A desvalorização silenciosa dos elétricos e o impacto no mercado brasileiro de usados

A desvalorização dos carros elétricos no Brasil tem gerado impactos nas vendas, levando consumidores e fabricantes a repensarem suas escolhas. A chegada de modelos chineses e a evolução do mercado mudaram as expectativas dos consumidores, enquanto soluções híbridas ganham destaque.
Publicado em Notícias dia 21/09/2024 por Alan Corrêa

O mercado de carros elétricos no Brasil está passando por um período de ajustes, com a desvalorização desses veículos impactando diretamente as vendas de usados. Modelos como o BYD Dolphin, que apresentou uma desvalorização menor em comparação a outros elétricos, ainda enfrentam oscilações significativas de preço.

A chegada de veículos elétricos chineses com valores mais acessíveis contribuiu para essa queda, enquanto muitos consumidores passaram a optar por soluções híbridas e híbridas plugáveis, que oferecem maior flexibilidade e facilidade em viagens, evitando as dificuldades de recarga. O tempo de revenda dos elétricos usados é mais longo, o que reforça a busca por alternativas mais viáveis.

A desvalorização de carros elétricos no Brasil atingiu 12% em 2024, afetando o mercado de usados. Enquanto isso, os veículos convencionais sofreram uma queda bem menor, de apenas 2,2%.
A desvalorização de carros elétricos no Brasil atingiu 12% em 2024, afetando o mercado de usados. Enquanto isso, os veículos convencionais sofreram uma queda bem menor, de apenas 2,2%.

O mercado brasileiro de veículos elétricos, ainda em crescimento, começa a mostrar sinais de estagnação quando se trata de modelos usados. A desvalorização dos elétricos, que chegou a 12% em 2024, conforme apontado por Eduardo Jucevic, presidente do portal Webmotors, está impactando as vendas desses veículos. Para efeitos de comparação, os carros convencionais, no mesmo período, tiveram uma desvalorização de apenas 2,2%.

Além disso, a chegada de veículos elétricos chineses com preços mais acessíveis impulsionou uma queda ainda mais acentuada nos preços de usados. Essa situação não se limita ao Brasil, já que, tanto na Europa quanto nos EUA, consumidores estão postergando suas compras à espera de preços mais competitivos. Esse cenário levou muitos fabricantes a mudarem suas estratégias e focarem na produção de híbridos e híbridos plugáveis, que oferecem a possibilidade de viajar longas distâncias sem se preocupar com a recarga de baterias.

No caso do BYD Dolphin, modelo elétrico mais vendido no Brasil em 2023, a desvalorização foi relativamente moderada. Segundo estudo da Mobiauto, o Dolphin sofreu uma queda de 9,63% em um ano, abaixo da média dos elétricos no mercado. Lançado em junho de 2023 por R$ 149.800, o preço do Dolphin, atualmente, gira em torno de R$ 135.462. No entanto, a forte desvalorização observada em janeiro de 2024, quando o valor chegou a R$ 121.013, mostra que o mercado ainda tem suas oscilações. Esse fenômeno foi parcialmente influenciado pela expectativa de lançamento do Dolphin Mini, uma versão mais acessível do modelo.

Comparando com outros modelos elétricos, o BYD Dolphin se destaca pela menor desvalorização. O Renault Kwid E-Tech, por exemplo, sofreu uma queda de 33,3% em apenas um ano, enquanto o Peugeot e-208 GT registrou uma desvalorização de 23,8%, e o Volvo XC40 de 31,8%.

A desvalorização não é o único fator em questão. O tempo médio para vender um carro elétrico usado é 26% maior do que para modelos híbridos ou movidos a combustão. Isso tem levado os consumidores a optarem por soluções híbridas, que garantem mais versatilidade, especialmente em longas viagens.

Fonte: RevistaCarro e QuatroRodas.