A tecnologia de pesagem eletrônica em movimento está mudando a forma como caminhões são fiscalizados nas rodovias brasileiras. Com a implementação do sistema HS-WIM, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e concessionárias como a Ecovias do Cerrado e a Eixo SP passaram a monitorar o peso dos veículos sem a necessidade de paradas. O objetivo é combater o excesso de carga, reduzir infrações e melhorar a segurança viária.
Pontos Principais:
Desde que o projeto entrou em operação, milhares de autuações já foram registradas, apontando um problema frequente nas estradas: veículos transportando mais peso do que o permitido por lei. Esse excesso compromete a durabilidade do asfalto, aumenta o risco de acidentes e gera custos adicionais para transportadoras e motoristas. Com a nova tecnologia, a fiscalização ocorre de forma contínua, sem interrupções no fluxo de tráfego.
A inovação promete substituir gradativamente os postos de pesagem convencionais, que atualmente exigem a parada dos veículos. Com sensores embutidos no asfalto e câmeras posicionadas em pórticos, o sistema identifica o peso dos caminhões mesmo em alta velocidade. A expectativa é que a tecnologia iniba práticas irregulares e crie uma nova cultura de respeito aos limites de carga.
A tecnologia HS-WIM (High-Speed Weigh In Motion) utiliza sensores instalados no pavimento das rodovias para medir o peso dos caminhões em movimento. Além disso, câmeras em pórticos registram dados como velocidade, quantidade de eixos, altura e largura dos veículos. Dessa forma, não há necessidade de paradas para que a fiscalização ocorra.
Os dados coletados são enviados automaticamente para as concessionárias responsáveis pelas rodovias e para os órgãos reguladores, como a ANTT e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Quando um veículo ultrapassa o limite permitido, a infração é registrada e a multa é aplicada de forma automática, eliminando a possibilidade de evasão da pesagem.
A instalação do sistema exige adequações na pista para garantir a precisão das medições. As concessionárias implementaram plataformas niveladas de até 120 metros para reduzir interferências externas e garantir que os sensores funcionem corretamente. A tecnologia já está sendo testada em diferentes rodovias e pode se tornar padrão no futuro.
A fiscalização eletrônica de peso já resultou em milhares de autuações desde sua implantação. Entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, cerca de 14,2 mil caminhões foram multados na BR-364 e BR-365. O sistema revelou que muitos veículos circulam com pequenos excessos de carga, enquanto outros ultrapassam em até 40 toneladas o limite permitido.
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a multa mínima para excesso de peso é de R$ 130,16, com acréscimo para cada 200 kg excedentes. Caso o motorista se recuse a pesar o caminhão em uma balança convencional, a penalidade é de R$ 195,23. Antes da pesagem eletrônica, essa segunda opção era mais vantajosa para muitos condutores, mas agora essa alternativa deixou de existir.
A ANTT avalia a possibilidade de substituir gradualmente os postos de pesagem tradicionais pela nova tecnologia. Entretanto, ainda há desafios a serem resolvidos, como a destinação da carga excedente. Atualmente, nos postos físicos, é necessário retirar o peso excedente do veículo, algo que não pode ser feito na pesagem eletrônica em movimento. A regulamentação desse processo está em discussão.
O sistema HS-WIM já está operando em rodovias sob concessão da Ecovias do Cerrado e da Eixo SP. No trecho entre Uberlândia (MG) e Jataí (GO), a ANTT realiza testes para avaliar a viabilidade do modelo. A concessionária Eixo SP também começou a implementar o sistema na SP-310 e SP-294.
Os pontos de pesagem eletrônica foram instalados em locais estratégicos, como o km 181 e km 197 da Rodovia Washington Luís (SP-310) e o km 644 da Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294). A fase de testes já está em andamento, com acompanhamento do DER e da Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp).
A homologação da tecnologia pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) ainda está em curso. A expectativa é que a operação oficial comece no segundo semestre de 2025. O funcionamento será contínuo, 24 horas por dia, permitindo um monitoramento completo do fluxo de caminhões e do cumprimento das normas de transporte de carga.
O excesso de peso nos caminhões é um fator de risco para a segurança no trânsito. Veículos com carga superior ao limite projetado exigem distâncias maiores para frenagem, comprometem a estabilidade nas curvas e aumentam as chances de tombamentos e colisões. Além disso, o desgaste acelerado das rodovias gera custos adicionais de manutenção e pode provocar acidentes por falhas estruturais.
Com a pesagem eletrônica em movimento, o controle sobre essas irregularidades se torna mais eficiente. O sistema permite uma fiscalização contínua, desestimulando a prática de transporte de cargas acima do permitido. Para transportadores e motoristas, a regularização do peso se torna essencial para evitar multas frequentes.
A longo prazo, a expectativa é que a nova tecnologia contribua para a redução de acidentes envolvendo caminhões. Além disso, a diminuição do excesso de carga pode gerar impactos positivos na conservação das rodovias, reduzindo a necessidade de obras emergenciais e garantindo melhores condições de tráfego para todos os usuários.
A implementação do HS-WIM representa uma mudança significativa na forma como a fiscalização de peso é conduzida no Brasil. Caso os testes sejam bem-sucedidos, o sistema pode substituir gradativamente os métodos tradicionais, garantindo maior eficiência no controle das cargas transportadas.
Além disso, a digitalização do processo de pesagem pode levar a novas regulamentações no setor de transporte. A questão da destinação da carga excedente ainda precisa ser resolvida, e os órgãos responsáveis estudam alternativas para lidar com esse desafio.
Com o avanço da tecnologia, a tendência é que a fiscalização eletrônica se expanda para outras rodovias do país. O objetivo final é garantir um transporte de carga mais seguro, eficiente e sustentável, beneficiando tanto motoristas quanto concessionárias e usuários das estradas.