Nos últimos vinte anos, o Brasil testemunhou um aumento expressivo na frota de motocicletas, que passou de 6,8 milhões em 2004 para 34,4 milhões em 2024. Esse crescimento não é meramente uma questão de números; ele reflete uma necessidade cada vez mais evidente nas grandes cidades do país. Sem as motos, é provável que a mobilidade urbana se tornasse insustentável, especialmente em metrópoles como São Paulo, onde o trânsito de automóveis já beira o colapso. O que alguns veem como um problema no trânsito brasileiro, na verdade, é uma das poucas soluções que temos hoje.
Pontos Principais:
É inegável que o uso das motos tem se expandido por razões econômicas, sobretudo no contexto pós-pandemia, quando o comércio e os serviços de entrega explodiram. Com a crise do transporte público, a moto emergiu como a principal alternativa para quem precisa se deslocar rapidamente ou garantir uma renda como entregador. Sem essa opção, o caos no trânsito seria ainda maior, e a agilidade nas entregas seria inviável.
E os números não mentem: 33 motociclistas morrem todos os dias no Brasil, um dado alarmante que reflete a gravidade da situação. A fragilidade física dos motociclistas frente a acidentes, muitas vezes fatais ou causadores de lesões graves, expõe uma dura realidade: a moto, apesar de acessível e eficiente, é um veículo de altíssimo risco. O trauma causado por acidentes tem repercussões não só para as famílias das vítimas, mas também para o sistema de saúde, que lida com uma crescente demanda por tratamentos de lesões traumáticas, amputações e reabilitação.
São Paulo, com suas longas filas de carros parados nas avenidas e vias expressas, é o exemplo mais claro de como as motos ajudam a manter a cidade em movimento. O tráfego de automóveis é sufocante, especialmente nos horários de pico, e a moto oferece uma escapatória para quem precisa se locomover de forma eficiente. Para muitos pequenos e médios negócios, a moto representa a única forma de manter as entregas em dia e competir no mercado. De fato, sem as motos, as grandes cidades brasileiras estariam à beira de um colapso logístico.
Agora, imagine se o seu pedido no iFood tivesse que ser entregue de carro. O tempo de espera, que já pode ser elevado em horários de pico, se multiplicaria. O engarrafamento, especialmente em cidades com infraestrutura sobrecarregada como São Paulo, faria com que as entregas demorassem horas, prejudicando tanto o consumidor quanto os entregadores. Além disso, o custo desse serviço aumentaria consideravelmente, uma vez que carros têm maiores despesas com combustível, manutenção e até espaço de estacionamento.
A moto, portanto, não é apenas um meio de transporte, é uma solução necessária e adaptada à realidade das grandes cidades. Embora o aumento do número de motocicletas traga desafios, como a necessidade de melhorias na educação de trânsito e maior segurança nas ruas, não podemos ignorar o fato de que, sem as motos, a mobilidade urbana estaria em uma crise ainda mais profunda. Hoje, elas garantem que os fluxos de mercadorias, serviços e pessoas continuem a acontecer com rapidez, eficiência e a um custo acessível.
Ao contrário da visão negativa que muitas vezes permeia o debate sobre o uso de motos, é preciso reconhecer o papel fundamental que elas desempenham no nosso dia a dia. Sem elas, o trânsito de São Paulo e outras metrópoles literalmente pararia.