O mercado de carros elétricos, que até recentemente parecia estar em plena expansão, enfrenta agora desafios significativos tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. No primeiro semestre de 2024, o Tesla Model Y, que liderava as vendas no mercado europeu, caiu para a oitava posição. De acordo com especialistas, essa queda é resultado de três fatores principais: uma linha de produtos que começa a envelhecer, concorrência de marcas chinesas com modelos mais acessíveis e uma estratégia de preços que já não é eficaz diante das ofertas rivais.
Além disso, o fim de incentivos governamentais, como aconteceu na Alemanha, teve um impacto significativo nas vendas. Com o corte dos subsídios em dezembro de 2023, as vendas de carros elétricos no país caíram 37%, desencorajando tanto consumidores quanto fornecedores da indústria automotiva. Esse cenário fez com que empresas como a Schaeffler, fornecedora de autopeças, redirecionassem seus investimentos para a produção de veículos híbridos.
Nos Estados Unidos, a situação não é muito diferente. Um dos principais problemas enfrentados pelos consumidores de carros elétricos é a falta de uma infraestrutura confiável de carregamento. De acordo com um relatório da Automotive News, mais de um quarto dos postos públicos de carregamento no país estão inoperantes, o que mina a confiança dos motoristas. Além disso, a dificuldade em obter informações precisas sobre a localização dos postos de carregamento agrava o problema.
Fabricantes de tecnologia e peças para carros elétricos também estão sentindo o impacto. A Infineon Technologies, uma das maiores fornecedoras de chips para a indústria automotiva, anunciou que a recuperação em grande escala de veículos elétricos ainda não está visível no horizonte, e a empresa já planeja cortar cerca de 1.400 empregos.
Em resposta a esses desafios, algumas montadoras estão reavaliando suas estratégias para o futuro. A Mercedes-Benz, por exemplo, anunciou um novo investimento de US$ 15 bilhões no desenvolvimento de motores a combustão, uma decisão que segue uma tendência iniciada pela Toyota. A fabricante japonesa, que sempre demonstrou cautela em relação à eletrificação completa de sua linha de veículos, está desenvolvendo novas tecnologias que prometem transformar o mercado nos próximos anos.
Outro fator que contribui para a desaceleração nas vendas de carros elétricos é a crescente concorrência de marcas chinesas como BYD e GWM, que vêm ganhando espaço tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Esses fabricantes oferecem modelos com preços mais baixos e, muitas vezes, com tecnologia mais avançada, o que dificulta a permanência das marcas tradicionais no topo das vendas.
Além disso, o impacto ambiental dos carros elétricos continua sendo debatido. Embora sejam vistos como uma solução para reduzir as emissões de gases poluentes, sua produção ainda depende de recursos minerais limitados, e a reciclagem das baterias continua sendo um desafio. Esses pontos geram questionamentos sobre a viabilidade do carro elétrico como a solução definitiva para a mobilidade sustentável.
Outro elemento importante a ser considerado é a infraestrutura de carregamento. Enquanto países como a Alemanha e a Suécia lideram em termos de adoção de carros elétricos, muitos outros países, inclusive o Brasil, ainda têm uma infraestrutura deficiente. No Brasil, por exemplo, há um déficit de carregadores públicos em relação ao tamanho da frota de veículos elétricos. Isso limita a expansão do mercado de elétricos no país, onde a predominância de veículos híbridos parece ser uma tendência mais viável a curto prazo.
As montadoras, por sua vez, estão ajustando suas expectativas e planos de eletrificação. Nos últimos anos, muitas delas tinham metas ambiciosas de substituir suas linhas de combustão por modelos elétricos. No entanto, com a paridade de preços entre veículos a combustão e elétricos ainda distante, e as vendas não atingindo as projeções, algumas empresas, como Chevrolet e Ford, estão recuando de seus planos originais.
No caso do Brasil, os híbridos, que combinam motores a combustão e elétricos, devem dominar o mercado nos próximos anos. Até 2030, a previsão é de que os motores a combustão ainda representem 75% das vendas, enquanto os veículos elétricos puros devem ficar com apenas 8,5% de participação.
Fonte: Terra e AutoEsporte.