Muita gente ainda vê os motores boxer como um mito, algo lendário e, talvez, um pouco ultrapassado. Afinal, porque as grandes marcas não o utilizam? Só pode ser por ele ser ultrapassado, não é? Na verdade não é bem assim.
Os motores boxer, como quase tudo na vida, possuem vantagens e desvantagens, e para as grandes montadoras as desvantagens são, normalmente, superiores às vantagens, motivo pelo qual preferem continuar com os motores com cilindros em V ou em linha. Mas vamos entender um pouco melhor como funcionam os motores boxer a seguir.
Antes de mais nada precisamos entender o que é e como funciona um motor boxer. Para começar, o sistema que ele utiliza foi desenvolvido por Ferdinand Porsche a pedido de Hitler, no período da Segunda Grande Guerra.
A encomenda exigia um motor resistente e que não dependesse de água para ser refrigerado, e por causa disso os primeiros motores boxer eram refrigerados a ar. Além disso, precisavam ser muito resistentes e dispensar, tanto quanto possível, a manutenção. E assim foi feito.
O motor boxer tem uma característica que o diferencia de todos os outros tipos de motores convencionais de carros, e que são os cilindros horizontais contrapostos, enquanto a maioria dos carros tem cilindros paralelos e na vertical, tanto alinhados quanto em forma de V. A imagem abaixo pode dar uma ideia comparativa melhor.
O motor boxer oferece algumas vantagens em relação aos motores convencionais. Uma delas é que, pelo fato de trabalhar no sentido horizontal, o índice de vibrações dentro do carro é bem menor, proporcionando mais conforto aos passageiros.
Além disso, precisam de uma altura menor do que os outros motores, o que auxilia no centro de gravidade do veículo, oferecendo mais estabilidade e, consequentemente, mais segurança. Isso é especialmente importante em modelos com motor traseiro, evitando um desequilíbrio entre a parte de trás e a dianteira do carro.
Mas também existem desvantagens. Para começar, o fato de serem menos utilizados acarretou que sua tecnologia não avançou tanto no quesito da redução de poluentes, então o motor boxer tende a emitir mais gases poluentes que os motores convencionais. Isso também implica num maior consumo de combustível, evidentemente.
Além disso, os cilindros do motor boxer tendem a ser maiores, o que acaba elevando o preço final dos modelos que são equipados com ele. Isso sem falar que exige uma maior quantidade de peças, como os cabeçotes por exemplo, uma vez que os cilindros trabalham em dois sentidos diversos.
Por fim, os especialistas ainda afirmam que o desgaste dos componentes é mais rápido, especialmente na parte inferior dos cilindros, pela própria gravidade. Mas isso é um pouco teórico, pois com uma boa lubrificação podem ser motores muito duráveis. Basta ver os modelos da Porsche e da Subaru que adotam esse tipo de motor, e que são reconhecidos justamente pela sua robustez mecânica.
A marca japonesa introduziu tecnologia com um comando de 16 válvulas, refrigeração líquida e até mesmo turbocompressor em seu motor boxer, o que lhe permitiu conquistar diversas vezes o campeonato mundial de rali com o modelo Impreza WRX.
Como mencionamos acima, o motor boxer foi desenvolvido no período da Segunda Guerra pelos alemães. Os principais e mais conhecidos modelos que utilizam, ou utilizavam, esse tipo de motor são os Volkswagen Fusca, Kombi, Variant e até algumas versões do Gol de 1986.
Mas existem alguns modelos atuais da Porsche a da Subaru que utilizam esse mesmo sistema, embora com grandes alterações e avanços tecnológicos. Entre eles podemos mencionar o Porsche 911 Carrera S e o Subaru WRX.