A BYD registrou vendas recordes de 534.003 veículos elétricos e híbridos em outubro de 2024, volume que a coloca próxima da Ford no acumulado anual. A montadora norte-americana mantém uma média de 1,1 milhão de unidades por trimestre, o que sugere que a BYD pode ultrapassar a Ford se manter o ritmo de crescimento.
Pontos Principais:
Em outubro de 2024, a BYD estabeleceu um novo recorde com mais de meio milhão de veículos elétricos e híbridos plug-in entregues em um único mês. Com isso, a fabricante quase iguala o desempenho da Ford em volume acumulado no ano. A média de vendas trimestrais da Ford nos últimos três períodos foi de 1,1 milhão de unidades. Dessa forma, a expectativa é que a BYD possa encerrar o ano entre as 10 maiores montadoras globais.
Especialistas apontam o crescimento da BYD como resultado da diversidade em sua linha de veículos híbridos e elétricos, bem como dos incentivos governamentais na China, que favorecem a substituição de carros tradicionais por veículos eletrificados. A empresa já havia ultrapassado a Ford em vendas no terceiro trimestre, com uma diferença de 40 mil unidades, totalizando 1,13 milhão de veículos entregues, incluindo carros de passeio, caminhões e ônibus.
O avanço da BYD acontece em um momento em que outras montadoras, como Nissan, Volkswagen e Stellantis, enfrentam desafios operacionais e reduções de produção. Essas montadoras têm enfrentado problemas como excesso de capacidade, cortes de pessoal e ajustes de estratégia em um cenário de queda na rentabilidade.
Embora a BYD ainda não comercialize veículos de passeio nos Estados Unidos, a empresa expandiu sua produção em 200 mil unidades recentemente, aumentando seu quadro de funcionários para atender à demanda crescente. A expansão internacional da BYD inclui, além da China, mercados como Europa, América Latina e Sudeste Asiático, onde o interesse por veículos eletrificados está em alta.
A Ford, por sua vez, pode enfrentar mudanças estratégicas com a recente eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. O novo presidente prometeu revisar o pacote de incentivos para veículos elétricos, o que pode impactar o mercado de veículos eletrificados nos EUA. Além disso, as tarifas de importação para veículos de países como China e Europa podem subir, aumentando os desafios para as montadoras estrangeiras no mercado norte-americano.
No cenário global, a BYD também ganha destaque pelo seu valor de mercado. Em 2022, a montadora chinesa chegou a ser avaliada acima da soma das três grandes americanas: Ford, GM e Stellantis. Embora esse nível de valorização ainda não tenha sido recuperado, analistas mantêm uma expectativa positiva para o crescimento da empresa nos próximos anos, diante do aumento da demanda por veículos elétricos e híbridos.
A trajetória da BYD no mercado automotivo continua a atrair atenção enquanto as tradicionais montadoras enfrentam ajustes e reestruturações. O crescimento da fabricante chinesa reflete tanto uma maior adoção de veículos eletrificados como também o apoio de incentivos governamentais. A expansão contínua da BYD, especialmente em regiões estratégicas, parece sustentar sua escalada em direção ao topo da indústria automotiva global.
No mercado automotivo do Reino Unido, a presença das marcas chinesas Omoda e BYD se destacou em outubro, com ambas superando as vendas da Fiat, uma marca europeia tradicional e bem conhecida pelos consumidores locais. A recente expansão dessas marcas foi impulsionada por preços atrativos e pela forte aposta em modelos híbridos e elétricos, alinhando-se com as metas de eletrificação do país.
O desempenho de Omoda e BYD em outubro reflete um contexto onde o mercado automotivo do Reino Unido registrou uma queda geral de 4,8%. Em contraste, a Fiat observou uma queda de 27% em suas vendas no mesmo período, em comparação com outubro de 2023. A presença das marcas chinesas no mercado britânico é relativamente recente, mas já tem atraído consumidores por meio de preços considerados mais acessíveis e pela oferta de modelos híbridos e elétricos, que se adequam às políticas de transição para veículos elétricos.
O Reino Unido, diferentemente de outras regiões da Europa, optou por não aplicar sobretaxas aos veículos elétricos importados da China. Essa decisão tem favorecido marcas como Omoda e BYD, que têm mantido seus preços competitivos no mercado britânico. Isso se torna um diferencial importante, pois os veículos elétricos de ambas as marcas são uma alternativa econômica aos modelos europeus que, por vezes, são comercializados a preços mais altos.
A introdução do mandato ZEV (Veículo de Emissões Zero), que estabelece uma meta de 22% para as vendas de automóveis elétricos em 2024, também tem um impacto direto no mercado automotivo do Reino Unido. Com essa exigência, as fabricantes têm buscado atingir essa meta oferecendo modelos elétricos a preços competitivos e concedendo descontos e facilidades para atrair consumidores. Tanto a Omoda quanto a BYD beneficiam-se dessa regulamentação ao apresentarem uma linha de produtos fortemente voltada para veículos híbridos e elétricos.
A rede de concessionárias de Omoda no Reino Unido conta com 64 unidades, e seu principal modelo oferecido é o SUV Omoda 5, que possui versões a gasolina e elétrica e preços a partir de 25.235 libras (cerca de R$ 187.000 no câmbio atual). Esse valor é competitivo quando comparado a modelos populares locais, como o Nissan Qashqai, um dos SUVs preferidos pelos britânicos, cujo valor inicial é cerca de 5.000 libras mais alto. Já a BYD, conhecida pela fabricação de veículos elétricos, também investe cada vez mais em modelos híbridos plug-in, como o Seal U PHEV, além de contar com uma gama de modelos que inclui o Dolphin, Seal, Sealion e Yuan Plus.
Enquanto isso, a Fiat, que enfrentou um desempenho abaixo do esperado em outubro, continua oferecendo seus principais modelos híbridos, como o 500X, 600 e Panda, além do elétrico 500e. A marca italiana, que já possui um reconhecimento no mercado britânico, enfrenta o desafio de competir com a nova geração de veículos elétricos e híbridos chineses, que têm atraído consumidores devido aos preços mais acessíveis e às inovações tecnológicas. No mercado italiano, a Fiat também registrou um desempenho inferior, perdendo a liderança de vendas para a Volkswagen em outubro.
Esses dados ilustram uma mudança de cenário na indústria automotiva do Reino Unido, onde marcas recém-chegadas, com produtos alinhados às tendências de eletrificação e preços acessíveis, começam a desafiar as fabricantes tradicionais estabelecidas há décadas.