A reestruturação da Jaguar é um movimento estratégico dentro do plano global “Reimagine” da JLR, estabelecido para posicionar a marca em um mercado de ultra-luxo e aumentar o nível de exclusividade. Com a decisão, a empresa encerrou a venda de seus modelos a combustão em seu país de origem, afetando modelos populares como o F-Pace, E-Pace, XE, XF e o esportivo F-Type, agora descontinuados. A partir de novembro de 2024, apenas veículos elétricos farão parte do portfólio da Jaguar, com o objetivo de se tornar uma marca totalmente elétrica até 2025.
Pontos Principais:
A decisão de cessar a venda de carros novos no mercado britânico faz parte do esforço para transformar a Jaguar em uma marca com foco em luxo e exclusividade. De propriedade da Tata Motors desde 2008, a JLR vislumbra que a Jaguar alcance um nível de mercado semelhante ao de marcas como Bentley e Aston Martin. Em vez de competir com Mercedes-Benz, BMW e Audi, a ideia é que a Jaguar se destaque com veículos de alta gama e totalmente elétricos.
A mudança, no entanto, não significa um encerramento definitivo das operações de todos os modelos. Alguns SUVs continuarão a ser produzidos para exportação, mas isso também será temporário. Para os consumidores britânicos, a única opção disponível será a compra de veículos Jaguar usados, com certificado de garantia oferecido pela montadora, até que os novos modelos elétricos cheguem ao mercado.
De acordo com a empresa, a expectativa é de que o primeiro modelo elétrico da nova linha seja um concorrente do Porsche Taycan, seguido de um SUV de luxo que deverá rivalizar com o Bentley Bentayga. Ambos os veículos utilizarão a Jaguar Electrified Architecture, uma nova plataforma dedicada para carros elétricos, desenvolvida especialmente para esta fase de renovação da marca.
O relançamento da marca Jaguar visa reposicionar-se em um mercado mais exclusivo, onde poderá gerar margens de lucro mais altas, reduzindo o volume de vendas e aumentando o valor agregado de cada veículo. O primeiro carro dessa nova linha não deve chegar ao mercado britânico antes de 2026, o que deixa a Jaguar sem novos produtos à venda no Reino Unido por mais de um ano.
A estratégia de reposicionamento da Jaguar como marca de ultra-luxo é também uma tentativa de enfrentar os desafios de vendas que a empresa tem enfrentado. O F-Pace, um dos modelos mais vendidos da Jaguar em 2023, registrou 21.943 unidades globalmente, um volume pequeno considerando a popularidade dos SUVs no mercado automotivo atual. Esse dado reflete a necessidade de uma reformulação no portfólio da marca.
Com preços iniciais superiores a 100 mil libras esterlinas (aproximadamente R$ 760 mil), os novos modelos da Jaguar buscam atrair um público de alto poder aquisitivo. Antes do final de 2024, a marca pretende exibir um modelo-conceito grand tourer nos Estados Unidos, que servirá como uma prévia do que se espera para o futuro da marca. O conceito terá um design de quatro portas e pretende estabelecer o novo padrão de luxo da Jaguar.
A decisão de transformar a Jaguar em uma marca exclusivamente elétrica também reflete as mudanças no setor automotivo global, com as fabricantes de carros se voltando cada vez mais para opções de transporte sustentáveis. O diretor administrativo da Jaguar, Rawdon Glover, reconheceu recentemente as dificuldades e frustrações ao longo do processo de transição, especialmente no que diz respeito à produção e à adaptação tecnológica dos novos modelos.
A empresa confia que a nova fase da Jaguar permitirá competir diretamente com marcas já consolidadas no mercado de luxo elétrico, sendo o Taycan, da Porsche, o alvo inicial dessa nova linha. O SUV que deve ser lançado em 2026 também terá a Bentley como referência de concorrência. A Jaguar espera que o novo portfólio aumente a margem de lucro e traga um diferencial em relação aos principais competidores.
Enquanto as mudanças são implementadas, os clientes no Reino Unido terão que recorrer ao mercado de seminovos, já que não haverá novos veículos à venda até a chegada dos novos modelos elétricos. Essa reestruturação indica uma nova fase para a Jaguar, que passa a priorizar exclusividade, veículos de alto valor e um mercado específico no segmento de luxo.
A relação entre Jaguar, Land Rover e a Tata Motors começou oficialmente em 2008, quando a empresa indiana Tata Motors adquiriu as duas icônicas marcas britânicas da Ford. Esta aquisição marcou o início de uma parceria que combinou a herança britânica com a expertise industrial da Índia, e que até hoje continua a transformar a Jaguar Land Rover (JLR) em uma potência global da indústria automotiva. Sob a liderança da Tata Motors, ambas as marcas passaram por mudanças significativas em termos de design, tecnologia e posicionamento de mercado.
Antes da aquisição, tanto Jaguar quanto Land Rover enfrentavam dificuldades financeiras, agravadas pela crise econômica de 2008. A Ford, que controlava as marcas desde o final dos anos 1980 e 1990, respectivamente, decidiu vendê-las para reduzir suas perdas. A Tata Motors viu nisso uma oportunidade de entrar no mercado de luxo automotivo, ampliando sua presença global. A compra foi estratégica: a Tata não apenas adquiriu duas marcas com uma sólida reputação, mas também incorporou conhecimentos tecnológicos e de engenharia que fortaleceram suas operações.
A relação entre JLR e Tata Motors permitiu uma infusão de capital que revitalizou o desenvolvimento de novos modelos e tecnologias. Sob a gestão da Tata, foram lançados veículos emblemáticos, como o Jaguar F-Pace e o Range Rover Velar, que rejuvenesceram a imagem das marcas e atraíram um público mais jovem. Além disso, a Tata possibilitou uma abordagem mais agressiva na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de eletrificação, conectividade e condução autônoma, impulsionando as duas marcas na era dos veículos elétricos.
Essa parceria, no entanto, não está livre de desafios. A JLR enfrenta concorrência acirrada de marcas como Audi, BMW e Mercedes-Benz, e precisa continuar inovando para manter sua relevância no mercado. A transição para veículos elétricos é um dos maiores desafios atuais, e a Tata Motors tem desempenhado um papel crucial ao fornecer suporte financeiro e estratégico para que a JLR adapte sua linha de produtos para atender a essas novas demandas do mercado e dos reguladores globais.
A Tata Motors mantém uma política de gestão relativamente independente para a JLR, permitindo que a empresa preserve suas raízes e identidade britânicas. Essa autonomia, combinada com a robusta estrutura de suporte financeiro da Tata, tem sido fundamental para manter a autenticidade das marcas enquanto promove a inovação e a sustentabilidade. Dessa forma, JLR conseguiu expandir suas operações em mercados emergentes, incluindo a Índia, ampliando sua base de clientes.
Fonte: Motor1, Wikipedia, QuatroRodas e Tupi.