Quem conhece a marca Audi conhece a tração Quattro

Já se passou a época em que a criação de veículos com tração nas quatro rodas representava problemas na mecânica com toda certeza. Por ter sido uma tecnologia que à época ainda era nova e pouco desenvolvida, grande parte dos veículos 4x4 costumavam apresentar defeitos.
Publicado por Alan Corrêa em História dia 30/04/2019

Já se passou a época em que a criação de veículos com tração nas quatro rodas representava problemas na mecânica com toda certeza. Por ter sido uma tecnologia que à época ainda era nova e pouco desenvolvida, grande parte dos veículos 4×4 costumavam apresentar defeitos.

Mas o tempo passou e hoje a tração nas quatro rodas não é mais sinônimo de problemas, mas sim de necessidade e conforto. Para ajudar no desenvolvimento desta tecnologia, a marca alemã Audi na década de 80 desenvolveu um novo sistema de tração nas quatro rodas que, mesmo desobedecendo as ordens de superiores de ignorar o projeto, ajudou a revolucionar esta tecnologia para sempre.

O Audi Quattro

Para entendermos o contexto da criação da tração quattro, devemos voltar ao início da década de 80, onde a tração 4×4 era limitada aos veículos utilitários e sequer era imaginado um veículo de passeio com esta tecnologia.

No mundo do rally, a tecnologia de tração nas quatro rodas era utilizada somente de forma experimental nos veículos, fazendo assim com que a Audi tivesse a brilhante ideia de criar um veículo voltado para os ralis utilizando tração integral.

Audi Quattro Turbo de 1988 (foto: Vauxford / wikimedia)
Audi Quattro Turbo de 1988 (foto: Vauxford / wikimedia)

E foi assim que a Audi em 1980 lançou o modelo Quattro, um cupê com um novo conceito de tração nas quatro rodas, utilizando a tração constantemente em ambas as rodas, tecnologia esta que ficou conhecida até os dias atuais como AWD (All Wheel Drive).

Em 1981, a Audi estreou no WRC (World Rally Championship) o modelo Quattro, mas como desenvolvimento do modelo, conquistando apenas três vitórias (marca considerada baixa para os moldes da marca na competição) mas chamando a atenção de todas as outras equipes para sua nova tecnologia.

Logo em 1982, a Audi venceu o campeonato de construtores do grupo B e, logo em 1984, mesmo com seus rivais já preparando a mesma tecnologia de tração nas quatro rodas, conquistou seu primeiro campeonato.

 Audi Sport Quattro 1983 (foto: Brian Snelson / wikimedia)
Audi Sport Quattro 1983 (foto: Brian Snelson / wikimedia)

O modelo durou até 1991, com uma tecnologia mais cansada que os rivais, porém seu final se deve ao acidente de Henri Toivonen e Sergio Cresto em 1986 com um Lancia Delta S4 com a tecnologia, fazendo assim os carros do Grupo B do WRC serem banidos, dando assim o fim do mais icônico veículo de rally da história do mundo automotivo.

Quattro de motor central

Existe uma história interessante sobre o Quattro, que serviu como base de uma das histórias mais interessantes da história do automobilismo. Engenheiros da Audi tentaram criar um Quattro com motor central, mas o projeto foi vetado pela marca e os mesmos foram obrigados a redistribuir o peso do carro de outra forma (nascendo assim o S1).

Audi Sport Quattro S1 E2 (foto: EKSRX / wikimedia)
Audi Sport Quattro S1 E2 (foto: EKSRX / wikimedia)

Mas os engenheiros ficaram frustrados com o veto de um dos melhores veículos já produzidos e decidiram fazer o veículo as escuras sem o conhecimento da matriz. Utilizando campos de provas da Porsche na Tchecoslováquia, o veículo era testado em sigilo, sendo que o projeto era liderado pelo chefe da Audi Sport Roland Gumpert.

No entanto, a história não conseguiu ficar discreta por todo o tempo e, quando o protótipo foi flagrado pela imprensa, a diretoria da Volkswagen ordenou que o protótipo fosse destruído e que toda a equipe que participou de tal projeto fosse multada.

O projeto não foi em vão, pois com a criação da categoria S no WRC o conceito do Quattro de motor central foi utilizado. No fim, todos os engenheiros acabaram sendo recompensados e Gumpert, o líder da equipe, ganhou ainda mais reconhecimento no cenário mundial após a criação de uma montadora com seu nome e a produção de um dos modelos esportivos mais rápidos do mundo: O Apollo.

