A história do Ford Fusion no Brasil

Carros sedans de luxo sempre mexeram com o imaginário de pessoas dos mais diversos gostos e idades. Uma combinação de conforto, luxo, potência e um visual extremamente atrativo, a fórmula perfeita para despertar desejos nos consumidores.
Publicado por Alan Corrêa em História dia 16/10/2020

Carros sedans de luxo sempre mexeram com o imaginário de pessoas dos mais diversos gostos e idades. Uma combinação de conforto, luxo, potência e um visual extremamente atrativo, a fórmula perfeita para despertar desejos nos consumidores.

Diversos modelos desta categoria que vieram ao Brasil fizeram o seu nome em uma determinada época, mas nenhum deles conseguiu o estrondoso sucesso que o Ford Fusion conseguiu. Com sua produção marcada para o final do ano, em 15 anos de produção mundial e 13 no Brasil, o Fusion foi desejo de muitos e também ajudou a alavancar este mercado, que até então era bem discreto.

Precedentes

Antes da chegada do Fusion ao Brasil em 2006, o cenário era este: Sedans eram indiscutivelmente Corolla e Civic (não que hoje isso tenha mudado), visto que até existiam sedans de maior valor e luxo, mas o valor era exacerbado/

Na metade dos anos 2000 no território brasileiro, já existiam veículos concorrentes eternos do Fusion como o Honda Accord, Toyota Camry e o Volkswagen Passat, mas por conta do alto preço pedido, os clientes que miravam este nicho de carro preferiam um Mercedes-Benz ou um Audi por conta de o valor estar muito aproximado.

Foi então que a Ford teve a brilhante ideia de trazer para terras tupinambás um sedan para competir com os sedans de luxo, mas com um diferencial: A isenção fiscal do veículo por conta de ele ser produzido no México, resultando assim em preços bem mais competitivos do que os dos concorrentes. Chegava assim ao Brasil o Ford Fusion.

Chegada da primeira geração

O Fusion começou a ser vendido no Brasil a partir de 2006 substituindo o Ford Mondeo (foto: EDUARDO SORTICA / Wikimedia)
O Fusion começou a ser vendido no Brasil a partir de 2006 substituindo o Ford Mondeo (foto: EDUARDO SORTICA / Wikimedia)

Foi então que em 2006, o primeiro Ford Fusion chegou em solo brasileiro. Com um design que chamava muita atenção à época (até hoje ainda é um veículo chamativo) com linhas bem sóbrias e definidas, casando bem com a proposta do veículo, rapidamente virou o centro das atenções do mundo automotivo brasileiro.

Quem não lembra de ver o comercial do Fusion preto com o slogan “Quem tem fez por merecer”? Essa propaganda ficou muito conhecida e, além de estar presente em diversos estudos, ajudou a alavancar ainda mais as vendas do veículo.

O Fusion veio exclusivamente na versão SEL (de topo) com um motor 2.3 de 162 cv e 20,7 kgfm de torque e uma transmissão automática de 5 velocidades. Já trazendo itens como sistema de monitoramento de pressão dos pneus, acesso ao veículo por senha numérica, 8 alto-falantes, 6 airbags, teto solar e ar condicionado digital, o Fusion já chegava completíssimo.

Com um veículo tão completo quanto seus concorrentes e com o preço mais baixo do que o deles, o Fusion rapidamente tomou o primeiro lugar de vendas da categoria.

Atualização da primeira geração

A reestilização do Ford Fusion começou a ser produzida em 2009 já como modelo 2010. A plataforma continuou a mesma (assim como as dimensões do carro), mas com alterações nos motores e câmbios (Jeremy / Wikimedia)
A reestilização do Ford Fusion começou a ser produzida em 2009 já como modelo 2010. A plataforma continuou a mesma (assim como as dimensões do carro), mas com alterações nos motores e câmbios (Jeremy / Wikimedia)

Mas as marcas rivais não ficariam de braços atados vendo o sucesso do Fusion, sendo que a chegada da primeira geração do Hyundai Azera com motor V6 mexeu bastante com o mercado, fazendo com que o Fusion precisasse se reinventar para retomar a liderança.

