Após 25 anos de negociações, o Mercosul e a União Europeia firmaram um acordo de associação que pode alterar profundamente a dinâmica do mercado automotivo brasileiro. Entre as mudanças previstas está a redução escalonada dos impostos de importação para veículos ao longo dos próximos 10 anos, tornando os carros europeus mais acessíveis aos consumidores e pressionando as montadoras nacionais a investirem em inovação.
O imposto de importação, atualmente em 35%, será gradualmente reduzido até quase zero. Essa mudança pode facilitar a entrada de veículos europeus, conhecidos por sua tecnologia avançada e alta qualidade, a preços mais competitivos. Isso cria um mercado mais dinâmico para os consumidores, mas desafia as montadoras locais a oferecerem produtos com melhor custo-benefício para manterem sua relevância.
Segundo especialistas, a indústria automotiva brasileira terá que se adaptar rapidamente. Há previsão de investimentos em veículos híbridos e elétricos, além de melhorias na eficiência energética. Sem essa transformação, a concorrência pode comprometer a sobrevivência do setor no mercado interno e na América Latina.
O acordo também abre possibilidades para exportação de peças e componentes automotivos brasileiros para o mercado europeu, incentivando a integração em cadeias globais de valor. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), isso pode ampliar a competitividade das empresas brasileiras no cenário internacional.
Por outro lado, a União Europeia busca expandir sua presença no mercado sul-americano, enquanto o Mercosul foca na exportação de produtos agrícolas. A troca de interesses entre “carne e carros” reflete o equilíbrio necessário para que ambos os blocos econômicos aproveitem os benefícios do acordo.
Agricultores da França e da Itália expressaram preocupação com a concorrência do agronegócio sul-americano, enquanto montadoras europeias, como as da Alemanha, enxergam oportunidades para expandir vendas na América Latina. O tratado inclui medidas de proteção para evitar uma inundação de veículos importados, garantindo uma transição gradual.
O acordo ainda precisa passar por revisão legal e ser ratificado pelos parlamentos dos países envolvidos. Mesmo assim, ele já é considerado um marco na relação entre os blocos e um estímulo para modernizar o setor automotivo brasileiro.
A indústria automotiva no Brasil enfrenta agora a necessidade de adaptação. Empresas terão que buscar eficiência e inovação para competir no mercado mais aberto e exigente que se formará com a implementação do acordo.
Consumidores brasileiros podem esperar maior variedade de carros, com preços mais acessíveis e tecnologia avançada, enquanto a indústria nacional terá que trabalhar para se manter competitiva em um ambiente globalizado e sustentável.