Observar os principais carros lançados no Brasil no primeiro semestre de 2024 revela tendências e tecnologias nas escolhas de cores dos fabricantes. Novas cores como laranja e azul estão ganhando destaque em modelos como Renault Kardian, Chevrolet Spin, Ford Mustang e BYD Dolphin Mini e King. No entanto, cores tradicionais como branco, preto e prata continuam a dominar o mercado, representando mais de 80% das vendas.
A discrepância entre a diversidade das paletas de cores dos lançamentos e as cores predominantes nas ruas reflete tanto preferências dos consumidores quanto estratégias de mercado das montadoras. Entender esses fatores pode ajudar a prever as próximas tendências no setor automotivo. Neste artigo, exploramos as razões por trás dessas escolhas e como as tecnologias de pintura estão evoluindo.
O Renault Kardian representa uma nova fase para a marca, utilizando a cor laranja Energy, que simboliza vitalidade e sucesso. Esta escolha de cor visa atrair um público mais jovem e dinâmico, alinhando-se com o design moderno do veículo. A combinação bitom, com o teto preto na versão de topo, reforça essa estratégia.
Por outro lado, a Chevrolet Spin foi renovada com um tom azul metálico chamado Boreal. Esta cor, embora tradicional, contrasta com o amarelo utilizado na versão anterior, Spin Activ7, lançada em 2019. A paleta atual do Spin é composta por cores mais sóbrias, como branco, preto, prata e cinza, além de um verde metálico chamado Safari.
As diferenças entre as abordagens da Renault e da Chevrolet mostram como as montadoras utilizam cores para diferenciar seus modelos e atrair diferentes segmentos de consumidores. A escolha do laranja para o Kardian e do azul para o Spin reflete estratégias distintas para destacar os veículos no mercado.
A Ford introduziu novas cores para o Mustang, incluindo o vermelho Zadar e o azul Algarve. Essas cores foram desenvolvidas em parceria com a empresa Axalta, utilizando vernizes especiais para preservar o brilho e a intensidade ao longo do tempo. A escolha dessas cores visa ressaltar os vincos fortes da carroceria do Mustang, criando um efeito visual impactante sob diversas condições de luz.
O BYD Dolphin Mini, por sua vez, foi lançado com cores como preto, branco, verde e rosa. Essas escolhas refletem uma abordagem mais conservadora, destinada a um público amplo e variado. A decisão de utilizar cores tradicionais como preto e branco, além do verde e rosa, indica uma estratégia para agradar a um público diversificado.
As técnicas de pintura avançadas utilizadas pela Ford e pela BYD mostram como a tecnologia está sendo aplicada para criar cores duráveis e visualmente atraentes. A colaboração com empresas especializadas em tintas e revestimentos é crucial para desenvolver cores que atendam às expectativas estéticas e funcionais dos consumidores.
Apesar das inovações e das novas cores lançadas, branco, preto e prata continuam a liderar as preferências dos consumidores no Brasil. Essas cores representam entre 82% e 85% do mercado. Vermelho e azul têm uma participação de 8% a 10%, enquanto amarelo e laranja representam cerca de 1% cada. Cores como verde e outras somam menos de 1%, com todas as outras cores combinadas representando entre 3% e 7%.
As preferências por cores neutras como branco, preto e prata estão ligadas a fatores como valor de revenda e conservadorismo do mercado. Essas cores são vistas como mais seguras para a revenda, pois tendem a desvalorizar menos ao longo do tempo. Essa percepção afeta diretamente as escolhas dos consumidores e as estratégias das montadoras.
A influência das cores tradicionais reflete uma tendência global, onde tons neutros são frequentemente preferidos por sua atemporalidade e facilidade de manutenção. As cores mais ousadas e vibrantes, embora atrativas, são menos comuns devido à preocupação com a desvalorização e a revenda.
As tecnologias de pintura e revestimento evoluíram significativamente, permitindo a criação de cores mais duráveis e esteticamente agradáveis. Empresas como Axalta e PPG estão na vanguarda desse desenvolvimento, trabalhando em conjunto com as montadoras para desenvolver novas paletas de cores. Esses processos envolvem a combinação de pigmentos específicos e vernizes especiais para garantir a longevidade e a consistência das cores.
O processo de desenvolvimento de uma nova cor pode levar de três a cinco anos, incluindo testes de durabilidade e exposição a raios UV. Essas etapas são essenciais para garantir que as cores mantenham seu brilho e intensidade ao longo do tempo. As técnicas de pintura avançadas, como a aplicação de tri-coat (três camadas de pintura), ajudam a criar acabamentos de alta qualidade.
Além das montadoras, o mercado de repintura também desempenha um papel crucial na manutenção das cores dos veículos. Empresas especializadas oferecem serviços de reparo e customização, utilizando tecnologias avançadas para replicar as cores originais com precisão. Isso garante que os consumidores possam manter seus veículos em perfeito estado por mais tempo.
As tendências de cores para carros não são definidas apenas pelas montadoras, mas também pela moda e pela tecnologia. A Pantone, por exemplo, define anualmente a cor do ano, que influencia diversas indústrias, incluindo a automotiva. Para 2024, a cor do ano é Peach Fuzz, uma mistura de laranja com rosa.
Embora cores como Peach Fuzz não sejam diretamente aplicáveis aos carros devido às diferenças nos processos de fabricação, elas influenciam a criação de tons pastel e vibrantes. A cor automotiva do ano, Starry Night, definida pela Axalta, é um exemplo de como essas tendências se manifestam no setor automotivo. Essa cor combina preto com flocos azulados, criando um efeito de profundidade e modernidade.
As tendências de cores também são influenciadas por dispositivos tecnológicos como celulares, que frequentemente introduzem novas paletas de cores ao mercado. A popularidade de certas cores em gadgets e moda acaba refletindo nas escolhas de cores para carros, criando uma conexão entre diferentes indústrias.
O mercado automotivo brasileiro enfrenta desafios relacionados à aceitação de cores mais ousadas e diversificadas. A preferência por cores neutras, impulsionada pelo conservadorismo e pela preocupação com a desvalorização, limita a adoção de cores vibrantes. No entanto, as montadoras continuam a explorar novas opções para atrair diferentes segmentos de consumidores.
A colaboração entre montadoras e fabricantes de tintas e revestimentos é essencial para desenvolver novas paletas de cores que atendam às demandas dos consumidores. A aplicação de tecnologias avançadas e a realização de testes rigorosos garantem que as cores sejam duráveis e esteticamente agradáveis.
Para o futuro, espera-se que as tendências globais continuem a influenciar o mercado brasileiro. A introdução de novas cores e tecnologias de pintura pode ajudar a diversificar as opções disponíveis e atrair um público mais amplo. A educação dos consumidores sobre os benefícios e as características das novas cores também pode contribuir para uma maior aceitação e adoção de cores inovadoras no setor automotivo.
Fonte: CNN.