Bandidos utilizam “relay attack” para roubar carros com chaves presenciais em segundos; saiba como se proteger

No Brasil, o uso da técnica conhecida como "relay attack" tem crescido significativamente. Este método permite que criminosos furtem veículos com chaves presenciais, ou keyless, sem contato direto com o dispositivo do proprietário.
Publicado por Alan Corrêa em Dicas dia 5/01/2025

O “relay attack”, ou ataque de retransmissão, é uma técnica utilizada por criminosos para roubar veículos equipados com chaves presenciais, também conhecidas como sistemas keyless. Este método ganhou notoriedade ao permitir que os ladrões levem carros modernos em poucos segundos, sem precisar de contato direto com a chave ou arrombamento físico.

Pontos Principais:

  • Criminosos utilizam dispositivos para captar e retransmitir o sinal da chave presencial.
  • A técnica permite destravar e ligar o veículo sem arrombamento físico.
  • Equipamentos necessários são baratos e facilmente encontrados na internet.
  • Seguradoras estão ajustando preços de apólices para veículos com sistema keyless.

A técnica envolve dois dispositivos conectados entre si. O primeiro é usado para captar o sinal emitido pela chave presencial, que pode estar no bolso ou bolsa do proprietário, em locais como ruas ou estacionamentos. O segundo dispositivo retransmite o sinal captado para o veículo, permitindo que os criminosos destravem as portas e deem partida no motor sem nenhuma interferência visível.

Além disso, em alguns casos, os criminosos utilizam ferramentas para acessar o sistema de diagnóstico do carro (OBD). Esse sistema é explorado para liberar a ignição por meio de um transponder, completando o processo de furto sem ativar sistemas de segurança tradicionais.

A disseminação do “relay attack” no Brasil

O método do “relay attack” começou a ser amplamente reportado durante a pandemia de Covid-19, quando sua popularidade aumentou na Europa. No Brasil, relatos desse tipo de crime começaram a ganhar destaque em meados de 2022, e desde então, sua incidência tem preocupado autoridades e seguradoras.

Por se tratar de um crime que não exige força física ou arrombamento, o número de casos pode ser subnotificado, dificultando a compilação de estatísticas. Entretanto, casos recentes, como o furto de um Mitsubishi ASX em Guarulhos, São Paulo, mostram que o método está em crescimento. Veículos com sistema keyless de diversas marcas estão entre os alvos preferidos, especialmente aqueles estacionados em locais públicos.

As seguradoras já estão respondendo a esse aumento. O custo de seguros para veículos equipados com sistema keyless tem subido, com valores percentualmente mais altos do que os aplicados a modelos com chaves tradicionais. Isso reflete o reconhecimento da maior vulnerabilidade desse tipo de tecnologia.

Equipamentos utilizados e facilidade de acesso

O sucesso do “relay attack” entre criminosos se deve, em parte, à facilidade de obtenção e baixo custo dos equipamentos necessários. Os dispositivos utilizados são vendidos na internet e podem ser adquiridos por valores acessíveis, o que amplia a disseminação do método.

Essa acessibilidade torna o “relay attack” uma ameaça para carros de diferentes categorias e marcas, aumentando os desafios enfrentados pelas montadoras e pelas forças de segurança. Apesar de algumas montadoras já utilizarem sistemas de segurança aprimorados, como a geração de códigos dinâmicos, nem todos os modelos possuem esse tipo de proteção, o que facilita a clonagem dos sinais.

A capacidade de interceptar sinais de radiofrequência também representa um alerta para outras áreas que utilizam essa tecnologia, além dos automóveis. Especialistas apontam que qualquer dispositivo que opere com radiofrequência pode ser potencialmente vulnerável, caso medidas de segurança adicionais não sejam implementadas.

Como proteger seu veículo contra o “relay attack”

Embora o “relay attack” seja uma ameaça real, existem medidas que os proprietários de veículos podem adotar para minimizar os riscos. Algumas dessas ações envolvem o uso de dispositivos simples, mas eficazes, para bloquear o sinal emitido pelas chaves presenciais.

  • Utilizar estojos ou bolsas protetoras: Esses acessórios, que bloqueiam sinais de rádio, estão disponíveis no mercado por valores acessíveis.
  • Alternativas caseiras: Embrulhar a chave em papel alumínio pode ser uma solução prática e econômica.
  • Evitar estacionar em locais públicos: Sempre que possível, priorizar garagens ou estacionamentos fechados reduz as chances de exposição.
  • Manter a chave afastada de portas e janelas: Isso dificulta que o sinal seja captado por criminosos que utilizam o dispositivo transmissor.

Além dessas práticas, é recomendado que os proprietários considerem o uso de rastreadores e sistemas de segurança integrados, que podem dificultar ou retardar o processo de furto. Embora não sejam infalíveis, esses recursos aumentam as chances de recuperação do veículo.

Impactos no mercado e desafios para as montadoras

O aumento dos crimes relacionados ao “relay attack” tem impactado diretamente o mercado automotivo e o setor de seguros. As montadoras enfrentam o desafio de desenvolver tecnologias que ofereçam mais segurança sem comprometer a conveniência do sistema keyless. Soluções como a geração de códigos variáveis e o uso de biometria estão sendo exploradas, mas ainda não são amplamente adotadas.

Por outro lado, as seguradoras estão revisando suas políticas e precificando apólices de acordo com o risco. Modelos com sistema keyless apresentam um custo proporcionalmente maior de seguro em comparação aos modelos tradicionais. Essa diferença é justificada pela maior vulnerabilidade dos veículos com sistemas modernos de partida.

O “relay attack” também destaca a necessidade de campanhas de conscientização sobre segurança automotiva, tanto para o público quanto para as montadoras. Proprietários de veículos precisam estar informados sobre os riscos e as medidas preventivas disponíveis, enquanto as empresas devem buscar soluções tecnológicas mais eficazes.

Fonte: Wikipedia, iG, GZH e OTempo.