Carros elétricos não eliminam toda a poluição: estudo revela que poeira dos freios pode ser mais prejudicial que a fumaça de motores a diesel

Os carros elétricos prometem um futuro mais limpo, mas um estudo revelou um problema invisível: a poeira dos freios. Cientistas descobriram que essas partículas podem ser mais tóxicas do que a fumaça dos motores a diesel. O peso dos elétricos agrava o desgaste, ampliando a poluição. Regulamentações e novas tecnologias são urgentes.
Publicado por Alan Corrêa em Notícias dia 17/02/2025

Carros elétricos reduzem a poluição, mas não eliminam todas as emissões. Um estudo recente revelou que a poeira gerada pelo desgaste das pastilhas de freio pode ser mais prejudicial do que as emissões de motores a combustão. Essa descoberta levanta um novo desafio para a indústria automotiva e para as regulamentações ambientais.

Pontos Principais:

  • Estudo mostrou que poeira dos freios pode ser mais tóxica do que gases de escapamento.
  • Metais como cobre são apontados como responsáveis por impactos negativos na saúde.
  • Carros elétricos, por serem mais pesados, podem gerar ainda mais poeira de freio.
  • Regulamentações futuras podem limitar emissões de partículas de freios e pneus.

A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade de Southampton, no Reino Unido, analisou o impacto da poeira dos freios na saúde pulmonar. Os resultados mostraram que as partículas liberadas durante a frenagem podem causar danos significativos às células pulmonares. Em alguns casos, os efeitos foram mais severos do que aqueles causados pela inalação da fumaça expelida por motores a diesel.

Os carros elétricos reduzem a poluição do escapamento, mas a poeira dos freios continua um problema. Cientistas descobriram que essas partículas podem ser mais prejudiciais que a fumaça de motores a diesel - Imagem gerada por IA.
Os carros elétricos reduzem a poluição do escapamento, mas a poeira dos freios continua um problema. Cientistas descobriram que essas partículas podem ser mais prejudiciais que a fumaça de motores a diesel – Imagem gerada por IA.

Apesar da adoção crescente de veículos elétricos para reduzir as emissões de escapamento, a poeira dos freios permanece um problema. Como os elétricos são mais pesados do que os carros a combustão, o desgaste dos freios e dos pneus pode ser ainda maior. Isso significa que, embora os veículos elétricos eliminem um tipo de poluição, contribuem para outro tipo de emissão ainda pouco regulamentado.

O impacto da poeira dos freios na saúde

O estudo analisou como diferentes tipos de poeira de freio afetam as células pulmonares. Para isso, os pesquisadores cultivaram células que imitam o revestimento dos pulmões humanos e as expuseram a poeira de escapamento e poeira gerada pelos freios.

Os resultados indicaram que a poeira dos freios pode ser mais tóxica do que os gases liberados pelos motores a diesel. O contato com as partículas afetou processos celulares ligados a doenças como câncer de pulmão, asma e doença pulmonar obstrutiva crônica.

As pastilhas de freio mais modernas foram desenvolvidas sem amianto, um material antes utilizado, mas que foi proibido devido aos riscos à saúde. Para substituir o amianto, os fabricantes adotaram novas formulações, como as pastilhas de baixo teor metálico, as semi-metálicas e as orgânicas sem amianto.

Metais e toxicidade das pastilhas de freio

Entre os componentes mais preocupantes da poeira dos freios está o cobre. Os pesquisadores identificaram que a remoção do cobre da poeira reduziu os efeitos tóxicos observados nas células pulmonares. Isso sugere que esse metal pode estar diretamente associado aos impactos negativos na saúde.

Atualmente, quase metade do cobre presente no ar de algumas cidades tem origem no desgaste das pastilhas de freio e dos pneus. Estudos anteriores já indicaram que altos níveis de cobre no organismo estão relacionados a problemas respiratórios e aumento do risco de doenças pulmonares.

Nos Estados Unidos, estados como Califórnia e Washington já aprovaram leis para limitar o uso de cobre nas pastilhas de freio. Na Europa, as novas regulamentações Euro 7, previstas para 2026, também devem impor limites para essas emissões. No entanto, as regras só valerão para novos veículos, sem impacto imediato nas peças já em circulação.

Os desafios para os veículos elétricos

Os veículos elétricos eliminam as emissões diretas dos escapamentos, mas não resolvem o problema das emissões de poeira dos freios, pneus e desgaste do asfalto. Devido ao peso maior das baterias, os carros elétricos tendem a gerar ainda mais partículas do que os modelos a combustão.

A frenagem regenerativa, que transforma parte da energia da desaceleração em eletricidade, ajuda a reduzir o desgaste das pastilhas de freio. No entanto, esse sistema ainda não elimina completamente a necessidade da frenagem por fricção, principal responsável pela geração de poeira.

Com a crescente adoção dos veículos elétricos, a regulamentação dessas emissões se torna cada vez mais importante. A inovação nos materiais de freio e novas normas ambientais podem reduzir o impacto dessas partículas na saúde pública e no meio ambiente.

Possíveis soluções para o problema

Os cientistas sugerem algumas estratégias para reduzir a poeira dos freios e seus impactos negativos:

  • Desenvolvimento de novos materiais para pastilhas de freio que não utilizem cobre ou outros metais tóxicos
  • Expansão do uso da frenagem regenerativa para reduzir o desgaste das pastilhas convencionais
  • Revisão das normas ambientais para incluir limites de emissões de poeira dos freios e dos pneus
  • Projetos urbanos que minimizem a necessidade de frenagens bruscas e o tráfego intenso
  • Estímulo ao transporte público e alternativas de mobilidade para reduzir a frota de veículos particulares

Com a introdução de novas regulamentações e o avanço da tecnologia, a indústria automotiva terá o desafio de equilibrar a redução da poluição com o desempenho dos veículos. Enquanto isso, a pesquisa segue analisando os efeitos da poeira dos freios na saúde humana e no meio ambiente.

Fonte: Noticiasautomotivas, Pplware e Olhardigital.