Foi então que em 2009 a Ford anunciou um facelift no Fusion, mudando algumas características estéticas como a grade frontal, os faróis e as lanternas traseiras. Outros itens passaram a integrar o Fusion como o ar condicionado dual-zone, controle de tração e estabilidade além do sistema de entretenimento Ford Sync, a central multimídia que a Ford utiliza até hoje.

Mas as principais mudanças foram na questão da motorização. Agora, o modelo contava com um motor 2.5 de 173 cv e 22,9 kgfm de torque e um novíssimo 3.0 V6 de 243 cv e 30,8 kgfm de torque para poder competir com o Azera.

Outra motorização que ficou conhecida foi o motor 2.5 híbrido, sendo então o primeiro carro da categoria no Brasil a trazer tal tecnologia.

Segunda geração

Em 2013, a Ford anunciou um modelo totalmente novo do Ford Fusion, que segue o novo padrão visual da companhia originado do conceito Ford Evos. No Brasil seu único opcional é o teto solar.
Em 2013, a Ford anunciou um modelo totalmente novo do Ford Fusion, que segue o novo padrão visual da companhia originado do conceito Ford Evos. No Brasil seu único opcional é o teto solar.

Com o modelo já tendo passado por uma leve mudança, a Ford decidiu inovar radicalmente e lançar em 2013 a segunda geração do Fusion, afinal, a nova geração do Azera representava muito perigo para as vendas da Ford visto o visual bem arrojado.

A Ford deixou de lado por completo a sobriedade do visual e apostou em um estilo mais esportivo e agressivo, fazendo com que o Fusion desta geração seja lembrado como um dos sedans médios mais bonitos. Sua tecnologia embarcada também impressionava muito, contendo todos os itens da versão passada, porém atualizados além de adicionais como o aquecimento e resfriamento de bancos.

Suas motorizações que chegaram até aqui foram a 2.5 de 167 cv e 23,4 kgfm de torque e o novíssimo 2.0 EcoBoost de 248 cv e 38 kgfm de torque, além da clássica versão híbrida utilizando um motor de 2 litros.

Suas versões que chegaram por aqui foram a SE, Titanium (4WD, AWD e Hybrid) e a SEL, chegando por aqui em meados de 2018.

Lento fim do Fusion

Mas nem tudo eram flores no caminho do Fusion. Por conta de ser um veículo mais em conta do que os concorrentes, seu preço começou a debandar, fazendo com que a desvalorização do mesmo fosse absurdamente alta. Outro fator que pesou foi justamente a onda de SUVS que está assolando não apenas o Brasil, como também o mundo.

O Fusion não deixou de ser completo, muito pelo contrário, porém seu público preferiu migrar novamente para as marcas Premium alemãs ou para SUVS. Reflexo disso foram as vendas do veículo em 2019, tendo 832 unidades comercializadas contra 3.565 do Mercedes Classe C.

Como fica a marca hoje?

Fusion Titanium
Fusion Titanium

No começo deste ano, a Ford anunciou que o Fusion sairia de linha, assim como outros veteranos da marca como Focus, Fiesta e até mesmo o próprio Taurus, veículo que foi carro-chefe dos veículos sedans da marca por décadas.

Mas tudo isso faz parte do planejamento da Ford de vender apenas SUVS, Picapes, Carros elétricos e esportivos. Novos veículos como o Territory, Escape e a volta do Bronco fazem parte deste planejamento.

No final das contas, o Fusion teve sua morte decretada não por conta de algum problema ou rejeição do público, mas por causa de que os tempos já são outros e os sedans já não tem mais tanta vez no mercado. O papel do Fusion, em seu tempo, foi concluído com (muito) louvor.

*Com informações de Webmotors e Wikipedia.