O preço do diesel da Petrobras encerrou 2024 a R$ 3,549 por litro, registrando uma redução de 21,6% em comparação ao valor de R$ 4,528 por litro em dezembro de 2022. A análise foi realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em parceria com a Federação Única dos Petroleiros (FUP). Essa redução reflete o impacto da extinção da política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pela estatal entre 2016 e 2022.
Pontos Principais:
A política de PPI, extinta oficialmente em maio de 2023, baseava-se nos preços do petróleo e seus derivados no mercado internacional, incluindo custos de frete e a cotação do dólar. Essa abordagem foi substituída por uma estratégia que considera fatores internos, como a produção doméstica de petróleo, e foi favorecida pela queda do preço internacional do petróleo, além da ampliação da oferta de diesel russo com preços mais baixos. Esses fatores possibilitaram à Petrobras reduzir seus preços sem comprometer sua rentabilidade.
As refinarias concorrentes também apresentaram quedas nos preços do diesel, mas em menor proporção. Na Acelen, o preço do litro caiu 13,1%, alcançando R$ 3,7024, enquanto na refinaria Atem houve uma redução de 14,3%, resultando em um preço de R$ 4,1295 por litro no final de 2024.
O fim do PPI alterou significativamente a dinâmica de preços da Petrobras e seus concorrentes no mercado brasileiro. Com preços reduzidos, a estatal forçou as refinarias privadas a ajustarem suas estratégias para manter a competitividade. A nova política de preços da Petrobras afetou principalmente regiões como o Nordeste, onde questões logísticas favorecem o consumo de combustíveis produzidos pela Acelen.
Essa mudança de política também coincidiu com um aumento na importação de diesel russo, que oferece preços mais baixos em comparação ao produto norte-americano. Essa nova dinâmica de mercado permitiu à Petrobras manter preços competitivos sem comprometer a oferta interna de combustível. Com isso, a estatal ampliou sua participação de mercado e gerou pressão adicional sobre as refinarias privadas.
A combinação de fatores, como a queda dos preços internacionais do petróleo e a adaptação ao novo modelo de precificação, demonstrou um esforço da Petrobras em alinhar suas práticas às condições do mercado interno. O impacto dessa estratégia se reflete diretamente nos preços praticados ao consumidor final, que registraram quedas significativas.
Além do diesel, a Petrobras também reduziu os preços da gasolina e do gás de cozinha (GLP) ao longo de 2024. No caso da gasolina, a queda foi de 0,9%, enquanto o GLP apresentou uma redução mais expressiva, de 16,9%. Esses números refletem a continuidade do movimento de ajuste iniciado após a extinção do PPI.
Em contraste, as refinarias privatizadas registraram aumentos nos preços dos mesmos produtos. A Acelen, por exemplo, comercializou o botijão de 13 kg de GLP a R$ 55,8142, representando um aumento de 2,6% em relação ao preço praticado em dezembro de 2022. Para a gasolina, a Acelen aplicou um reajuste de 0,3%, enquanto a Atem registrou uma alta de 4,8%, resultando em um preço de R$ 3,7171 por litro.
Essa discrepância entre a Petrobras e suas concorrentes é resultado direto das mudanças na política de preços adotadas pela estatal. A estratégia de “abrasileirar” os preços, defendida pela gestão atual da Petrobras, busca alinhar os custos ao contexto nacional e reduzir a volatilidade associada ao mercado internacional.
A redução de preços promovida pela Petrobras e a estabilidade proporcionada pela nova política de preços geraram impactos positivos no mercado de combustíveis. A promessa de campanha do presidente Lula de “abrasileirar” os preços foi destacada pela Federação Única dos Petroleiros, que classificou a iniciativa como uma medida eficaz para atender às demandas do mercado interno.
Com preços reduzidos em todos os segmentos, a Petrobras conseguiu manter sua lucratividade e ampliar sua participação de mercado, enquanto os concorrentes privados enfrentaram desafios para se adaptar à nova dinâmica. Essa situação também favoreceu os consumidores, que passaram a ter acesso a combustíveis mais baratos em comparação com os praticados no período da política de PPI.
A análise aponta para um mercado que continua se ajustando às condições econômicas e geopolíticas, com a possibilidade de novas mudanças nos preços de combustíveis dependendo da evolução do cenário internacional. A presença crescente de produtos importados, como o diesel russo, e as condições de mercado interno devem continuar influenciando as estratégias das refinarias brasileiras.