Lula propõe venda direta de combustíveis pela Petrobras para reduzir preços

No calor de um evento em Angra dos Reis, Lula lançou uma proposta polêmica: vender combustíveis diretamente pela Petrobras, sem intermediários. A ideia visa reduzir preços, mas enfrenta desafios regulatórios. Ele criticou a privatização da BR Distribuidora e destacou que impostos e margens elevam os valores ao consumidor.
Publicado por Alan Corrêa em Notícias dia 17/02/2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs que a Petrobras comercialize gasolina, diesel e gás diretamente para grandes consumidores, sem a intermediação das distribuidoras. A sugestão foi feita durante um evento da indústria naval em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, onde Lula abordou a diferença entre os preços praticados pela estatal e os valores finais cobrados nos postos de combustíveis.

Pontos Principais:

  • Lula propõe que a Petrobras venda combustíveis diretamente aos grandes consumidores.
  • Objetivo é eliminar intermediários e reduzir os preços ao consumidor final.
  • Atualmente, combustíveis passam por distribuidoras antes de chegarem aos postos.
  • Presidente critica a privatização da BR Distribuidora, atual Vibra.

A medida, segundo o presidente, busca reduzir os custos para o consumidor final, eliminando a margem das distribuidoras. Atualmente, os combustíveis são vendidos pela Petrobras para essas empresas, que repassam o produto aos postos, onde os preços são então estabelecidos para os motoristas e demais consumidores.

Lula criticou a privatização da BR Distribuidora, ocorrida em 2019, e afirmou que a população não tem acesso a informações detalhadas sobre a composição dos preços dos combustíveis. Ele ressaltou que, frequentemente, a Petrobras e o governo federal são responsabilizados pelos aumentos, quando, na realidade, a alta se dá ao longo da cadeia de distribuição.

Venda direta de combustíveis e impacto nos preços

Durante o evento, Lula defendeu que a Petrobras explore alternativas para oferecer combustíveis sem intermediários, permitindo que grandes consumidores adquiram diesel e gasolina diretamente da estatal. Segundo ele, essa mudança poderia reduzir os preços ao evitar margens adicionais impostas pelos distribuidores.

O presidente destacou que o diesel sai da Petrobras a um preço muito inferior ao que é cobrado nos postos. O mesmo ocorre com a gasolina e o gás de cozinha, cujo botijão de 13 quilos, segundo Lula, tem custo inicial de R$ 35, mas chega ao consumidor final por valores que podem ultrapassar R$ 140, dependendo da tributação estadual.

A declaração reforça uma posição crítica à estrutura de precificação atual e à participação de intermediários na cadeia de combustíveis. Lula defendeu que a Petrobras e o governo forneçam mais transparência sobre a composição dos preços e afirmou que a população precisa saber exatamente quais fatores influenciam as oscilações nos valores cobrados.

Reajuste recente e aumento da tributação

Angra do Reis (RJ), 17/02/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de retomada da indústria naval e offshore brasileira no âmbito do Programa de Renovação da Frota Naval do Sistema Petrobras. Terminal Marítimo Almirante Maximiano da Fonseca (Tebig) da Transpetro. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Angra do Reis (RJ), 17/02/2025 – Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de retomada da indústria naval e offshore brasileira no âmbito do Programa de Renovação da Frota Naval do Sistema Petrobras. Terminal Marítimo Almirante Maximiano da Fonseca (Tebig) da Transpetro. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Os preços dos combustíveis registraram aumentos sucessivos nas últimas semanas. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicam que, entre os dias 9 e 15 de fevereiro, o preço médio da gasolina chegou a R$ 6,37 por litro nos postos. Na semana anterior, o valor era de R$ 6,35. O diesel também teve aumento, passando de R$ 6,38 para R$ 6,39 por litro.

Desde janeiro, a gasolina tem atingido sucessivos recordes de preço. O valor médio de R$ 6,19 registrado na semana de 19 de janeiro foi o maior até então. Em 2024, o pico anterior havia sido de R$ 6,15. O diesel também sofreu reajustes, impulsionados pelo aumento da tributação estadual e pelo reajuste de preços da Petrobras.

A partir de 1º de fevereiro, o ICMS da gasolina subiu de R$ 1,3721 para R$ 1,4700 por litro, enquanto o diesel teve um aumento de R$ 0,06, passando de R$ 1,0635 para R$ 1,1200. Além disso, a Petrobras reajustou o valor do diesel vendido às distribuidoras, elevando o preço para R$ 3,72 por litro, o primeiro aumento desde 2023.

Reações e possíveis impactos no mercado

A proposta de Lula gerou debates sobre a viabilidade da venda direta de combustíveis pela Petrobras. Especialistas apontam que a medida poderia enfrentar desafios regulatórios e logísticos, já que a distribuição de combustíveis no Brasil é estruturada para operar com a intermediação das distribuidoras.

A privatização da BR Distribuidora, mencionada por Lula, também é um ponto central na discussão. Em 2019, a empresa deixou de ser subsidiária da Petrobras, tornando-se a Vibra Energia. Essa mudança alterou a dinâmica da distribuição, deixando a Petrobras sem controle direto sobre a comercialização final de seus produtos.

Se implementada, a venda direta pode impactar o modelo de negócios das distribuidoras e alterar a concorrência no setor. Além disso, a medida pode levar a discussões sobre a necessidade de revisão da legislação vigente para permitir esse tipo de comercialização direta aos consumidores finais.

Futuro da política de preços dos combustíveis

A discussão sobre os preços dos combustíveis no Brasil tem sido recorrente nos últimos anos. Desde o início do governo Lula, a política de precificação da Petrobras passou por mudanças, deixando de seguir exclusivamente a paridade internacional.

A proposta de venda direta pode representar um novo capítulo nessa política, mas ainda depende de avaliações técnicas e jurídicas. O governo tem buscado alternativas para conter a alta dos preços, especialmente em um cenário de reajustes frequentes e impactos diretos sobre o custo de vida da população.

Lula defendeu que a Petrobras fortaleça sua atuação e busque soluções que favoreçam o consumidor final. Ele reforçou que a transparência na formação dos preços deve ser uma prioridade, permitindo que a população compreenda os fatores que influenciam as oscilações nos valores cobrados.

Fonte: Agenciabrasil, Poder360, R7 e Oglobo.