça social.

Uma das principais preocupações é a transparência na cadeia de suprimentos. A extração dos minerais necessários para as baterias tem sido associada a violações de direitos humanos, como trabalho infantil e condições de trabalho insalubres. É essencial que as empresas garantam a rastreabilidade desses materiais, assegurando que sua obtenção seja feita de forma ética, sustentável e eficiente. A mineração precisa ser realizada de maneira consciente, com o menor impacto possível no meio ambiente, para que os benefícios das baterias superem os danos.

O que esperar do futuro?

Apesar de ser uma defensora da transição para os veículos elétricos, tenho plena consciência das dificuldades e desafios para sua implementação no Brasil. O custo inicial, a escassez de pontos de recarga e as questões éticas relacionadas à mineração são problemas reais que precisam ser enfrentados. Além disso, sabemos que o Brasil está cerca de cinco anos atrás em relação a outros países na transição para os veículos verdes, como apontam diversas pesquisas. Ainda há muito a ser debatido e evoluído sobre o tema.

Contudo, vejo grandes oportunidades. O aumento dos investimentos nesse mercado deverá reduzir o custo das baterias, o que impactará positivamente o preço final dos veículos. Além disso, a pressão crescente das práticas ESG, tanto por parte de consumidores quanto de investidores, obrigará as grandes empresas a se alinharem com um modelo de produção mais sustentável.

Sigo otimista em relação a essa transição, acreditando que será possível mitigar os efeitos do aquecimento global e reduzir a poluição do ar que respiramos, melhorando assim a qualidade de vida e a mobilidade urbana.

Fonte: OGlobo, R7, Wikipedia e USP.