Nos Estados Unidos, os carros elétricos de segunda mão sofrem forte queda de preços, e Tesla está entre as marcas mais afetadas. Esse movimento de desvalorização reflete o cenário econômico atual e uma mudança nas preferências dos consumidores por veículos de marcas de luxo, mais resistentes à perda de valor. A combinação de taxas de juros altas, acima de 10%, e um aumento no interesse por veículos europeus tem pressionado os preços de revenda de modelos elétricos, especialmente da Tesla, Polestar e outras marcas de origem americana.
Pontos Principais:
A média de preço de veículos usados caiu de US$ 29,5 mil para US$ 27,3 mil em 2024, representando uma redução de 7,5% em relação ao ano anterior. No topo dessa desvalorização está a Tesla, cujos veículos registraram queda média de valor de quase 25% em comparação com 2023, de US$ 42,3 mil para US$ 31,4 mil no terceiro trimestre de 2024. Outros fabricantes de veículos elétricos, como a Polestar, também experimentaram queda acentuada, com uma redução média de valor de 19%.
A mudança nas preferências dos consumidores também interfere diretamente na estabilidade do mercado de veículos usados. Carros de luxo, especialmente de origem europeia, demonstram maior resiliência. Marcas como Rolls-Royce, Ferrari e Bentley mantêm seus valores de revenda, contrastando com a desvalorização de veículos de origem americana e sueca, os quais têm perdido valor mais rapidamente. A preferência por veículos de alto valor agregado, como aqueles fabricados no Reino Unido, Alemanha e Itália, continua a crescer, impulsionada pela percepção de qualidade e durabilidade.
Modelos de marcas como Wagoneer, Maserati e Alfa Romeo seguem entre os mais afetados pela desvalorização, com quedas médias de valor em torno de 15%. O modelo Wagoneer, por exemplo, viu seu valor de revenda cair de US$ 70,8 mil para US$ 58,2 mil, uma redução significativa. Para outras marcas, como a Fiat e RAM, os preços de revenda também diminuíram substancialmente. A Fiat, com queda de valor de 13%, passou de uma média de US$ 13 mil em 2023 para US$ 11,3 mil em 2024.
Enquanto isso, a taxa de financiamento para compra de veículos usados mantém-se em média 11% ao ano, segundo dados da Edmunds. Apesar de uma pequena redução nos últimos meses, os consumidores encontram barreiras para adquirir veículos de segunda mão, especialmente aqueles que exigem financiamento. Essa realidade acaba favorecendo o mercado de marcas de luxo, onde a compra ocorre majoritariamente de forma direta ou com financiamentos a juros mais acessíveis.
Essa tendência sugere que a preferência dos consumidores está se movendo em direção a marcas que oferecem estabilidade no valor de revenda e baixa depreciação. Em contraste, carros mais acessíveis e de produção em massa estão entre os mais afetados, sinalizando um impacto prolongado para veículos de marcas como Jeep, Audi e Volkswagen, cujos preços também caíram no último ano. Mesmo com o interesse crescente em veículos elétricos, os preços de revenda dessas marcas indicam uma possível falta de confiança do consumidor quanto ao valor de longo prazo desses modelos, especialmente em um cenário de taxas de juros elevadas.
A desvalorização dos modelos elétricos revela um desafio importante para marcas como Tesla, que enfrenta um mercado de revenda volátil. O impacto de taxas de financiamento elevadas parece interferir diretamente na percepção de valor dos consumidores sobre esses veículos, indicando uma fase de transição para o setor de veículos elétricos no mercado de segunda mão dos Estados Unidos.
Fonte: JornalDoCarro, OlharDigital e iG.