Tração quattro hoje

Após o sucesso do Audi Quattro e sua tração integral, a marca decidiu continuar utilizando a mesma tecnologia em seus veículos mais novos, fazendo assim com que a tração quattro se perpetuasse até os dias atuais.

Audi
Audi

O sistema funciona desta forma: Já que existe a tração nas quatro rodas, caso as rodas de um eixo percam a aderência e comecem a patinar, a força motriz é automaticamente distribuída para o outro eixo que está necessitado, distribuindo a força de tração em 40:60 (40% nas rodas dianteiras e 60% nas rodas traseiras), mas em situações mais extremas, a distribuição pode ser de 70%da força pode ser direcionada para as rodas dianteiras e 85% para as traseiras, para assim evitar o veículo de derrapar.

Hoje a tração quattro está presente na maior parte dos veículos da Audi, sendo um dos principais diferencias da marca quando em comparação com os concorrentes. A segurança, praticidade, conforto, confiança e ao mesmo tempo prazer em dirigir fazem com que esta tração seja tão querida pelos entusiastas por carros e desejada.

Se hoje podemos contar não apenas com a tração quattro, mas com todos os outros veículos com tração integral (AWD), devemos agradecer a Audi por ter ousado em seu veículo de rally e por ter desenvolvido a tecnologia do 4×4 mais a fundo, nos presenteando com a tração quattro.

Do automobilismo para as ruas

Quattro nas corridas
Quattro nas corridas

A Audi está posicionada como uma das marcas mais esportivas do segmento premium e tem uma base perfeita para isso: o automobilismo.

Esportividade, tecnologia avançada e design emotivo são as bases para o sucesso da marca Audi. Os genes para isso vêm do esporte a motor.

quattro é um sistema de tração integral com tração permanente às quatro rodas. Se as rodas de um eixo perderem a aderência e tenderem a patinar, a força motriz é automaticamente canalizada para o outro eixo, sendo a potência do motor distribuída de forma automática e progressiva através do diferencial central autoblocante. A distribuição da força de tração é de 40:60, sendo de 40 por cento nas rodas dianteiras e de 60 por cento nas rodas traseiras. No entanto, se se afigurar necessário, 70 por cento da força pode ser direcionada para as rodas dianteiras e 85 por cento para as traseiras, a fim de neutralizar o deslizamento das rodas.

As vantagens evidenciam-se na excelente tração durante a aceleração e na segurança redobrada, graças a uma extraordinária aderência ao piso. Isto no que respeita à técnica. Mas, o que torna a tração quattro tão aliciante é a sensação de “se estar colado à estrada”, como têm referido diversos clientes Audi. Nós caracterizamo-la assim: a tração quattro oferece uma maior sensibilidade e capacidade de resposta, a par com uma segurança acrescida. O diferencial desportivo transmite a sensação de que se conduz sobre trilhos

A tração quattro com diferencial desportivo, opcional, reforça ainda mais a inimitável sensação quattro. Ao curvar, os veículos apresentam uma tendência subviradora. Trata-se de um processo natural das leis da física: um corpo em movimento opõe-se a uma mudança de direção. Os pneus e os componentes da suspensão sofrem tensões nas mudanças de direção. Ao acelerar em curva, a carga sobre o eixo dianteiro diminui, sendo transmitida menor força transversal aos pneus, o que faz com que o veículo apresente uma tendência subviradora.

Com o diferencial traseiro desportivo, que atua no eixo traseiro, o veículo apresenta um comportamento neutro nas curvas. Isto torna-se possível porque o diferencial traseiro tem duas embraiagens, uma à direita e outra à esquerda. Desta forma, assegura-se que as rodas do eixo traseiro recebem diferentes binários. As embraiagens são ativadas através de um atuador eletro-hidráulico. Em função do ângulo da direção, da aceleração transversal e da velocidade, a unidade de comando calcula a repartição do binário entre as rodas para qualquer situação. Ao curvar ou ao acelerar em curva, a maior parte da força motriz é dirigida para a roda traseira posicionada no exterior da curva, o que “empurra” o veículo para o interior da mesma, fazendo-o seguir o ângulo das rodas dianteiras. A distribuição variável entre as rodas do lado esquerdo e do lado direito ajuda a direcionar o veículo, deixando quase de ser necessário corrigir a direção no volante. Isto contribui para um controlo mais preciso e uma condução mais desportiva, bem como para uma maior agilidade e uma excelente tração.