O primeiro trimestre de 2025 começou com um desempenho histórico para o mercado de motocicletas no Brasil. Segundo os dados divulgados pela Fenabrave, foram emplacadas 473.927 motos zero quilômetro entre janeiro e março, estabelecendo um novo recorde para o setor e superando a antiga marca de 2008, que era de 435.789 unidades. O crescimento em relação ao mesmo período de 2024 foi de 9,63%, demonstrando a força do segmento no cenário atual.
Pontos Principais:
As motos se consolidam como um meio de transporte cada vez mais popular no país. A combinação de preços mais acessíveis, economia de combustível, facilidade de manutenção e agilidade no trânsito tem impulsionado a demanda. Além disso, o uso intensivo de motocicletas por entregadores e motoristas de aplicativos, somado à baixa qualidade do transporte público em muitas regiões, contribui para essa preferência.
Com esse ritmo, a Fenabrave projeta que o total de emplacamentos supere a marca de 2 milhões de unidades até o fim de 2025. Em meio ao avanço expressivo dos modelos a combustão, os modelos elétricos ainda representam uma parcela pequena do mercado, mas mostram crescimento constante.
A liderança do setor segue nas mãos da Honda, com amplo domínio entre os modelos mais vendidos. A Honda CG 160, por exemplo, registrou 104.216 unidades vendidas no período, mantendo sua posição como a moto mais emplacada do país, posto que ocupa desde 1976. O modelo tem se mostrado resistente ao passar do tempo, consolidando sua presença tanto no uso urbano quanto no cotidiano de trabalho.
Em seguida aparecem a Honda Biz, com 62.370 unidades, e a Honda Pop 110i, que atingiu 53.063 emplacamentos. Outros modelos da marca também figuram no ranking, como a NXR 160 Bros (40.692), CB 300F (15.352), PCX 160 (12.808) e XRE 300 (9.584). A Yamaha também aparece com força, especialmente com a YBR 150 (12.420) e a XTZ 250 (9.811).
O crescimento da Mottu Sport 110I, com 13.306 unidades no trimestre, chama a atenção por estar fortemente associada ao mercado de aluguel para entregadores. A moto ganhou espaço rapidamente ao se alinhar com a demanda por mobilidade e renda alternativa.
Somente no mês de março de 2025, foram emplacadas 166.014 motocicletas, um aumento de 6,45% em relação a fevereiro. Em comparação com março do ano passado, a alta foi de 8,74%. A CG 160 seguiu como a líder isolada, com 35.423 unidades vendidas. A Honda Biz aparece na segunda posição, com 21.367, seguida pela Pop 110i ES, com 18.586 emplacamentos.
O desempenho da CG 160 não se destaca apenas entre motos, mas também quando comparado com os veículos de quatro rodas. No mesmo mês, o carro mais vendido do Brasil, a Fiat Strada, teve 29.298 unidades emplacadas, número bem inferior ao da moto da Honda. Esse dado reforça o papel das motocicletas como principais veículos de transporte individual em muitas regiões.
A preferência pela CG 160 está associada ao custo-benefício, agilidade no trânsito e histórico de confiabilidade. O modelo se tornou uma escolha frequente tanto para deslocamentos urbanos quanto para atividades profissionais de entrega e serviços gerais.
Embora o mercado esteja majoritariamente dominado por motos a combustão, os modelos elétricos registraram crescimento expressivo no comparativo anual. Foram 3.452 unidades emplacadas no primeiro trimestre, frente às 1.686 registradas em igual período de 2024. O avanço de 104,74% ainda representa uma fatia pequena do total — apenas 0,7% — mas aponta uma tendência de mudança gradual.
O principal desafio das motos elétricas segue sendo o custo inicial, aliado à baixa oferta de modelos com autonomia compatível com os usos mais exigentes, como entregas em grandes cidades. Além disso, a infraestrutura de recarga ainda não cobre todas as regiões com eficiência, o que limita sua adoção em massa.
Mesmo assim, há espaço para crescimento. Fabricantes e startups têm investido em ampliar o portfólio de veículos eletrificados, com foco em modelos leves e urbanos. O aumento no preço dos combustíveis fósseis também impulsiona o interesse por alternativas mais baratas no uso contínuo.
A Honda CG 160 permanece como um dos pilares do mercado brasileiro. Com motor de 162,7 cc, potência de 15,1 cv e câmbio de cinco marchas, é projetada para uso urbano, com desempenho adequado à proposta. A suspensão dianteira telescópica e o sistema de freios CBS colaboram para um uso estável em vias irregulares.
Entre os pontos positivos, destacam-se a economia de combustível, com médias próximas a 45 km/l, e a confiabilidade do conjunto mecânico, que exige manutenção básica e tem ampla rede de peças e serviços. O conforto também é adequado para um uso diário moderado.
Em contrapartida, a CG 160 oferece poucos recursos tecnológicos em comparação com modelos mais recentes. Outro ponto de atenção é o desempenho em estradas, que pode ser limitado quando há necessidade de ultrapassagens ou uso com garupa em trechos mais longos.
Com o ritmo atual, as previsões da Fenabrave indicam que o Brasil deve alcançar a marca de dois milhões de motocicletas emplacadas ainda em 2025. A demanda segue aquecida, puxada por motofretistas, entregadores autônomos e novos usuários que migram do transporte público para alternativas individuais.
O comportamento do consumidor também tem mudado. Há uma busca maior por motos de baixa cilindrada, econômicas e fáceis de manter. Modelos intermediários, como a CG 160, continuam a liderar pela versatilidade, enquanto opções mais acessíveis, como a Pop 110i, crescem no segmento de entrada.
Apesar dos desafios logísticos e estruturais, o setor segue em crescimento. A concorrência deve se intensificar com a chegada de novas marcas e tecnologias, incluindo uma lenta, porém progressiva, penetração de motos elétricas no mercado nacional.
Fonte: Agenciabrasil, G1 e AutoPapo