Volkswagen Falhou? Novo VW Tiguan 2026 volta menos potente ao Brasil

A Volkswagen confirmou o Tiguan 2026 no Brasil, importado do México, maior e mais tecnológico, mas com motor 1.4 TSI de 150 cv, abaixo do desempenho que marcou gerações anteriores.
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A Volkswagen confirmou oficialmente que a nova geração do Tiguan será lançada no Brasil em 2026. O anúncio foi feito durante o balanço de fim de ano da marca e marca o retorno do SUV médio ao mercado nacional após um período fora das concessionárias. O modelo chegará importado do México, onde já está em produção e à venda.

Retorno do SUV médio ocorre dentro de novo ciclo de investimentos

O Tiguan 2026 retorna ao Brasil vindo do México, com novo design, mais espaço e tecnologia, porém mantém o motor 1.4 TSI de 150 cv e abandona a proposta mais esportiva do passado.

A confirmação do Tiguan está inserida no plano de investimentos de R$ 20 bilhões anunciado pela Volkswagen em 2024 para a América do Sul. Até 2027, a montadora prevê o lançamento de 21 novos produtos na região, sendo 18 deles destinados ao mercado brasileiro.

Segundo a empresa, o desempenho comercial em 2025 sustenta a estratégia. A projeção é de mais de 550 mil veículos produzidos no Brasil e na Argentina ao longo do ano, reforçando a aposta em novos modelos e na renovação do portfólio.

Não é exatamente uma falha técnica, é uma decisão estratégica

A Volkswagen confirmou o retorno do Tiguan ao Brasil em 2026. O SUV médio volta importado do México, encerrando um hiato nas lojas e reposicionando o modelo no mercado. Mas há um detalhe que muda tudo.

A Volkswagen optou por trazer o Tiguan 2026 ao Brasil com o motor 1.4 TSI de 150 cv por custo, homologação e escala. É um conjunto já produzido em volume, conhecido da rede e mais barato de manter competitivo em preço.

O problema é de posicionamento. O Tiguan já foi vendido aqui com motor 2.0 TSI de 211 cv e tração integral. Ao voltar menos potente, ele perde apelo para um público que associava o modelo a desempenho acima da média do segmento.

Em um mercado que hoje tem SUVs médios mais potentes, híbridos e até eletrificados, a escolha pode soar conservadora demais. Não é erro de engenharia, mas pode ser um erro de leitura de mercado se o preço não compensar.

Nova geração cresce e muda proporções

O novo Tiguan é maior que o anterior. Cresceu no comprimento e na largura, ganhou mais entre-eixos e promete mais espaço interno. A proposta agora é conforto e tecnologia. Só que isso vem com um custo oculto.

A terceira geração do Tiguan chega maior em relação ao modelo anterior. As dimensões divulgadas para o modelo produzido no México indicam um SUV mais próximo dos concorrentes diretos do segmento médio.

Em relação ao Tiguan anterior vendido no Brasil, o novo modelo ganhou 8 centímetros no comprimento e 2 centímetros na largura, o que tende a refletir em mais espaço interno, especialmente para os ocupantes do banco traseiro.

Motor conhecido deve ser mantido no Brasil

No mercado mexicano, o novo Tiguan 2026 é oferecido exclusivamente com o motor 1.4 TSI de 150 cv, já utilizado em outros modelos da Volkswagen vendidos no Brasil, como T-Cross, Taos e Virtus. A expectativa é que essa mesma configuração seja adotada no lançamento nacional, já que o conjunto está homologado e amplamente difundido na linha da marca.

A escolha, no entanto, não é unânime entre consumidores. O Tiguan já foi vendido no Brasil com motor 2.0 TSI de 211 cv e tração integral, configuração mais potente e alinhada ao posicionamento do modelo em gerações anteriores. A permanência do 1.4 turbo pode gerar comparações diretas com concorrentes mais novos, incluindo SUVs de marcas chinesas que apostam em conjuntos mais potentes ou eletrificados.

Versões e preços ainda não foram divulgados

No Brasil, a Volkswagen deve manter o motor 1.4 TSI de 150 cv. É o mesmo usado em T-Cross, Taos e Virtus. Funciona bem, mas não empolga em um SUV médio. E isso pesa na comparação.

A Volkswagen ainda não confirmou quais versões serão oferecidas no Brasil nem os preços oficiais do novo Tiguan. No México, o SUV é vendido nas configurações Trendline, Comfortline e R-Line.

Em conversão direta, os valores praticados no mercado mexicano variam aproximadamente entre R$ 170 mil e R$ 219 mil. Para o Brasil, a expectativa é de preços mais elevados, considerando impostos, posicionamento de mercado e o fato de o modelo ser importado.

Interior aposta em mais tecnologia e telas maiores

O novo Tiguan adota a linguagem de design mais recente da Volkswagen no interior. O destaque principal é a central multimídia flutuante de 13 polegadas, com compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay. O painel de instrumentos é totalmente digital e configurável.

O acabamento combina couro e tecido com textura, enquanto os comandos seguem o padrão visual já visto em lançamentos mais recentes da marca, com menos botões físicos e foco na integração digital.

Europa tem mais motores, mas Brasil seguirá outro caminho

Na Europa, o Tiguan é oferecido com uma ampla gama de motorização, incluindo sistemas mild-hybrid de 48V, motores 2.0 turbo de 204 cv e 265 cv, além de versões híbridas plug-in com até 272 cv. Essas opções, no entanto, não devem chegar ao Brasil neste primeiro momento.

A Volkswagen já declarou que todos os novos produtos lançados a partir de 2026 terão algum nível de eletrificação. Entre os projetos confirmados está o primeiro híbrido flex nacional da marca, que será produzido em São Bernardo do Campo, utilizando a plataforma MQB Evo, também chamada de MQB 37. Essa tecnologia, porém, não deve estrear no Tiguan importado do México.

Lançamento marca nova fase do Tiguan no Brasil

O retorno do Tiguan ao mercado brasileiro em 2026 representa uma tentativa da Volkswagen de reposicionar o SUV médio dentro de um segmento cada vez mais competitivo. Com novo design, mais espaço e foco em tecnologia, o modelo chega para disputar espaço com rivais consolidados, mas terá como desafio justificar seu posicionamento com uma motorização já conhecida do público.

Alan Correa
Jornalista automotivo (MTB: 0075964/SP) e analista de mercado, com foco em durabilidade e custo-benefício.