Mais da metade dos donos de motocicletas no Brasil não possuem habilitação válida

Estudo da Secretaria Nacional de Trânsito revela que 53,8% dos proprietários de motocicletas, motonetas e ciclomotores no Brasil não possuem habilitação válida. O levantamento destaca fatores como o custo acessível e a dificuldade no acesso à CNH como principais razões para essa situação preocupante.
Publicado em Notícias dia 10/09/2024 por Alan Corrêa

Mais da metade dos proprietários de motocicletas, motonetas e ciclomotores no Brasil não possui a habilitação necessária para conduzir esses veículos, segundo um levantamento recente da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Dos 32,5 milhões de veículos desse tipo registrados no país, cerca de 17,5 milhões de motoristas, o equivalente a 53,8%, não têm uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) válida.

Esse cenário pode ser explicado por uma combinação de fatores, incluindo o custo acessível das motocicletas e a popularização de negócios que utilizam veículos compartilhados ou de aluguel. Além disso, há uma dificuldade significativa para que grande parte da população tenha acesso ao processo de habilitação, segundo a Senatran. Com o aumento das áreas urbanas e a falta de uma infraestrutura adequada em muitas regiões, a necessidade de transporte individual também contribui para o aumento do número de proprietários sem habilitação.

Mais da metade dos motociclistas no Brasil não tem habilitação válida. A pesquisa revela que 17,5 milhões de proprietários estão nessa situação, comprometendo a segurança no trânsito - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Mais da metade dos motociclistas no Brasil não tem habilitação válida. A pesquisa revela que 17,5 milhões de proprietários estão nessa situação, comprometendo a segurança no trânsito – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em termos de perfil, 80% dos donos de motocicletas no Brasil são homens, com uma concentração maior nas faixas etárias de 40 a 49 anos e 50 a 59 anos. Entre os que possuem habilitação, a faixa etária predominante é a de 30 a 39 anos, o que demonstra uma tendência em que os mais jovens tendem a obter a CNH, enquanto os mais velhos estão mais propensos a rodar sem a documentação necessária.

O estudo revela que as motocicletas representam 28% da frota total de veículos no Brasil. Em estados como Maranhão, Piauí, Pará, Acre e Rondônia, a presença de motocicletas é ainda mais expressiva, sendo que no Maranhão elas já compõem 60% da frota estadual. Essas regiões, predominantemente localizadas no Norte e Nordeste, possuem fatores econômicos e culturais que favorecem a utilização das motocicletas como principal meio de transporte.

Em contrapartida, os estados com as maiores quantidades absolutas de motocicletas registradas são São Paulo, com 7 milhões de veículos, seguido por Minas Gerais, Bahia, Ceará e Paraná. Essas regiões, além de contarem com grandes populações, também possuem maior variedade de opções de transporte, o que equilibra a distribuição entre diferentes tipos de veículos.

Além da questão da habilitação, o número de infrações cometidas por motociclistas voltou a crescer após o período de redução durante a pandemia de covid-19. Em 2020, foram registradas cerca de 150 mil multas para motociclistas; já em 2023, esse número ultrapassou a marca de 1,3 milhão. Até julho de 2024, mais de 638 mil autos de infração já haviam sido emitidos. A maioria das multas está relacionada ao não uso ou uso inadequado de equipamentos de segurança, como o capacete, que responde por 43% das infrações. O uso do capacete, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é fundamental para a segurança, podendo reduzir o risco de morte em 37% e de lesões graves na cabeça em 69%.

As motocicletas também estão envolvidas em um grande número de acidentes. O estudo mostra que esses veículos são responsáveis por 25% dos sinistros e mais de 30% das fatalidades no trânsito, números que reforçam a necessidade de políticas públicas que promovam a segurança viária. O relatório sugere estratégias de mobilidade adaptadas para melhorar a segurança, com foco especial em motocicletas, motonetas e ciclomotores.

Fonte: AgênciaBrasil.